terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

892 | BEM MAIS QUE INCISIVO | 04/02/19





Atravessou o silêncio, que ficou para sempre fendido.

A meio do caminho, estava eu, que trespassada por flecha invisível e certeira ... vi, e deixei que visse - o que os meus olhos também viam.  Era seu olhar perfurando o espaço, quebrando a barreira do som, sem emitir nenhum barulho, deslocando a massa intacta de ar, numa questão de milésimos de segundo, de uma forma contundente - um divisor de ares.

Varou o ar, como desbravador e colonizador de um continente.  Varou a mim, com sua ponta de estanho gelada ... ardendo, queimando ... e levou consigo uma parte minha, senti-me totalmente usurpada em minha essência, uma invasão ao meu território, parecendo-me, que depois desse olhar, já não era a mesma.


Entre a lisonja e uma profunda sensação de desconcerto, um tanto desrespeitada, por assim dizer ... fiz menção de pedir de volta o pedaço que havia sido levado, grudado à flecha perfurante do seu olhar, que seguia, ainda rasgando, rumo ao infinito ... ou a algum profundo e secreto recanto de mim.


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