terça-feira, 27 de fevereiro de 2018




TEMPO DE DESAPRESSAR

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Já não ando com tanta pressa, porque sei que um tombo ou tropeço, à essa altura pode ser cruel, meus passos são mais lentos, curtos e determinados.


Prefiro não dá-los, a aventurar-me no escuro.


De nada vale, e de nada valeu a minha pressa, foi-se o 'tempo de apressar'.


A vida tem mesmo o seu próprio, e ela não segue o meu, nem o de ninguém.


Acreditei que passos rápidos e largos, fariam a diferença para chegar onde queria.  Não fizeram, como também não me levaram onde esperei chegar.


Afinal, apreendi a lição, a vida não obedece outro tempo, que não o seu ... e mais nenhum.  Nós é que temos que aprender a lidar com a frustração e todos os outros sentimentos.


Acho que estou de frente a um espelho que reflete a minha imagem em tamanho natural, o comprimento das minhas pernas, a força dos meus braços - o quanto eu 'posso', de verdade.


A experiência - ela ilumina a estrada que deixei para trás, mas ela não é muda, possui uma voz a me dizer:  "Pra que tanta pressa?  Menos ... menos!"


É ela mesma que me fala, insistente:  "Escute o seu corpo ... veja os resultados de suas ações!  Algumas coisas ficarão por serem feitas, apesar das tantas tentativas, de todo o movimento nesse sentido.  E se forem referentes à vida alheia, esqueça!"


Entre outras coisas, ela a voz, me conforta:  "Se tivesse que ser diferente, depois de tudo o que foi feito, e ainda está 'assim' - é porque não era pra mudar!"







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A terceira fragrância
04/12/17











Nos procuramos ...
e o porquê do não encontro?
As realidades diferentes
e todas suas inerentes dificuldades!

Pelos mesmos lugares, andaremos
às escuras ou às claras
num baile de máscaras
ou na crueza das ruas!

Ouço a tua voz a clamar
ouves a minha a sussurrar
sem podermos nos tocar
nem ao menos nos ver!

O tênue limiar que nos separa
em duas existências 
de hemisférios paralelos
onde se sonha o mesmo sonho!

Achar o abraço 
que saiba abrigar
sem o medo de sufocar!

O grito do meu prazer
dançará na abóbada da tua boca
reverberando por todo teu ser
e a ele alimentará!

O teu olhar a me sondar
o que nem eu própria ...
de mim mesma conhecer!

Seremos duas fragrâncias juntas 
... e depois volatizadas
dando origem à uma terceira!

domingo, 25 de fevereiro de 2018


SONS SÓ MEUS
624







Eu não sou aquela canção que insiste em tocar na minha cabeça, mas pareço ser.  Por mais que eu tente, a esmo, encontrar a tecla do 'off', permaneço tateando às escuras e ouvindo a contragosto a mesma canção inconveniente.  

De início, foi prazeroso cantarolar algo que gosto, em melodia e letra, mas quando tal reprodução passa a ser insistente, acima de qualquer vontade que eu possa ter, começo a me irritar com a minha incapacidade de controlar os sons que 'tocam' na minha mente.  Eles se tornam intrusos e indesejáveis. 

O que gosto, passou a ser uma obsessão aos meus ouvidos internos, já que o sons não entram pelas minhas orelhas - eu mesma os coloquei lá.

Eu sei que existem aquelas músicas que 'pegam', feitas com intuito de comercialização, mas não é o caso.

Não sei quais são os comandos para me livrar dessa tortura.  Acredito que acabe se esgotando por ela mesma.  Até que uma próxima canção venha substituí-la ... e eu espero, que esta, não se torne tão teimosa quanto a outra.

Não sei também, o que é pior, uma música que se repete infinitas vezes ou um pensamento que não obedece minha ordem de sair de cena!











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Legado e herança
01/03/18
    




Os homens colonizam as terras e as mulheres, tomam delas e nelas semeiam – fecundando-as.  As terras, eles fazem produzir.  Nas mulheres, eles esperam que brotem as suas sementes – deixarão a sua descendência à posteridade, para que possam garantir a posse da mesma terra, quando não puderem mais garantir por eles mesmos, depois de mortos.

Quando os homens não gostam de suas plantações, por um motivo ou outro, eles as mandam queimar.  Podem também renegar a semente colocada no ventre da mulher, quando não gostam do que colhem.

A terra é sempre mãe – da colheita rejeitada pelo homem, ela poderia muito bem, oferecer aos animais pequenos e grandes, para que se fartassem dela.

Da semente que cresceu em seu ventre, a mulher é terra também – não renega o que nutriu – sabe que o seu fruto será útil à humanidade,  servirá aos homens, independente do que venha se tornar, será sempre 'aquele' que poderá fazer a diferença, com suas ideias e sua contribuição única para a humanidade.



sábado, 24 de fevereiro de 2018

PSI __ 78 __ Minhas considerações



A amígdala, sentinela das emoções









A amígdala faz parte do chamado cérebro profundo, no qual primam as emoções básicas, tais como a raiva ou o medo e também o instinto de sobrevivência. Básicas, sem dúvida, para a evolução de qualquer espécie. A amígdala, esta estrutura em forma de amêndoa, é própria de todos os vertebrados e se localiza na profundidade dos lóbulos temporais, fazendo parte do sistema límbico e processando tudo relacionado a nossas reações emocionais.
Na neurobiologia é quase impossível associar uma só emoção ou uma só função a qualquer estrutura, mas quando falamos da amígdala, podemos dizer sem nos enganar que ela é uma das mais importantes associadas ao mundo das emoções. É o que faz, por exemplo, que sejamos mais maleáveis do que qualquer parente evolutivo próximo, é a que nos permite escapar de situações de risco ou perigo, mas ela é também a que nos obriga a lembrar de nossos traumas infantis e tudo aquilo que nos fez sofrer em algum momento.

A amígdala e o aprendizado emocional

Vamos incluir um simples exemplo. Acabamos de trabalhar e nos dirigir ao nosso carro, estacionado em uma rua próxima; está de noite e não há iluminação. Essa penumbra nos coloca em alerta, a escuridão é um cenário que evolutivamente costumamos associar como indicador de risco e perigo; assim, apressamos os nossos passos para encontrar o carro. Mas algo acontece, alguém se aproxima e nossa reação lógica é começar a correr para fugir.
Mediante essa simples cena, podemos deduzir muitas das funções instaladas na amígdala: ela nos coloca em alerta de que a escuridão é um risco e de que essa pessoa que se aproxima também é. Mais ainda, ela cria um aprendizado novo ao deduzir, por causa do medo, que, no dia seguinte, não estacionaremos o carro nessa rua.
As lembranças e experiências com muita carga emocional fazem com que nossas conexões sinápticas estejam associadas a esta estrutura, provocando efeitos tais como taquicardias, aumento da respiração e liberação de hormônios do estresse. Pessoas que, por exemplo, possuem a amígdala danificada, seriam incapazes de detectar situações de risco ou perigo.
A amígdala nos ajuda a buscar uma estratégia adequada depois de ter identificado um estímulo negativo, mas como identificar que esse estímulo pode nos fazer dano? Por aprendizagem, por condicionamento, por esses conceitos básicos que, como espécie, reconhecemos como prejudiciais. Daniel Goleman, por exemplo, introduziu o conceito de “sequestro amigdalar”, para se referir a essas situações nas quais nos deixamos levar pelo medo ou pela angústia de algum modo que não seja adaptativo, que não é lógico e onde o desespero nos impede de encontrar a resposta adequada.


A amígdala e a memória

A amígdala também está associada às nossas lembranças e nossa memória, e são muitas as ocasiões nas quais determinados fatos estão associados a uma emoção muito intensa: uma cena da infância, uma perda, um instante em que sentimos inquietação ou medo. Quando nossos sentimentos são mais afiados, mais conexões neuronais acontecem ao redor do sistema límbico e da amígdala, e muitos cientistas estão estudando a determinação de detalhes bioquímicos que afetam esta estrutura para aplicá-los a possíveis tratamentos terapêuticos e farmacológicos para minimizar os traumas infantis.
Mas não devemos nos limitar a associar o medo com uma pulsão negativa capaz de nos causar traumas e problemas psicológicos. Pelo contrário, ele é um interruptor que nos avisa e que nos protege. É o sentinela que vem permitindo, geração pós geração, que possamos evoluir tendo como base a nossa proteção e a proteção das pessoas ao nosso redor. A amígdala é uma fascinante estrutura primitiva do nosso cérebro que cuida de nós e que nos dá uma visão equilibrada dos riscos. O medo, assim como o prazer, é essencial em nossa riqueza emocional como seres vivos.




https://amenteemaravilhosa.com.br/amigdala-sentinela-das-emocoes/






78 __ Minhas considerações


Amígdala, também tida como o ponto 'G' do cérebro, compõe o 'cérebro mamífero', faz parte do sistema límbico (recompensa).

Possuímos 3 cérebros, o reptiliano, semelhante aos dos répteis, responsável pelas funções básicas, localiza-se na parte de trás da nossa cabeça. 

O mamífero, em certo sentido algumas partes já estão presentes no cérebro dos répteis, mas foi com o desenvolvimento dos primeiros mamíferos, que essas áreas se expandiram.  Responsável pela maior destreza instintiva e pela variedade de emoções.  As primitivas raiva, medo e desejo ... evoluíram para outras mais diferenciadas e complexas.

O racional, o último passo na evolução do cérebro, se deu há cerca de 100 milhões de anos, responsável pela astúcia, linguagem verbal.  Basicamente uma compreensão maior e mais racional  das nossas emoções, passíveis de se transformarem em sentimentos.




http://www.psicologiamsn.com/2014/03/os-3-cerebros-em-sua-cabeca-curso-neurociencias-gratis.html

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018


RE_EDIÇÃO
Parâmetro
23/02/17




Narciso não vai gostar
se o espelho não lhe mostrar
a imagem,  à semelhança
de seu próprio rosto!
A verá, com certo desgosto!
Despertará desconfiança!
Incapaz dos joelhos, fletir
à face que lhe vier desmentir
... a perfeição e beleza
... sua suposta realeza!
Feio -  será por não refletir
a sua face - a de um deus
digna de enfeitar camafeus!



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018


PARA SEMPRE
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arte: anne patay






Ele era capaz de desenhar por horas, pela pele do  corpo dela.

Eram desenhos imaginários, tatuagens feitas com a ponta dos dedos, de maneira indelével e sem nenhuma dor. Podiam ser, um barquinho em alto mar, uma natureza morta, a rota de um avião, o andar de um andarilho ... qualquer coisa que ele inventasse. Talvez algum objeto tentando escapar do redemoinho, se imaginasse o umbigo como um ralo.

Desenhos circulares, arredondados, sem noção de onde quereriam chegar, apenas portadores de um tocante prazer de proximidade, numa exploração carinhosa do território - o corpo dela, que por extensão também era dele.


Na pele, não ficaram gravados, os traços ou figuras ... 
mas na alma dos dois, sim ... tudo ficou e para sempre!



terça-feira, 20 de fevereiro de 2018



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O segredo do relógio
21/02/17





O terceiro ponteiro, bem que poderia ser o bode expiatório da minha estória – de tudo o que não se deu,  ou não se passou a contento.  O responsável pelos atrasos ou adiantamentos, quando esperávamos exatamente o contrário.  Esse pequeno ponteiro, tão ágil e franzino, seria o culpado pelo mau funcionamento dos ‘tics’ e ‘tacs’ desordenados do relógio.
Apesar de não vê-lo, porque nem sempre o colocam nos mostradores, é ele quem faz o trabalho pesado – o de marcar o tempo segundo a segundo – o cavalo que puxa a carroça pesada. 

Os dois outros, só vão cedendo aos poucos,  à força que o menorzinho faz.  Cada um com seu ritmo, como se diz - a ‘seu tempo’ - expressão bem apropriada nesse caso.


O que se encarrega de marcar as horas, é o mais lento, e o que dá menos voltas durante o dia.  Por ser mais gordinho, mais pesado, maior resistência apresentaria? Sendo mais baixo, atarracado ao chão ... quero dizer à parede, ou ao mecanismo das engrenagens – seria essa a razão? 
Seria por isso?  Talvez seja pelo fato de ser o mais velho dos três!  Mas depois eu penso melhor, e chego a conclusão de que todos tem a mesma idade, nasceram no mesmo dia, mas diferem apenas na forma de se expressarem, de acordo com as suas naturezas.  Existe uma equivalência entre eles: 1 = 60 = 360.
O representante da ‘classe’ dos minutos, esbelto e atlético, responde melhor aos puxões ou empurrões. E aqui cabe uma questão -  não sei bem ao certo ... porque às vezes acho que o ‘terceirinho’ se desatrela da parelha da frente ... pra poder dar umas ‘bicas’ nos outros dois, e encorajá-los - pra que deem passos devidamente dentro do compasso ... quando não, os segura pra que não andem tão rápido.


Dizem que cada relógio marca a hora que quer ... acredito que não seja bem isso, nada é tão simples.  Ninguém imagina, o que se passa entre esses três!  Sem dúvida, fazem parte de um relacionamento não humano, mas muito complexo, estão presos ao mesmo eixo, giram em torno dele, dentro do  mesmo mostrador(casa); mas pensam, reagem e têm personalidades diferentes.  Cada um encara a passagem do tempo de uma forma, porém todos envelhecem juntos.





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Até nunca mais
21/02/17





jamie heiden




As minhas desesperanças iam ficando pelas laterais da estrada de ferro.  Iam se deitando entre os pedregulhos e as florzinhas que teimavam em crescer no chão inóspito.  Eu deixava pelo caminho, uma bagagem que não queria levar comigo.  Quanto mais de peso ficasse por lá - menos pra carregar - embora soubesse que nunca esqueceria a dor que senti.  Se existe algo em mim que é bom, é a minha memória celular - das coisas boas e das ruins também, infelizmente.

Estava fazendo o caminho de volta, sem um posterior retorno.  Esperava não mais voltar a pisar aquele chão.  Não pretendia rever aquelas pessoas, que antes haviam me avistado como um sujeito altivo de expectativas, e que agora fazia o caminho inverso, se sentindo diminuído de tamanho - parecia que eu tinha secado, algo em mim realmente secara. Uns centímetros a menos, uma cicatriz a mais. Não tinha lágrimas, não suava mais, nem tremia, embora fosse uma tarde fria de outono.  Tinha ido àquela cidade para secar minha alma, é assim que se fica velho.

Eu vi, a torre da igreja, ficando pequena, a medida que o trem se afastava.  Tudo ia passando pelas janelas sujas e embaçadas, ficando no passado. As casas, os varais, as praças, o circo, os animais, as plantações, até não mais se assemelharem com o cenário em que tudo se deu - onde eu enterrei o meu sonho - sob uma lápide muda e impessoal, sem flor, sem sombra, sem uma prece ... e agora sem nenhum pingo de choro.






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Dança do fogo
22/02/17





Rodopio em torno da fogueira, no meio da noite apagada e sem luzes.  As chamas tremulantes tentam flutuar em direção aos céus para iluminá-lo. Ouço os estalidos da madeira dilatada - ela grita antes de queimar - debaixo das línguas de fogo.  Tudo se funde numa coisa só - o chão, a madeira e as chamas crepitam em direção ao breu.

A música é mágica e não me permite aquietar, me incita a girar sobre meus pés descalços, honrando a todas as  mulheres que vieram antes de mim e  as que virão depois – a elas e as suas saias longas, seus ventres e seus fogos internos.  Numa espécie de transe, eu me deixo levar pelo ritmo e pelo brilho quente tão próximo de mim. Entreguei meu corpo aos sons. Percebo como é bom ... fazer parte da noite fria, do encantamento do fogo, do choro da madeira.  A dança primitiva dos nossos ancestrais - e o que ela me faz sentir  e ver - virarem  cinzas,  aquilo que não quero mais.

Tenho meus cabelos soltos e esvoaçantes sobre meus ombros, que se tornaram suados pelos rodopios, pelo calor e pelo ardor de meu ventre.  Sinto o amor, num movimento de subir pelas minhas pernas, a passar por dentro de mim - ele se detém um pouco mais de tempo em minhas entranhas ... e depois, e só depois, me escapa pelos braços ... para então retornar às minhas mãos e percorrer novamente o meu corpo, até entregar-se ao chão.  Sim ... nessas subidas e descidas, acaba deixando um tanto dele comigo.





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Eu por mim mesma 
20/2/17


jamie heiden



É inútil tentar fugir ou resistir.  Não se trata de ‘matar ou correr’, se trata de seguir pelo túnel - tenha ele luz ou não ... façamos em nós - a luz, ou não. 
É o momento em que nos vemos agindo, dissociados da nossa vontade.  A ‘criança’ fora colocada em nosso colo, para ser cuidada, e só de nós depende, que sobreviva ou não.  É a coisa mais clara então, depois que um ‘nevoeiro de ideias’ se dissipar sob nossos olhos.
Usarei minha eloquência para convencer a mim mesma, porque em verdade, falo o que penso mas não controlo o que o outro entende, mas devo ter um controle perfeito do que falo para mim mesma e o quanto entendo.

Eu me refiro a algo em específico, mas as mesmas palavras servem para descrever qualquer situação em que - fizemos de tudo para modificá-la, para que fosse diferente - e mesmo assim ela continua desconfortável para nós.
Não há escolha, é seguir em frente, e só seguir em frente, sem possibilidade de volta – como se a escolha já tivesse sido feita anteriormente por nós mesmos. É um ‘cabresto invisível’ muito mais eficaz do que qualquer um feito com rédeas de couro.   É o exercício da aceitação.  É usarmos nossa energia para ir adiante apenas, quando para qualquer outro movimento – que não seja à frente – nossos músculos ficarão paralisados, se recusarão em obedecer-nos.
É inútil esperar pela ‘cavalaria’. Ela não virá, nesse caso não existe.  Há só eu e eu.  A questão passa a ser essa - fazer o que tem que ser feito – e qual a melhor forma de fazer.




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Drama
19/2/16







Não corteis as árvores, sem ar e sem vento, o que moverá os moinhos?

Os grãos se perderão nos celeiros e as colheitas nos campos.  Nas cidades faltará de tudo!

A morte iminente não demorará, mas o processo anunciado será doloroso: asfixia, sede, fome, calor, desespero, caos e por fim arrependimento - quando não houver mais chance de reconfiguração.

As chuvas terão cessado, e vossos olhos querendo chorar para molhar a terra ... estarão secos, mas não cegos para verem os "portões do inferno" se abrirem.

Não vos será dado um outro planeta, porque não soubestes cuidar deste, e qualquer outro também seria por vós levado à extinção!

E podeis chamar de desgraça ou transformação, mas nunca de tragédia - porque os deuses nada têm a ver com isso - a responsabilidade é exclusivamente vossa!


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018




DELIRARE
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a arte do delírio de max ernst




Delirare ... vem de sair fora do sulco que o arado deixa ao cortar a terra.  

Assim, acontece com os pensamentos - que saem dos caminhos rasgados na mente, fugindo da normalidade e da realidade.  Delírio, propriamente dito.

A vida não se deixa conduzir por caminhos pré-estabelecidos, desejado e óbvios.  Ela se compraz mesmo, é por fluir pelos sulcos da nossa pele, ardendo e fechando as feridas que abre, marcando-a através de cicatrizes, que ficam para nos relembrar da dor.

Ou não somos bons agricultores - e teimamos em arar a terra infértil, ou o arado não é puxado só pelas nossas mãos!  Ainda não somos bons em arar, muito menos em semear ... e sem dúvida não o puxamos sozinhos. O bom é que, eu questiono ... e eu mesma respondo!

Seguindo essa linha de raciocínio - a vida está mais para delirare, do que para vivere!