quarta-feira, 30 de setembro de 2020

1229

NO PROFUNDO DOS SEUS OLHOS

30/09/20




Eu voltei àquele tempo, onde estivemos tão próximos, no banco, sob a árvore mais perfumada do parque.  O farfalhar suave de suas folhas, fazia desenhos engraçados em seu rosto e eu, estremeci, diante do mar profundo de seus olhos.  Naquele tempo, quase não tínhamos passado, carregávamos o presente em nossas mãos e o futuro se desdobrava à nossa frente, numa linha pontilhada.  Das longas conversas sem fim, só restou a sensação do bem estar que deixaram, mais a certeza, de que éramos conhecidos de muito tempo, reencontrados.

Já não temos tempo, para qualquer palavra ou beijo, que poderia ter mudado tudo, nem sei por que não aconteceu!  Em vez disso, abraçamos o futuro à frente, em caminhos distintos.  

Eu tive que voltar, mesmo sabendo que não era 'pra ser' ... eu o fiz, nem que fosse para lhe dizer, o quanto era bom estar ao seu lado, e que não há um só dia, em que não deseje, ter tido coragem de me aventurar no mar profundo dos seus olhos.



terça-feira, 29 de setembro de 2020

1228


BEM-ME-QUERO

29/09/20




Durou apenas um triz ... desenhado com giz,

depois feito de barro, seu fim foi bizarro!

Eu o vi esmorecer e desaparecer, 

em grãos levados ao vento, de soprar cata-vento.

O bem-te-vi, pousado no galho, à beira

canta uma mensagem, de forma matreira.

É pra mim que ele canta e a mim que encanta.

"Bem-te-quis" ... é o que ele me diz!

"Bem-te-quero" ... grita o quero-quero!

Bem-me-quererei ... é meu decreto-lei!







segunda-feira, 28 de setembro de 2020

1227


OBTUSO

28/09/20




Ter eloquência com as palavras, não me faz ser eloquente com a vida.

Palavras, ainda que bem colocadas, apenas descrevem; são as atitudes que nos definem e decidem, de fato, o que somos, deixam claro o que queremos.

Nem mesmo, a legitimidade de mil palavras, é suficiente para alcançar um coração obtuso; nem as imagens mais realistas, lhe desenham um sentimento ou ideia; sobretudo, quando ele se predispõe a não ouvir e nem enxergar.  Escolhe por queimar as palavras e rasgar as imagens, porque ambas ameaçam a integridade de sua insensibilidade.


obtuso - rude, de curta visão


sábado, 26 de setembro de 2020

72


UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
QUEBRA-CABEÇA
26/09/20



A convivência com outros seres humanos é um desafio constante, na vida de qualquer um.  Algumas pessoas são mais difíceis de se lidar, do que outras.  Em qualquer ambiente: no trabalho, em casa, nas amizades - podemos ter nossos pés pisando um terreno minado.

Nós também temos nossas arestas, as quais dificultam estarmos próximos, até das pessoas que mais amamos.  As pontas não se encaixam nas reentrâncias do 'quebra-cabeças' do entendimento. 

O respeito e os limites estabelecidos, garantem que as trocas sejam feitas de maneira saudável e proveitosa.  Mas nem sempre é possível ter esses requisitos, num relacionamento, seja ele qual for.  Eu diria até, que podemos considerá-los uma coisa só, ou no máximo - uns promovendo o outro - a observação dos limites, de ambos os lados, certificam o respeito mútuo.  Ambos, preservando um ao outro, de suas arestas.

Numa relação, os limites estabelecem uma área, onde eu autorizo o outro, a trafegar e avançar em minha direção, sem que invada o meu espaço - além do qual, não permito que ultrapasse, sob pena de considerar tal comportamento, como uma invasão, o que de fato se estabelece como desrespeito.  O outro, também tem direito a impor sua barreira, e é dentro do espaço externo, delimitado por essas duas barreiras, que deve se desdobrar o relacionamento, para que possa ser equilibrado e venha se firmar sobre bases sólidas.




sexta-feira, 25 de setembro de 2020

1226

SOB O PESO DO MEU CASACO

25/09/20





"Não posso levar o mundo nos ombros, se mal suporto o peso do meu casaco de inverno."

_____ FRANZ KAFKA


É isso!  Está aí, a justificativa mais justificada, para que não se queira carregar nada que não seja nosso.  

Se nas minhas próprias intempéries, as quais sou forçada a enfrentar, muitas vezes não suporto o peso da carga individual e natural, imagine querer carregar algo que não é meu e ainda esperar dar conta do recado!

Por uma falsa ideia que tenho sobre o amor e a necessidade de ter nas minhas mãos, o controle de uma situação, quantas vezes não tentei suportar ladeira acima, um fardo que não me pertenceu!  Demora um certo tempo até que eu perceba, que minha estrutura é adequada à minha bagagem e que minha prepotência me faz parecer maior do que realmente sou, que não tenho natureza sobre humana, para arcar com pesos alheios e extras.  








quinta-feira, 24 de setembro de 2020

1225


CATIVOS E LIBERTOS

24/09/20




Eu trago lá, os meus segredos, tão secretos, até para mim mesma!  Só me aventuro a andar, pelo território onde os guardo, quando estou muito corajosa - e isso não costuma acontecer com frequência.  

Sigo-os de longe, meio que, me escondendo atrás de uma pilastra, ou de uma porta entreaberta, ou qualquer barreira que me sirva como proteção.  Não posso me deixar ser vista, também temo assustar-me com seus rostos, ou quem sabe, eu é que os assuste, com a minha cara de espanto, aos vê-los. Assim, de soslaio, até que suporto ver suas silhuetas imprecisas. 

Trago-os cativos, para todos os efeitos, não tenho a coragem de olhá-los nos olhos e reconhecer, que anseiam por uma liberdade, que só eu posso dar-lhes - e disso, eles se ressentem!  Na verdade, nessa estória, não sei muito bem, quem é cativo e quem é liberto, sou tão aprisionada quanto eles.  Existe aí uma interdependência sistemática e doentia.  Por medo, acabo mantendo-os na semiescuridão, e eu em contrapartida, não consigo visualizar minha imagem refletida no espelho, com a clareza que gostaria. Eles, os segredos, funcionam como borrões e imperfeições, que distorcem a conformação da minha figura.

O certo, é que não estou preparada para encarar, o que até então julgo melhor, que permaneça oculto.  Acho que, devemos nos revelar sim, mas a revelação deve ser ministrada cuidadosamente, de forma diluída e lenta.


terça-feira, 22 de setembro de 2020

1224


DESTE PONTO EM DIANTE 
22/09/20



Escolhas e resultados não são questionáveis, ou pelo menos, não deveriam ser!  Depois de tomada a decisão e escolhido o caminho, a dúvida deveria se extinguir, por falta de possibilidades!

Por quê, que remexemos o passado, em busca de outras saídas?  Quando não nos é mais possível altera-lo?  E sabemos disso!  Deve ser por uma pré-disposição mórbida, que arrastamos conosco, pelo apego que temos a ela.  Sofrer e achar que podemos re_escolher - mudar o imutável - atesta uma parte da nossa insanidade.  O defunto já não precisa da nossa vela, ou do nosso carpir, e mesmo assim o mantemos sobre a mesa, mal cheiroso, sem sepultá-lo, negando-lhe o descanso eterno.  

Quem precisa disso, na verdade, é o nosso arrependimento, ele precisa chorar, não pelo que foi ... mas debruçado sobre as possibilidades desprezadas, tem uma vaporosa visão, do que poderia ter sido.  

Só assim, analisando as nossas decisões anteriores e seus desdobramentos, com um pouco mais de intuição e perspicácia, é que poderemos um dia, ter uma visão mais ampla e clara, de tudo o que nos é possível - mas só daqui - deste ponto em diante.  É o famoso farol, que ilumina o caminho trilhado por nós e deixado para trás - a experiência - que está mais para lanterna, do que propriamente, para farol!



domingo, 20 de setembro de 2020

1223


PENSARES E PESARES

20/09/20




Depois de algum tempo, se percebe, que é possível falar sobre qualquer assunto, desde que se use as palavras certas e bem colocadas; mas que também, as mais assertivas e claras, não nos dão garantia de serem ouvidas, nem entendidas - quando não se quer entender.  A comunicação depende da boa vontade das duas pontas, do lado de quem diz e do lado de quem escuta.  

Se aprende, que algumas vezes, é preciso ter mais coragem para ficar, do que para ir. Para tanto, é preciso procurar um ponto seguro, em meio ao caos, para fincar os pés, em solo firme, aterrar as raízes e deixar, que os ventos e os tremores nos balancem apenas o corpo; que as ideias permaneçam intactas, e que se forem afetadas, que possam ser reorganizadas, em tempo de não difundir desespero.  A flexibilidade do tronco, semelhante ao bambu, permitirá que continuemos inteiros, sem nos partirmos em pedaços. 

Os novos ares trarão novos 'pensares' e levarão os pesares para longe.  A atmosfera, depois de saneada, terá mais condição de fornecer oxigênio.  Mas é preciso que antes, se suporte a desordem dos elementos suspensos no ar, que nos congestionam as vias respiratórias e nos irritam os olhos. 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

1222

INDIVISO

18/09/20



Quisera rima com quimera!

A inverdade beira a desonestidade

porque o 'sentir' não sabe 'deduzir'.

Enquanto a dúvida assola a vida

a mesmice incita a chatice.

O pronome não substitui o nome

pois o riso tem que ser indiviso!



sentir - percepção física e emocional

deduzir - concluir por raciocínio

indiviso - inteiro, completo




quarta-feira, 16 de setembro de 2020

1221


LINHAS E ENTRE_LINHAS

16/09/20 








Um livro é um livro, para saber o que ele conta, é preciso ler, do começo ao fim, cada uma das suas páginas e capítulos. É a única forma, dele se tornar meu conhecido.  A beleza de sua capa, será apreciada ou não, pelo meu olhar, segundo eu queira ou consiga enxergá-la.

Assim são as pessoas, é preciso lê-las nas suas linhas e entrelinhas, em todo o seu conteúdo, para que se possa dizer - se correspondem à uma bela capa.  Por linhas, eu entendo, como sendo, o que as pessoas nos contam.  Por entrelinhas, eu considero, aquilo que não nos dizem, mas afirmam ou negam, através de seus comportamentos.  Invariavelmente, são as entrelinhas, que nos revelam mais coisas e nos permitem maior conhecimento sobre cada ser.

Conhecer o prefácio ou o capítulo final de um livro, não me torna conhecedor de toda a sua estória.  É bem provável, que me escape, algum fato ou detalhe importante - que na pressa ou na ânsia de terminar a leitura - esteja contido entre os capítulos que desprezei, e que seja crucial para o meu entendimento.

Para 'lermos' uma pessoa, é necessário igualmente, como para ser ler um livro -  uma mente e um coração abertos, que nos dão a coragem de conhecermos seus princípios, os pormenores a respeito de seu caráter e as razões que impelem seu comportamento - via de regra - esbarramos nos ditos 'defeitos alheios', tão incômodos, por reconhecermos, serem nossos também.

Para se ler um livro ou pessoa, é preciso determinação e um tanto de paixão, pelo que se descobre: o que pode nos ser revelado nas folhas abertas ou na convivência estreita.



terça-feira, 15 de setembro de 2020

1220

CAMA E MESA, FRIO E FOME

15/09/20




Quis um homem, de cama e mesa,

em quem pudesse 'sentir firmeza'.

Sem se importar com a sua fama,

faria dos nomes, um monograma!

Se acaso, ele fosse disgrama ...

(e nisso, antes, ela nunca pensou)

... no amor substantivo, ela versou.

Mas de adjetivos, se fazem as pessoas,

dos maus, se afundam as canoas,

só os bons esquentam a cama.

Quando o mau, o leite derrama ...

(no forno, o bolo não cresce)

... a fome castiga e o frio enrijece!




sábado, 12 de setembro de 2020

1219


ILÍCITA

12/09/20






Saudade dói, do que foi e do que quase foi!

Dói do que ficou, dói do que faltou!

Do que não teve e do que foi breve!

Dói na lembrança, do que ficou só na esperança!

Ah! ... saudade enganosa, saudade venosa

dói, sem de fato, ter vivido o ato!

A saudade nostálgica, tornou-se nevrálgica

e a saudade fictícia, hoje é dor sub-reptícia!




sub-reptícia - obtida de modo ilícito

arte | elena lisa colombo




sexta-feira, 11 de setembro de 2020

1218

EU TODA
11/09/20



Como toda ideia que me lateja na cabeça: sei onde começa, mas nunca sei onde vai parar ... não tenho a mínima pretensão, de adivinhar, onde esta, pode me levar.

Têm dias em que penso, que existem muitas de mim, acotovelando-se aqui dentro.  Que é impossível, todas coabitarem no mesmo espaço, que alguém tem que sair, para o resto viver em paz.  Têm também outros dias, em que sou forçada a admitir, que essa que 'teria' que sair, é justamente, aquela que mantém a minha sanidade, que possibilita que eu permaneça dentro, de verdade.  A mesma, que age como uma espécie de cola, unindo todas as outras.

São exatamente, essas divagações que me tiram o sono e o sossego.  Ao final  das contas, ninguém sai, todas ficam, forçadas a conviverem umas com as outras, a dividirem a mesma zona de desconforto, o mesmo corpo débil, o mesmo espírito inquieto.  Acho que é por isso, que conviver com outras pessoas é tão penoso.  Se o convívio com aquelas que moram dentro de mim, que me são familiares, já é tão penoso! ... imagine quanto aos estranhos, que por essa mesma razão, desconheço necessidades, limitações, intenções, humores, propósitos?  Nossa!

Talvez em algum momento, uma parte de mim saia, apenas um milimetro, para fora desta carapaça e faça uma visita, por mais breve que seja, a alguma outra dimensão paralela, quem sabe? ... para respirar uma atmosfera um pouco menos insalubre ou descobrir-se um tiquinho mais, num ambiente um pouco mais claro!

Quantas vezes já vivi e morri?  E digo isso, que o fiz, por dentro e por fora, inúmeras vezes.  Recuperei o que deu para recuperar das minhas perdas, em todos os sentidos e montei uma outra versão de mim mesma, talvez um pouco mais imperfeita, ou perfeita, quem sabe?  Quem me diz, se o que foi perdido era mesmo necessário!?

Os olhos do corpo acabam por perder sua acuidade, enquanto os olhos do espírito, ganham maior capacidade de vislumbrar adiante, com mais clareza e de compreender o que ficou para trás.  Quanto mais vergastado um corpo, mais leve fica, mais gaseado se mostra.  Quanto mais polimento recebe uma personalidade, mais lapidada se torna, com menos partes e mais harmônicas entre si.


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

 1217

JOGADOR E JOGO

09/09/20



Baixou todas as cartas, nenhuma consigo, nenhuma na manga, todas na mesa, expostas e conhecidas, mãos vazias. Isso para um jogador é a morte, apostou tudo, trazia bolsos tão vazios quanto as mãos. Fez todas as jogadas possíveis, blefou, também disse a verdade, sem chance. Tinha entrado para ganhar, era seu dia de sorte.
Armas depostas, a todas que conhecia; as que desconhecia, inclusive, se tornou íntimo delas e as perdeu também. Feriu seus conceitos, ousou alterar a conduta, no intuito de acertar, usou de meios extremos, nem assim. Não tinha mais nada. Carta, arma ou fôlego - nada. Era o fim do jogo, definitivamente. Era hora de abandonar a mesa, retirar-se do campo, esquecer a causa, deixar que as águas fluíssem do jeito que deviam, sem impor-lhes barreira ou controle - a rendição em si.

De tanto que fez, que bateu na mesa, que jogou honestamente, e não teve êxito. Vencido, aceitou que não era para ganhar, nem acertar, era apenas jogo. Sua derrota tem um propósito: mostrar-lhe quem ele é - que o jogo, é sempre, maior do que o jogador.

arte | amanda cass

sábado, 5 de setembro de 2020

1216


PEITO ABERTO

05/09/20




É uma zona franca, onde o amor se estabelece, sem se preocupar com o quanto custa, ser recebido e mantido em solo fecundo, sem se importar com os resultados favoráveis, ou com o tempo do investimento.  Por lá, pode permanecer por décadas, ou por uma vida toda, incondicionalmente, desde que os impostos acumulados não sejam cobrados, por todo o tempo de isenção, que demos ao sentimento.  Pelo tempo que julgamos necessário, dele se estabelecer e se firmar como concreto e viável.  A rentabilidade que se espera aqui, passa a ser, a de troca, dentro de um ambiente de respeito e consideração, que possibilite crescimento e contentamento.
 
Mas quando se torna oneroso, é preciso que o coração e a razão falem a mesma língua.  Os neurônios de um, devem se entender com os do outro, a conversa precisa ser franca e corajosa, porque o entendimento é preciso que fique no meio termo.  Nem tanto ao pensamento, nem tanto ao sentimento. O coração, que começa a se ressentir, passa a afetar a abertura do peito, forçando-o a se fechar.  Ao mesmo tempo, a razão inconformada com o quanto que se cobra e o quanto que se recebe, passa a interferir na isenção concedida.

Para que o peito se conserve aberto, é preciso que ele possa confiar, que tenha razão para isso.  Para que a razão se mantenha satisfeita e no seu devido lugar, é necessário, que ela seja atendida, no mínimo de suas reivindicações sentimentais.



arte | catrin welz-stein


1215


CORINGA OU ZEN?
05/09/20




De frente ao meu armário aberto, vejo o quanto eu tenho dependurado nos cabides, ao que, nem ando tendo a possibilidade de usar, porque saio pouco, ultimamente, muito pouco - e esse muito pouco, é pouquíssimo mesmo!

Tenho uma peça peculiar, que quando preciso me sentir bem e iluminada, ela realmente ilumina e me faz sentir que estou bem.  O por quê dela me fazer bem?  É azul, e eu não consigo pensar em ninguém, que não fique bem de azul. Tem uma estampa bem pronunciada, mas apesar das cores, nela entremeadas - quase todas - combinam perfeitamente, com o azul que prevalece, como se fosse ela toda, uma mandala, preenchida com muito bom gosto.  É uma túnica indiana, com bordados delicados de miçangas e pedrilhas, ao redor do decote vê fundo, trançado por idas e vindas de cordões finos do mesmo tecido, que o mantêm discreto. Mangas longas e fartas, escondem os braços, bem como seu corte reto e esvoaçante, apenas adivinham o corpo que a veste.  Dentro dela, eu consigo ser um ser quase livre da vaidade das formas. Essa é a minha peça do 'zen'.

Às vezes, eu quero me fazer notada, e como disse, em meio aos cabides, eu  sempre encontro o que desejo usar para esse fim, de acordo com a ocasião.  Mas eu digo, que nem sempre, eu consigo me fazer notar, porém, o que me importa mesmo, é como eu me sinto, e não como me vêem.  Se estiver me sentindo adequada, posso caminhar com segurança e elegância sobre qualquer superfície.
 
Têm também aquelas opções, uma ou duas, em meu guarda-roupa, apropriadas a muitas oportunidades.  Por serem peças neutras, me servem de 'coringa', quando eu não estou muito a fim de me decidir qual roupa usar.  Têm dias em que a prioridade é outra, que não a de me preocupar com o meu exterior.  Nesses dias, elas são perfeitas.  Nunca estarei em erro.

Existem outras, que são mais femininas, as básicas, as mais festivas, não necessariamente, com toda essa diferenciação!  Eu classifico assim, mas na verdade, se um estilista fosse classificá-las, é provável que dissesse, que todas são a mesma coisa, o que também não me importa.


arte | amanda cass

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

1214

A FLOR, A JOIA E A OBRA

04/09/20




Desabrochara-se, desconhecida de sua beleza.  Sobrevivida de um canteiro inóspito, 
de maltrato por mão grosseira e inábil, entre excessos inclementes e faltas dolosas - resistiu.

A partir da gema, lapidara-se em preciosidade, capaz de luzir ao sol, porém fora guardada numa caixa, dentro de uma gaveta, ao abrigo da luz.

Fora feita, uma obra perfeita, mas extirparam-lhe os braços, pretextando imperfeição, negando-lhe exibição.

Ainda conserva algum viço.  A joia abandonou a caixa e a gaveta.  A obra recuperou seus braços, ganhou uma base e mostra-se ao mundo.




quarta-feira, 2 de setembro de 2020

1213


É O QUE HÁ!

02/09/20



De tanto pedir, passou-me a vontade.  De tanto falar, cansei a garganta.  De tanto esperar, foi-se o tempo.  

Não sei mais.  Não quero nada, me calo, mais nada espero, dizer ou fazer - nada mais tem sentido.  Gastei o meu tempo, sequei minha goela, esgotando as palavras.  E as minhas vontades, agora são outras.

Pedir, falar, esperar ... já nem é mais o caso!  Encerrar - é o que há!  Findou-se o ciclo, morreu a 'vitória', acabou-se a estória, fechou-se o livro.