sexta-feira, 29 de setembro de 2017



COMPULSÓRIO E FACULTATIVO _________ 532









Dispensei a margarina
mas e a estricnina
que descendo goela abaixo
eu quase me desencaixo?

Quereria agora desse cálice não beber
talvez, em outra hora sorver!

Quanto mais forte fico
mais me dói o pico!

Fácil é fazer a poda
difícil, é seguir a moda
 pra vida? difícil? não é rima.
A vida é  _oda
é coisa que não se arrima
o buraco não é em cima!

Aquele lance? ...
de um barranco pra descansar
e outro pra sombra me dar?
Sem chance ...
Os dois desabam sobre mim.
A bebida da cor do nanquim
é o veneno compulsório
que me leva ao oratório
depois ao purgatório!

Sobre o mal facultativo
digo, já é autoexplicativo.

O mal involuntário
me xinga de otário

e me é depurativo!

Dispensei a margarina
mas a estricnina???


arrima: organiza, ordena em pilha

quarta-feira, 27 de setembro de 2017




IDEIAS E CRENÇAS ________ 531










Toda ideia tem seu tempo
até que uma outra mais fresca
floresça e a ofusque
a coloque em segundo plano
ou até mesmo em desuso!

Toda crença tem sua serventia
enquanto funcione.

Depois
passado seu prazo de validade
é importante
reformá-la ou aposentá-la.

Senão, corro o risco
de vestir uma roupa que aperta
ou que me enfeia!

Seguindo um traçado
que mais me atrapalha
do que ajuda!


terça-feira, 26 de setembro de 2017



ENTRE MINGUANTE E NOVA _______ 530



arte: amanda mol



Eu como a lua
saímos à rua
mudamos de fase
trememos na base.

Ela é única
não há quatro luas
e eu não sou duas
só mudamos de túnica.

Estamos entre minguante
de luz declinante
e a fase de nova
que sempre renova.

Queremos a luz
que brilha e reluz.

O sol nos permite
explorarmos a noite
sondarmos a escuridão
conhecermos a vastidão.

Com brilho emprestado 
descobriremos o inexplorado!










APENAS HUMANA _________________ 529










Partes de mim são vidro
outras de seda
umas ferem as outras.

Tenho pedaços de aço
alguns, feitos de pedra
outros de sonho
uns tantos, em branco.

É por isso que não me defines
nem eu mesma, o faço.

Porque ainda estou a fazer
um trabalho que é meu.

Até que não existam
pedaços tão distintos entre si.

Até que tudo seja um todo
uníssono
de uma só natureza
apenas humana!




segunda-feira, 25 de setembro de 2017





RE_EDIÇÃO _____________ Ciranda - 21/12/15






arte: mila marquis




Eu não tinha mais que uns nove anos, quando fui parar na diretoria da escola.  Foi a primeira e última, a única vez!  Naquela época era o terror de todo aluno.  Meu medo era, como iria contar isso em casa... e talvez meus pais fossem chamados!  Me senti muito mal, mesmo sabendo que não tinha cometido crime algum!

Estávamos na "hora do recreio"... era proibido brincar de roda, e acreditem era mesmo, uma regra da escola.  Inocentemente, uma multidão de meninas fazíamos uma grande roda e cantávamos as cantigas tão conhecidas de todas as crianças daquela época! Bem na hora que a inspetora de alunos passava pelo pátio, eu estava no centro da roda junto com outra menina.  Foi instantânea a punição: "pra diretoria"!

Nem me lembro do desfecho da história!  Meus pais não foram chamados... mas o medo foi grande! Talvez devesse ter ido parar na diretoria mais vezes, quem sabe me acostumasse com a ideia!

Bons tempos aqueles onde "transgredir" era brincar de roda!



domingo, 24 de setembro de 2017




NORMAS E IRMAS ___________ 528








Uma ainda jovem senhora, convulsiona em 'Normas' e 'Irmas', nascidos do mar e mortíferos em terra.

A mãe que se deu e dá aos filhos, de tudo ... da terra para a origem e do ar para manutenção e preservação de toda a vida ... da água para dessedentar as bocas e do fogo para aquecer o alimento – está agora – revolvendo suas entranhas, pelo desgosto dos filhos ingratos. O magma quieto há muito, dá sinais de erupcionar, a qualquer momento, ameaça-nos com sua ira contida.

Como toda mãe, chora em silêncio, impotente, a desobediência, as más escolhas e o infortúnio dos filhos.








sábado, 23 de setembro de 2017





  RE_EDIÇÃO ______________________ Profundo - 23/06/07 











                                                                       

              O espelho d'água reflete sua imagem invertida.

         Uma calma aparente.

                Vez ou outra se agita, por comandos invisíveis.

                 A sombra das folhagens fazem desenhos em seu rosto...

                Formas abstratas...

               Seria preciso perfurar essa pele d'água 

             e mergulhar no profundo,

     para conhecer sua verdadeira face!

                    



UNO POR QUÉ _______________________ 527






527
UNO POR QUÉ
22/09/17
Cuando yo haya terminado, usted puede considerarse muerto. Tengo que hacer, para matar un dolor, muy grande, que sólo yo siento. De todas las mañanas en que me recordó cómo era imposible vivir bien, aunque yo quisiera recomenzar.
Yo usaré un arma blanca, su preferida, afilada, cortante, silenciosa y con el mismo poder de desgarramiento que sus palabras tienen.
Yo cortaré sus bolsillos, para que todas sus monedas guardadas caían al suelo, así como cayeron mis sueños.
Yo rasgaré su pecho - quiero y necesito encontrar la causa de la frialdad e indiferencia, ella puede estar en la naturaleza de la materia que es hecho.
Si tengo oportunidad, yo nada encontrar, mandaré su cerebro a la ciencia, rebanado, para ser examinado - algún indicio debe ser encontrado, tanta crueldad debe tener uno por qué!


desgarramiento: rasgando, cortando
bolsillos: bolsos
rebanado: cortado, fatiado


sexta-feira, 22 de setembro de 2017




O CERNE DA QUESTÃO _________________ 526












Tocou-me, num toque de derme

que não me chega  ao cerne.

É estranho ... que o desejo hiberne? 


Sou feita de muitas camadas

que precisam ser desdobradas

algumas ainda não descobertas

e a serem ... por atitudes assertas.


Passou ao largo da essência

deixou uma certa pendência

de quem falhou na gerência!


Pura questão de gestão!













A CAMA E A FAMA _______________ 525







Da cama pela manhã, ando saindo
já pensando quando à ela voltar.
Mas também estou sabendo
que pouco vai adiantar
à noite - a ela retornar.

Eu vou de novo nela me deitar
e meu sono vai continuar
quando a noite acabar.

Não sei quem é o dono
do cansaço ou do sono
- o corpo ou o espírito - 
de quem já está conscrito.
Não sei!  Enrolei!

Tudo por causa da minha 'fama'?
Ou será culpa da cama?




quinta-feira, 21 de setembro de 2017






COMUNICADO _______________________









Bom dia a todos!

Quero agradecer a fidelidade e constância de meus leitores!


Hoje completei 50.000 visualizações!


Uhuuu!!!







PREFÁCIO ________________________ 524




arte: oscar alvarez pardo





Estou ressurgindo
ao inverno seguindo
dele mesmo advindo.

Sobrevivi ao rigor do desgosto
venci os ventos gelados
o sentimento oposto
dos galhos pelados.

As folhas sacudidas
me foram concedidas
em tapete farto e macio.
Elas me foram prefácio!

Sou uma nova estória
renasço em outra flor
seduzo um beija-flor
festejo fresca vitória!






Sonia Paulo






"A verdade da mentira"
Como é doce e atenuante a mentira
Como magoam as palavras sinceras
Que ditas num momento de ira
Dizem tão mais que aquilo que esperas
Nem sempre é nocivo viver na fantasia
Num mundo adornado, imaginário
É que a realidade não é bem o que eu queria
Está tudo trocado, tudo ao contrário
Pois nada é o que é na verdade
Uma certeza é sempre um talvez
É o Éden da falsidade
Nada é como realmente vês
Então passo por aqui só para espreitar
E regresso ao meu mundo de faz de conta
E não, não penso em ficar
Pois para esta realidade ainda não estou pronta
Sonia Paulo

quarta-feira, 20 de setembro de 2017





VERDADE E JUSTIÇA _________________ 523









Atiraste-me ao rosto
a ‘verdade’- a tua
é fato!
A ti - 'a mais pura'
 a mim - suposta e dura.

O fizeste
com tamanha força
de tanta vontade
que a marca
varou-me a carne.

Tudo resultado
da misericórdia parca
que teu coração abarca.

Logo tu, que não suportas
ouvir uma meia palavra
arranhando uma ‘tua’ verdade!
Estranho não é?
que tu te dês o pleno poder
de seres aquele que acusa
o juiz e o carrasco!

Definitivamente
há algo errado
com teu senso de justiça!




RE_EDIÇÃO ___ Ela: poesia! ... e ele? ... não lê! - 20/09/16








Nem um pouco afeito à poesia, poema, verso ou prosa
... muito nenos às letras!  Afeito?  Só aos números!
Desde que grandes, necessariamente concretos
e que encham as mãos!
E tenham formas volumosas ... aí sim, ele entende!

Ele até junta as letras, mas depois não sabe
o que fazer com as palavras, não compreende,
não as retém ... nada significam!

Ela?  Poesia ... mulher de letras!
Ele? Capital e real ... homem de números!

Números e letras combinam em cabeçalhos de cartas - as antigas, relatórios, obituários, listas de compras, diários de classe também antigos, em abaixo-assinados, orçamentos ...

Em poesia?  Nada a ver, nem mesmo nas modernas!
Letras são puro sentimento que não se convertem
em números ...  em símbolos talvez 
... em flores, em declamações!
Mas nunca -  em gráficos, cálculos, rendimentos!
As letras descrevem situações, emoções!
Pintam quadros, provocam aplausos, lágrimas!
Os números viram ... escalas, figuras 3 D - frias!

Uma pequena soma pode comprar de tudo
o que uma boca precise pra se manter
... mas não o que essa alma almeja pra viver!
Uma grande soma pode até adquirir
(se assim quiser seu orgulho e se a ‘sovina’ permitir)
... uma bela casa, ostensiva, pra residir
... mas nunca a transformará em lar pra se conviver!

Uma cama de números pontudos, pra ela
... se assemelha a uma outra de pregos!
E uma feita de letras, pra ele é inexistente, porque sabe 
que não lhe aguenta o peso, não é material pra isso
... jamais se deitará numa cama dessas!