sábado, 21 de dezembro de 2019


1103 | MERO TOMADOR | 21/12/19

Do sol, pai de toda flor
e da terra, doadora de todo amor
sou eu, não mais ... que mero tomador.

O bolor tem origem
no calor e umidade.
Ao lhe causarem a ferrugem
ao ferro, expõe sua vulnerabilidade
... o tempo e a água.
A dor, o coração deságua
quando a lâmina fria e real
fere de morte o doce ideal.

Eu, o tomador, me torno devedor
da flor, do amor, de toda cor e sabor
perante o sol e toda terra.
Aqui, a estória se encerra!


arte | asili

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

COMUNICADO DE FINAL DE ANO





Que possamos viver as festas de final de ano, de uma forma mais consciente, do seu real significado!  De quem aniversaria no dia '25' ...  e de que no dia '31', nós temos apenas uma data símbolo, para a nossa renovação, que deve ser feita a cada dia do ano!






858 | A ESSÊNCIA | 26/12/18

Quando queremos capturar e reter uma essência, que não pode ser contida, nós roubamos dela a parte mais sagrada - a sua liberdade.

Um pássaro cativo nunca se esquecerá de como é voar, porém não fará nenhum movimento nesse sentido, pois sabe que dentro da gaiola, suas asas ficariam feridas.

Ao nos assenhorarmos da beleza e perfume de uma flor, nós a condenamos à uma morte mais precoce, do que ela realmente teria.

Isso também vale para pessoas e sentimentos.





324 | A MEU RESPEITO | 23/12/16

Sou uma pessoa de letras.
Elas dançam na minha frente, chamando minha atenção.  Não sou eu que as procuro, são elas que me tentam!

Adoro uma boa música, aprecio as imagens – acho até, que pra algumas não têm palavras correspondentes, mas me perdoem – são as letras que me fazem expressar o que vai em mim.  Essa é a minha linguagem na terra.


As palavras é que me permitem revelar o que de divino já conquistei  e o que, de profano ainda guarda profundas raízes em mim.  De vez em quando, dou um voo - rasante que seja - me aventuro a subir um pouquinho só, e sair da carapaça que ainda me aprisiona!  




857 |  SEGREDOS DOS MARES | 22/12/18

Mistérios há, debaixo da terra
capazes de acenderem guerra.
Abaixo, a cem mil andares
ocultos, dentro dos sete mares
há, apesar de todos os medos
outros e maiores segredos.

Escondem a existência do ser
que meus olhos não podem ver.
Explicam a morte das baleias
abafam o canto das sereias.

Desvendariam todo enigma
romperiam qualquer paradigma
mas guardam, bem guardados
seus segredos não revelados!

Mas ainda, tem o homem 
pés de barro, que tremem 
fétido humor suarento
oca cabeça de vento
e em seu coração de sal
não cabe sabedoria abissal!






856 | MUDEI | 22/12/18

Não me procurem no meu antigo endereço.  Pois já não moro mais lá.

Não adianta bater à porta, ela não se abrirá, tampouco me enviem correspondência, eu não responderei às mensagens.

Já não estou lá, a casa ficou grande e ao mesmo tempo, eu não cabia mais dentro dela.  Fazia um frio tão insuportável no seu interior, que me fazia arder por dentro e querer novos ares.

Já não era mais eu, não era mais a minha casa ou as memórias que queria manter.

Não me reconhecia mais, não me sentia em casa, não me agradava lembrar do que tinha se passado.

Deixei as fotos dispostas sobre os móveis, algumas gastas, por serem de má qualidade, outras mais nítidas, mas todas ficaram pra trás.

Levei apenas o que coube na mala da minha lembrança, e de todas elas - as lembranças, conservei comigo apenas as verdadeiras, não as imaginadas.

Precisei de uma boa 'ação de despejo', porque de outro jeito, acho que não sairia.  Continuaria a retirar o pó dos móveis; a buscar nas fotos, os melhores momentos; a me espremer pra caber dentro; a me contentar, em respirar o ar insalubre e viciado, com meio pulmão.

Qualquer relógio que marque o tempo, só anda pra frente, até o cronômetro, que finge que o tempo diminui, não deixa de contar as horas que se passam.

Até as cobras mudam de pele, as palmeiras deixam anéis em seus troncos, por cada ciclo que vivem.

Se acaso nos cruzarmos na rua, talvez não me reconheça de pronto, não saiba dizer o que mudou em mim, qual detalhe na aparência ou no gesto, mas saberá que mudei e mudei-me. 






855 | GALINHA DO TERREIRO  | 22/12/18

Ciscando, de cá pra lá, ia até o final de seus limites, até que não pudesse mais ultrapassar o cercado, contornando-o por dentro.

Ela pensava que o terreiro era seu.  Tadinha!   

O que ela nem supunha, é que ela, é quem pertencia ao terreiro.  Iria até onde a deixassem ir,  comeria de tudo quanto lhe fosse dado e permitido comer.  

Era apenas uma galinha, que não possuía terreiro algum, apenas seu bico, suas penas e sua fome permanente.





593 | CAVALO BRABO | 22/12/17

A crisálida transmuta em borboleta.  A larva repugnante se converte em uma bela flor esvoaçante.

As transformações que ocorrem em nós, tanto físicas quanto da alma, são muito lentas, a ponto de não conseguirmos verificá-las no nosso corpo de um dia pro outro, senão comparando fotos antigas com as de hoje.


Quanto demoramos pra modificar um comportamento nosso, quando julgamos inadequado?  É tão difícil perceber o que começa por uma simples emoção.  De onde ela irrompe?  De que ambiente propício provém?  Como se formou e tomou as proporções que tomou?


As sensações captadas por todos os nossos sentidos, afloram em nós, na carne, sob a forma de emoções.


São cavalos selvagens, relinchantes e desembestados, não propriamente nossos ainda, que só nos levarão a algum lugar tranquilo, depois de domados.


Ah! ... quanto dói e o quanto exige de nós, colocarmos rédeas nesses cavalos brabos, quando percebemos que nos ferem ou ferem a outros!


Não podemos nos esquecer de que, alguns deles são 'puro sangue' - legítimo - e a sua proposta é exatamente, a de prover a nossa segurança e sobrevivência.


A esses, devemos permitir que permaneçam inteligentes, fortes e rápidos, mesmo depois de adestrados.


Aos demais, é de nossa responsabilidade, conhecer e reconhecer suas naturezas, pra depois adequá-los às regras da convivência.


Sabemos que o 'chicote' que porventura usamos nesse adestramento, pode ferir a nós mesmos, nas muitas tentativas, nos causando marcas, às quais reage a nossa sensibilidade.


O que deve prevalecer é a nossa determinação em permanecermos sobre seus lombos, o maior tempo possível, após as várias quedas que nos levam ao chão.


Só assim, eles serão realmente nossos!






63 | AREIA QUE CANTA | 22/12/15

A alguns poucos instantes o sol deu seu espetáculo, em sua apoteose diária, antes de se esconder atrás do horizonte.

A areia canta, ainda quente, debaixo dos meus pés, mas sinto a brisa da noite refrescar meu rosto.

A mata muda seus sons e os animais têm cantos diferentes, o mar desliza silencioso, anuncia que é hora de descanso para alguns, e de vida para outros.


Os seres da criação vão executar seus destinos, enquanto há vida, haverá movimento.


Ao homem, foi dado o dia para viver e a noite para sonhar, a ninguém mais!


323 | TANTO OUTRA, QUANTO UMA | 21/12/16


Tanto à noite quanto de dia
ela sabe bem do que me angustia!
Me espia lá do céu ...
daqui da terra, olho eu!

Da janela, inspeciono a rua
da escuridão, me espiona a lua!
Suponho me ver suspensa por uma grua!

Peço, que se aconchegue em meu ventre
e a sinto girar, para que a vida em mim - reentre!

Ela só faz – iluminar
e eu - só a imaginar ...
Como seria ter a própria luz
em vez de ficar a contraluz!
Talvez, sentar-me, nela minguante ...
ou dependurar-me na crescente!

Ambas, somos 'de fases'
formadas quiçá, pelos mesmos gases
partilhando as mesmas sínteses!





61 | CIRANDA | 21/12/15

Eu não tinha mais que uns nove anos, quando fui parar na diretoria da escola. Foi a primeira e última, a única vez! Naquela época era o terror de todo aluno. Meu medo era, como iria contar isso em casa... e talvez meus pais fossem chamados! Me senti muito mal, mesmo sabendo que não tinha cometido crime algum!

Estávamos na "hora do recreio"... era proibido brincar de roda, e acreditem era mesmo, uma regra da escola. Inocentemente, uma multidão de meninas fazíamos uma grande roda e cantávamos as cantigas tão conhecidas de todas as crianças daquela época! Bem na hora que a inspetora de alunos passava pelo pátio, eu estava no centro da roda junto com outra menina. Foi instantânea a punição: "pra diretoria"!
Nem me lembro do desfecho da história! Meus pais não foram chamados... mas o medo foi grande! Talvez devesse ter ido parar na diretoria mais vezes, quem sabe me acostumasse com a ideia!
Bons tempos aqueles. onde "transgredir" era brincar de roda!




60 | ROSELI, O TANQUINHO E EU | 21/12/15


A vilã vem primeiro, Roseli,  prima caçula de minha mãe.
O tanquinho, objeto do drama.
Eu, dona do tanquinho e vítima.
Vou contar como foi:

O tanquinho ganhei de uma outra prima, era idêntico a um de verdade, só que em tamanho bem menor... nunca vi outro igual!
Eu brincava com ele todos os dias, e depois guardava com todo cuidado, em cima de uma lata no quintal. Tinha que ser bem colocado pra não cair ... e isso eu fazia sempre, não queria que nada acontecesse ao meu brinquedo tão original!
Um dia, Roseli veio nos visitar junto com sua mãe, tia Lila.

Ela é uns dez anos mais velha que eu, já era uma adolescente, eu uma criança. Encantou-se com o meu brinquedo e quis brincar com ele. Brincamos... Pelo menos acho que brincamos. Na hora de colocá-lo no lugar, ela quis fazê-lo e fez.  Ela era maior então, devia saber o que fazia!
Sempre achei que foi de propósito ... Na manhã seguinte, não havia mais brinquedo, apenas alguns cacos de concreto espalhados pelo chão, com eles a minha tristeza!
A responsável pela destruição do meu brinquedo não tinha sido eu, que gostava tanto dele! Por muito tempo eu cuidei muito bem dele até que, Roseli viesse e acabasse com a minha alegria!
Nunca ninguém ligou pra minha raiva, mas eu fui responsabilizada por ele ter caído e se partido em cacos! Me disseram: "Também você não guardou direito, bem feito!". Foi assim que me tornei a "vítima" e ela vilã!

É tudo verdade, o tanquinho existiu e foi assim mesmo que ele se acabou, em cacos, pra minha tristeza.



322 | REGAÇO | 20/12/16


Em teus seios eu entrego
meus receios de menino!

És um regaço acolhedor, onde me refaço!

Desço ao vale 
que circunda o teu umbigo
repouso no solo o meu ouvido
a escutar os murmúrios de um rio subterrâneo
que vai dar numa caverna secreta
guardiã do mistério de toda a vida!

Faço movimentos delicados e circulares
de dedos suaves, na tua pele
ao redor do teu umbigo 
... sei que gostas!

Me deixo ficar, adormecido e embevecido
consciente de uma silenciosa
mas poderosa presença!

Grato pela paz
ainda de olhos fechados
dissociado de minha mente
eu entro a correr pela pradaria enfeitada
... ou ela entra em mim com seu perfume e
me traz o cheiro de terra molhada
a poucos passos de distância!

Seguro rente em minhas mãos
a ponta da linha do meu pensamento
ele ressona ao meu lado, quieto!
Corto assim as suas asas
temporariamente
... psiu ... deixe-o dormir!

Sinto-me, um tanto acima dele!

Já sou homem ... e tenho certeza
de que descobri onde fica

o centro do universo!






1102 | SEGUNDO O MEU CONCEITO | 18/12/19

Tinha fechado a porta e as janelas, era preciso jogar fora, tudo o que não me servia mais, tirar o pó de algumas coisas e reorganizar as que ficassem, trocá-las de lugar: as mais importantes, devendo ficar mais à mão, as menos, eu as colocaria em local de menor acesso.

Precisava fazer a minha arrumação (dentro da minha concepção e definição), porque eu não tinha mais lugar pra colocar nada novo, era urgente.

Depois de tudo arrumadinho, isto é, dentro de meu senso de limpeza e arrumação, era hora de fazer a limpeza do chão, das paredes, do teto, até das estruturas e alicerce.  

Óbvio, que minha casa não ficaria um 'brinco', porque minha noção de limpeza e arrumação, ainda não é das melhores.  Mas estava convencida e disposta a ter mais cuidado, com o que eu deixaria passar pela porta, e era preciso que limpasse também as janelas, pra que os vidros pudessem ser fiéis, na transparência do que é necessário que eu veja.


Após ter cortado os fios que os prendiam,
vi os pensamentos caírem por terra -
e ela mesma os absorveu,
até que não restasse nenhum vestígio deles.






854 | DE GRAÇA E PÃO | 18/12/18

Como se faz um ser?
Ou do quê, ele é feito?
De graça e pão!

Da graça de um pai e de mãe
dos dois juntos, não apenas um.
Debaixo de Deus e do que Ele permite. 
É o espírito se refazendo
no berço - a primeira dádiva.

Da união de dois nacos de carne
tão diminutos, mas fortes e altruístas
 que se entregam à misteriosa multiplicação
por terem sido treinados, a isso fazerem
pela programação através dos séculos.

Dão de si mesmos, do que são
em prol de um terceiro naco
muito maior do que eles dois juntos.

Os nacos de carne formados
terão fome de pão, sobretudo de graça!

Pela vida inteira, a seguir
precisarão, não só de pão - o alimento do corpo
mas da graça - o alimento da alma.
E é desse que não poderão prescindir
dos bons exemplos, no berço de 'ouro'
para desenvolverem sua própria bondade
em relação a si e aos demais.
Assim o farão, aprenderão
sob pena de se tornarem
apenas nacos de carne gigantes
fazendo coisas grandes, respirando
porém desprovidos de sentimento e afeto
por si e pelos demais.





592 | A CAVERNA | 18/12/17

Têm ocasiões na vida em que, nos vemos entalhando na 'rocha da nossa caverna', uma história de que não gostamos - mas continuamos a esculpi-la na pedra, com martelos e talhadeiras bem atuais.

Como silhuetas de grandes feras pintadas com terra colorida, pigmentos de plantas, misturados ao sangue dos animais, pra criar imagens de quase irreconhecíveis bisões, feitas por nossos ancestrais ... nós fazemos ainda, nossas inscrições às futuras gerações.


As sombras projetadas na parede da caverna, feitas pelo fogo improvisado, dão vida aos monstros, que ainda parecem ameaçar a nossa sobrevivência.


Vemos desenhos assustadores, mais os raios de uma tempestade, cortando os céus - que ainda nos assombram.

Continuamos a fugir dos mesmos bichos e de outros - e aos nossos medos se somam os medos dos que vieram antes.

Nos apercebemos ainda, de costas pra boca da caverna - muito mais do que gostaríamos de admitir.


Somos um quebra-cabeças, que depois de montado, passa a ser uma pequena parte, uma peça de um outro maior, do qual não temos senão, uma limitada e microscópica visão.


Pelo fato de ainda estarmos numa parcial escuridão, não conseguimos vislumbrar - como sairmos totalmente da caverna e verificarmos se os animais são reais, se são palpáveis, quais são as suas devidas proporções físicas e o quanto eles nos ameaçam.





321 | MEU CAMINHO, UM CAMINHO | 18/12/16

A medida que caminhei pela estrada
deixei, às margens
o que não pude carregar nos braços!

Senti-me, foi inevitável, como um ser
testado e observado em laboratório
- que faz o que faz –
- realiza o experimento –
preso dentro do vidro
sem acesso ao resultado!

As cobaias têm sentimentos!

Sigo acrescido ou diminuído de mim ...
do que foi permitido, me ser dado
ou do que pude reter!


terça-feira, 17 de dezembro de 2019




853 | CICLOS INCOMPLETOS | 17/12/18

Eu sinto, que de alguns ciclos da vida, eu não consigo sair, por mais que me esforce, me movimente querendo livrar-me, continuo dentro, conservada na parte interna de suas membranas, hermeticamente fechadas.  Como um componente de uma célula, querendo sair, boiando em algum ponto do citoplasma, mas ainda dentro dela.

arte | celia chauffrey




852 | DO MUITO A NADA | 17/12/18

Do muito, se fez pouco ...
E do pouco, menos que nada.

O verbo amável virou grito,
um lamento, um sussurro
e depois silêncio.





851 | SIM À VIDA | 17/12/18

Morreste pela minha espada.  

Nenhum movimento eu fiz, para que isso se desse, apenas eu a mantive, à frente de meu corpo, em minha própria defesa.

Foste tu, que te precipitaste contra a ponta de sua lâmina.  

Minha intenção nunca foi a tua morte, mas a preservação de minha vida.

Infelizmente, nessas condições, foi impossível de serem preservadas, as duas.


arte | agnes cecile



850 | LIBERDADE E ESCOLHAS | 17/12/18

Para cada oportunidade, duas alternativas: A) e  B).  A cada opção, uma escolha.  Ir ou ficar, embarcar ou esperar o próximo ônibus.  A cada escolha, muitas renúncias, mais do que uma.  Ficar, determina o nosso trajeto, ou não.  Embarcar, nos leva a outros percursos, imprevistos por nós.  Escolhemos sempre, mas as possibilidades é que nos escolhem, há desdobramentos, escondidos nas suas dobras, que nos surpreendem com novos dados sobre a mesma situação.

É meio que injusto isso, de uma variável se fazerem muitas? De uma encruzilhada, outras!  Como é  que pode?  Sem nenhuma garantia, de satisfação ou de devolução do tempo e energia dispendidos!


É um teste para nossa inteligência, para nossa perspicácia, para nossa paciência, em tentar novamente, reforçando a esperança, de que dessa vez - eu acerto!


Eu me pergunto, onde fica o nosso livre-arbítrio.  Geralmente, tomamos decisões, sem estarmos capacitados para tanto.   Um julgamento correto - uma decisão justa, só é possível, se estivermos munidos da autoridade necessária, que envolve: o conhecimento de todos os pormenores e circunstâncias do caso e o domínio de todas as possibilidades.  


A isso se dá o nome de discernimento, mas nem sempre estamos em condições de: identificar, compreender e avaliar, todas as inconstantes variáveis, na sua diversidade e na dimensão, que pode tomar, uma simples escolha que fazemos.  Em geral, somos crianças diante de uma vitrine de doces.