sexta-feira, 28 de abril de 2017




PSI  ___________________________________________________

Amores impossíveis




Não há porque lastimar, ficar triste ou frustrada pelas pessoas e pelas coisas saírem de nosso caminho. Pelo contrário, a vida nos faz entender que não dá para esperar que tudo seja sempre do mesmo modo. Não, não é. É ilusão e infantilidade acharmos que a vida acontece ou acontecerá do nosso jeito, exatamente como queremos.
Refletindo sobre os amores e amores de nossa vida − claro, cada um com sua peculiaridade − cheguei à conclusão de que todos, sem exceção, foram de grande importância para nosso aprendizado. Cada um deles em um momento diferente de nossa caminhada. Além dos amores cuja concretização foi possível, também existiram os impossíveis. Amores que talvez pudessem ter composto ótimas histórias e, no entanto, não aconteceram.
Depois de muito pensar sobre o assunto, não pude evitar esta conclusão: para amores impossíveis, resta-nos apenas o tempo como aliado. O tempo tudo nos mostra e esclarece. Mas será que os amores são simplesmente impossíveis ou somos nós que os tornamos impossíveis? Ou são impossíveis apenas naquele momento em que acontecem? Quem sabe? Talvez sejam as perguntas acima e tantas outras razões não mencionadas aqui que levam à impossibilidade de concretizar o afeto.
Pode ser que não dependa apenas dos envolvidos, mas também do momento de cada um e do tempo. Mas será que o tempo tem autonomia, age e se manifesta somente quando nos encontramos desatentos ou prontos para viver os tão famosos amores? Será que somos nós ou o tempo que determina a hora exata para a solução dos amores impossíveis? Será que é ele quem nos dita, nos mostra e nos prepara para os momentos das decisões e das soluções de nossos amores?
Na verdade, acho que somos nós que fazemos e decidimos tudo que se refere a nós mesmos. O tempo é apenas um coadjuvante e se alia a nossas vontades e a nossos desejos no instante em que ambos são manifestados. Porque, ao contrário de nós, o tempo é livre, certeiro, indomável, é dono de si mesmo, faz tudo do jeito que quer e determina a hora adequada. E se percebe que não estamos prontos, às vezes, nem faz nem se alia… Simplesmente se vai.


O QUE TE PERTENCE __________________________________ 442










O que te pertence


Deus me livre do vermelho enfurecido dos teus olhos.  Da tua raiva desmedida.  Tenho medo do que sai da tua boca.  Sinto que escuto o que não é dirigido a mim -  falas de ti e dos teus conflitos - enquanto canalizas a mim a tua ira, por aquilo que deixei de fazer, ou por qualquer outro motivo, me fazendo crer que sou a culpada por tua indignação e desconforto.
Cansei de viver em guerra, de hostilidades por nada, de ser teu pára-raio, de tentar entender,
porque enquanto eu ‘entender’
...  não farás nada para mudar.
Procura dentro de ti, a nascente dessa fúria, tenhas coragem de te banhares nela, admitir que dela emanam chispas e que se avolumam bem antes de se tornar o rio que passa por mim.
O que fiz foi só, espelhar e refletir, o que queres ignorar  e não aceitas como teu!
Não carregarei o teu fardo, por nem mais um segundo, entrego-te do jeito que ele é, 
nem maior e nem menor.
Tu ficas com o que é teu, eu tomo o que é meu!







DIOS ME DIO ____________________________________ 441









Dios me dio

Yo tuve la vitalidade necesaria para las fases de vida en que necesité ser ágil.  Recibí la fuerza para los momentos difíciles, en que no podría ser débil.  Dios me dio trabajo, disposición, realizaciones.


Acostumbro decir que, en algunas veces yo seguí de cuatro literalmente, noutras yo rastejei, pero conseguí avanzar, siempre. Sorprendentemente, me mantuve de pie por la mayor parte del camino - quando podría esperarse que yo permaneciera caído -  yo me levanté!

Dios dio-me amigos y socorro cuando busqué, me dio también el amor-propio cuando,  lo 'que' vendría de fuera me faltó.



terça-feira, 25 de abril de 2017




PSI  _________________________________ 27 - Minhas considerações



Não é insistindo na crítica que iremos mudar o outro mais cedo









Uma censura é uma crítica, uma reclamação sobre o outro, uma agressão disfarçada de palavras. É um monstro que se alimenta da frustração e torna-se cada vez maior com o rancor e a raiva. Tem a intenção de mudar tudo, mas seu único propósito real é descarregar tensão e destruir o outro.
Em muitas ocasiões usamos a censura ou as indiretas para reclamar de algo que não gostamos sobre a outra pessoa e esperamos que, dessa forma, ela mude seu jeito de agir. No entanto, esse tipo de críticas não incentiva a mudança, mas desqualifica a outra pessoa, fazendo com que se sinta culpada e impotente.
Quem recebe a crítica se sente atacado e sua reação imediata costuma ser a defesa, raiva ou culpa. Como o vento que vai desgastando a pedra pouco a pouco, as críticas vão desgastando o relacionamento entre duas pessoas de maneira discreta, mas contínua.

A frustração de quem critica

Dizem que os olhos são o espelho da alma, no entanto, em muitos dos casos, o que realmente reflete como nós somos não são os olhos, mas sim nossas palavras. As censuras delatam o estado de raiva, frustração, falta de habilidades de comunicação e gestão do outro.
Sua função é uma mistura de descarga emocional e manipulação do outro. Quem o realiza lança duras palavras com a intenção de que a outra pessoa mude de ideia e faça o que quem critica deseja. No entanto, estas mensagens geralmente produzem pouca mudança.
Suas causas podem ser variadas, desde pequenas ações insignificantes até censuras sobre aspectos importantes na relação. Quando ocorrem de forma isolada, não costumam envolver grandes dificuldades; o problema surge quando se tornam um hábito, e não uma exceção.

As críticas têm forma de espada, porque são longas e afiadas

Às vezes são pequenas, sutis, mas constantes, como a tortura da gota de água que cai sobre a cabeça do outro dia após dia até causar feridas graves. Outras vezes as críticas são limitadas e pontuais, mas bruscas e intensas, e causam danos que demoram muito tempo para ser reparados.
As censuras são muitas vezes estereotipadas, emocionalmente carregadas, e se repetem ao longo do tempo. Normalmente fazem referência a aspectos do passado ou ações habituais do outro, e focam a pessoa em vez de no fato.
As censuras são ataques e, em muitas ocasiões, vêm acompanhadas de palavras duras. Nas suas formas mais extremas podem ridicularizar, insultar ou ameaçar a outra pessoa, fazendo-a sentir-se impotente, triste, culpada, pouco valorizada ou insegura.

Desgasta mas não muda

Normalmente o efeito produzido é o contrário: quanto mais se reclama e se critica sobre alguma coisa, é menos provável que o outro mude. Isso distancia as pessoas umas das outras, fazendo com que a mudança e a comunicação sejam cada vez mais complicadas.
As críticas e os problemas de comunicação são muitas vezes um dos principais fatores que conduzem ao fim do relacionamento entre duas pessoas. As censuras agem como uma barreira e impedem que a relação flua adequadamente.

Há formas de comunicação menos prejudiciais do que a crítica

Se o que acontece com você é que as emoções te sufocam, você pode usar o outro como um apoio, e não como um saco de pancadas. Até mesmo se forem aspectos do outro que te causem essa frustração, você pode contar com ele, dizer-lhe com toda a calma e sem censuras como você se sente, o que te chateou e que você gostaria que acontecesse no futuro.
Transforme a censura em pedido. Não é o mesmo dizer: “Você está sempre ocupado, parece que a cada dia se importa menos comigo” do que “Sinto que ultimamente não passamos tempo juntos, sinto falta de você, acha que poderíamos fazer algo juntos essa semana?”
Algumas técnicas para transformar suas críticas em mensagens menos prejudiciais são as seguintes:
  • Os sentimentos são seus independentemente de quem os produz em você. Não culpe o outro pelo que você está experimentando e assuma suas emoções como próprias. Troque o “Você me irrita” pelo “Quando você faz isso costumo ficar nervoso”.
  • Concentre-se no presente ou no futuro em vez do passado. É mais adequado agir sobre o agora, já que este deixa possibilidade de atuação enquanto o passado nos aprisiona em uma jaula da qual não podemos escapar. É mais apropriado dizer: “Da próxima vez gostaria que você fizesse isso” em vez de “Você nunca me dá bola”.
  • Seja concreto em vez de generalizar. Uma pessoa não pode mudar o que é, mas sim o que faz. Concentrar-se nas ações concretas em vez de na forma de ser do outro ajudará a solucionar melhor o problema. Experimente um: “Hoje você está chateado, está acontecendo algo?”, em vez de um “Você é um resmungão, está sempre de mau humor”.
  • Utilize o por favor, obrigado e desculpa sem ironias. As palavras e o tom adequado podem evitar múltiplas discussões.


Na virtude de pedir está a virtude de não dar

Expressar-se adequadamente não significa que o outro tem que concordar. É possível que até mesmo com uma boa comunicação ainda existam aspectos nos quais vocês não concordem ou que você gostaria que o outro mudasse. No entanto, às vezes o encontro nem sempre é possível.
É muito mais simples o diálogo e a mudança a partir da proximidade e do apoio do que da distância e da dor. Embora às vezes duas pessoas não possam concordar, é sempre mais reconfortante transformar o outro em seu aliado, em vez de seu inimigo.



https://amenteemaravilhosa.com.br/nao-insistindo-critica-mudar-outro/





__________________________________ 27 -  Minhas considerações
A crítica nada mais é,  do que um instrumento inadequado, carregado de julgamento e cravejado de pontas perfurantes, um método invasivo de uso na tentativa de mudança do outro, que visa amenizar a frustração e a impotência de quem critica.





Alex Possato








Simplesmente, olhe para você


Aquilo que está escondido, dentro de você, não medirá esforços para ser visto. Seus medos, suas taras, seus vícios, suas mentiras, seus desvios, todos eles funcionam como seres autônomos, são energia viva, que enquanto não forem devidamente reconhecidos, percebido o valor, irão atrair todo o tipo de situação na sua vida, provocando exatamente aquilo que você menos quer ver. Seu medo irá aflorar. Sua ira, sua compulsão, sua fraqueza, sua covardia... Fugir, não adianta. Eles voltam, e voltam, e voltam... Até que você resolve parar de negá-los. De escondê-los. Deixa de recusar a amar estas partes suas que só estão clamando por inclusão e aceitação. E simplesmente olha para estas partes, como elas são. Sem querer transformar nada. Olha, simplesmente.

O processo alquímico se inicia. Aquilo que era ruim, aponta para seus dons. Sua capacidade de ter compaixão infinita. A dor se transforma em alívio. A paz se estabelece. Dentro de você. E seu entorno não demorará a manifestar a paz. Que você conquistou, com esta atitude tão pequena, mas tão necessária: olhar para você, como você é. Simplesmente olhar.



A PONTE POR ONDE O AMOR VAI E VEM _______________________ 440






'A ponte por onde o amor vai e vem'


quilômetros de distância formados por puro silêncio. 

Há ‘a alguns passos do paraíso’ produzido por um simples toque. 

A ausência das palavras e dos toques causam as distâncias difíceis de serem transpostas.  Porque mais que o afastamento dos corpos, corresponde a um afastamento dos corações.  Por mais que se grite, eles não ouvem - pois estão distantes,  se tornam surdos por essa mesma razão - porque quando se grita – gritamos ao coração, e ele não quer ouvir outra coisa que não sejam palavras num tom sussurrado, bem próximo dele.

Quando nem as palavras tocam e nem os toques falam - é triste, as vias de comunicação ficam obstruídas, as pontes caem.  Não é preciso palavras para se aproximar, apenas palavras não aproximam.   Então o que dizer da importância das palavras? Tudo, a diferença entre matar ou fazer viver.

Os gestos bruscos e mudos só fazem aumentar o buraco que se abre entre as pessoas.  As palavras bruscas e fora de hora, que revelam mágoas antigas e afogadas,  ferem propositalmente para afastar. 


Palavras ferem mais que punhais.  Nenhum toque pode curar uma ferida aberta.  É preciso mais que palavras e toques - é preciso vontade e acima de tudo,  amor  e compaixão.  Todos temos terminações nervosas que respondem prazerosamente ou não, todos temos boca, para bendizer ou amaldiçoar.




PARTIDA  _____________________________________ 439





Partida



Quando você se foi, eu perdi os sentidos.  Não, eu não desfaleci!  O que digo é que deixei de sentir - como se tudo que estivera à minha volta, tivesse se apagado.  É sobre a sua partida e a forma como ainda estou ... partida.

Tive medo de que, minhas memórias – e era isso que eu tinha agora - se perdessem na noite escura do esquecimento – uma noite que não era tão escura assim como diziam. Ao contrário, ela era clara como uma folha de papel branco, onde ainda permaneço desenhada, mas sem as flores e as alegrias que emolduravam-na, elas estão aos poucos perdendo a cor, sumindo ... até não restarem senão, alguns traços calcados no papel, pela mão que os desenhou.

É assim como me sinto, só restou a minha silhueta nesse espaço, antes repleto de outros detalhes, preenchendo a cada pedaço vazio com seus motivos.

Tenho medo, na verdade, de que meus traços também se apaguem do papel, da mesma forma como se apagou o que o preenchia totalmente -  de eu ser a próxima forma a desaparecer.


Se isso for indolor, insípido e inodoro ... por mim tudo bem, eu desapareço sem resistir.  Mas não é – tudo isso é doloroso, amargo e também surpreendentemente inodoro – não há perfumes ou cheiros conhecidos.




segunda-feira, 24 de abril de 2017


MERAMENTE ÁGUAS  _______________________________ 438




Meramente águas

É impossível ouvir o barulho da chuva abundante que corre pelo asfalto, ainda assim não lembrar do meu choro quieto, que cai para dentro de mim – correndo pelos meus sentimentos a todos os cantos – e se o faz quieto, é porque cansou de chorar para fora.  

Nada é tão oculto assim.  Nada, que a um segundo olhar mais acurado não se revele.  Podem não vê-lo - por não ver mesmo ou por não querer - porque se o vir, terá que ser feito diferente – e ninguém quer mudar o jeito de fazer as coisas, por medo ou por comodismo.


Sinto como se a chuva fosse solidária a mim, caindo apenas para me arrancar do meu foco.  Mas ela não sabe, que reforça a chuva que cai dentro de mim ... e sou eu que me torno solidário à ela, por motivos diferentes é claro ... o certo é que nós dois choramos!



domingo, 23 de abril de 2017


UMA QUESTÃO DE AMOR E FÉ  _______________________ 437







Uma questão de amor e fé


Vou lhes contar uma história, uma parte dela, eu diria que é a primeira de todas, das que eu já contei e das que ainda contarei. 

Fui forjada em têmpera de fogo, desde cedo.  Me considero uma pessoa forte, mas mesmo os fortes possuem calcanhares expostos, olhos do coco, portas dos fundos e telhados de vidro.

Como dizia, muito cedo passei por um período difícil, eu não tive consciência dele, mas foi o que me contaram, eu acreditei, e  não tenho nenhuma razão para duvidar disso e nem as pessoas que viveram,  teriam para mentir.

Acredito que ainda no ventre de minha mãe, devia ter algo dificultando o meu nascimento, talvez o cordão umbilical estivesse envolto em meu pescoço, ou quem sabe tenha ficado tempo demais, sofrendo as contrações.  Quando nasci,  eu era tão escura, que perguntaram ao meu pai se havia algum antecedente negro na família -  logo eu que sempre fui ‘morena-morango’.  Não se deram conta de que eu estava roxa e não preta.

Fui considerada como prematura, embora tivesse completado os meses de gravidez.  Disseram aos meus pais que a minha moleira  - que normalmente nasce aberta para a passagem pelo canal vaginal, com a sobreposição dos ossos – tinha algo de anormal e que indicava ser uma portadora de ‘hidrocefalia’, que não sobreviveria e se sobrevivesse teria um crescimento anormal da cabeça em relação ao meu corpo.

Essas notícias levaram meus pais e familiares ao pranto e ao desespero, pois aguardavam ansiosamente pela primeira criança, dos dois lados da família.

Posso sentir o quanto fui amada desde o começo.

As coisas só se complicaram daí em diante.  Minha mãe saiu do hospital e eu fiquei, porque não tinha peso suficiente para ir para casa e tendo em vista o prognóstico dado, era melhor que eu lá permanecesse.  Minha mãe em casa, depressiva e eu só no hospital.

Foi um teste de sobrevivência, eu sobrevivi.  Apesar de todo dia alguém sempre levar o leite materno que minha mãe ordenhava, e que deveria ser dado a mim – mais tarde ficou-se sabendo que não, nem todo ele – eu perdia peso e a cada dia ficava mais certo o diagnóstico sobre minha deficiência.

Depois de um mês separada de minha mãe e da minha família, eu apresentava risco de morrer caso saísse do hospital e fosse para casa.  Mãe depressiva, pai e avós desesperados, por serem pessoas simples, não questionaram nada, aceitaram a situação e se tornaram reféns dela. Provavelmente, não podiam me ver, nem me pegar no colo, acariciar-me ou amamentar-me ao peito. 

Perplexos, não conseguiam entender o por quê de não apresentar melhoras, e o leite levado com regularidade não surtir efeito na minha recuperação.  Naquela época não havia ônibus, trem ou bonde que ligasse o bairro da Moóca, onde meus parentes viviam, ao bairro do Belém, onde ficava o hospital.  A caminhada era feita a pé, eles se revezavam, debaixo de sol e chuva, sob a expectativa cada vez menor de minha sobrevivência.

Conforme o que me contam, minha mãe me dava como perdida, que não me teria mais em seus braços, que o hospital nunca ia me devolver à ela. 

Tirando o drama, eu fiquei com a mensagem de que eu sou uma vencedora, que luto mesmo sem ter consciência de estar lutando, sou teimosa.  Venci a morte – se é que em algum momento ela foi iminente – agradeço aquelas poucas vezes em que fui alimentada, as quais possibilitaram que eu não morresse de fome e  vivesse.

Acredito que isso tivesse acontecido, não seria por falta de alimento material, mas sim pela falta de atenção, de toque e do amor declarado.

Como pessoas ingênuas que eram, minha família acreditou no que lhes foi dito ao meu respeito.  Ao final de um mês, depois  de me verem nessas condições precárias,
minha vó materna assumiu a responsabilidade de me tirar de lá, assinou um termo onde isentava o hospital de toda responsabilidade, sobre algum mal que pudesse me acontecer em casa.

Foi assim, saí de lá, segundo contam e não duvido, esquelética, com feridas por fraldas mal trocadas e com marcas de esparadrapo nas bochechas murchas para segurar a chupeta e não chorar de fome.  Imagino o quanto devo ter chorado, pedindo por minha mãe, meu pai, pelo amor a que eu tinha direito.

Parece que o começo de minha vida conta-se em meses, um mês para quase morrer e  um mês fora dele - o bastante para que eu ficasse irreconhecível, diferente daquele bebê que deixou o hospital, que voltasse a mamar ao peito com sofreguidão, recuperasse meu peso e ficar gorducha.

Devo minha sobrevivência ao amor de meus pais e familiares, à fé que tiveram em Deus, à Nossa Senhora de Aparecida e sobretudo, em mim.





sábado, 22 de abril de 2017

  

RE_EDIÇÃO ______________________________________





*O sagrado*
22/04/16


Quisera recordar-me
como lembrança vívida:
da relva fresca e úmida
sob meus pés dançantes em volta do fogo!
Não como de um  sonho,  não como mito!

Certificar-me do vento noturno e real
que enquanto rodopio 
brinca com os meus cabelos!
Muito perto de todos os elementos!
Da música que tocava os corações
e que era impossível não dançar
... não se entregar a ela!

Assegurar-me do bem intrínseco 
decidido e decretado em favor da criação
... um caminho benigno e ordenado a todos os seres!
Dentre os quais, aquele a quem dei à vida
e não quis tê-lo de volta em meu ventre
por confiar num  futuro certo e promissor ...
de ter ele a proteção de um deus
com braços e coração maiores do que os meus!

Reviver a liberdade
... de descartar 'minhas partes mortas'
... para imortalizar o que me é solene e essencial!

Permitir-me ...
integrar o ‘todo’ em mim  e
ser capaz de desintegra-me
sem receio de me perder ...
para depois achar lugar dentro ‘dele
como sendo eu mesma!