sábado, 31 de agosto de 2019

761

OUTRAS RAZÕES
31/08/18



Sabe aquela sensação de leveza?  
De que tudo está em seu lugar?
De que só pode dar certo? 
Do dever cumprido?
Pois é ... hoje não tenho!

O peso que a minha caçamba pode carregar, se excedeu há muito.  Parece que um vendaval passou e remexeu tudo: a poeira do chão, se levantou, o ar que estava suspenso desceu. Dar certo, é apenas metade das possibilidades.  Do dever, nem se fala, fico sempre devendo um restinho.  

Então a cabeça pergunta ao coração:  por que carregar tralhas, além das que são minhas?  

Meus sentidos mostram, que o vendaval vem separar, as que são realmente minhas, das que não são, mantê-las separadas é comigo. 

A razão me diz, que já tenho como certa a metade das possibilidades.  

Dever ... ah! o dever, eu me obrigo a tantos, que é impossível cumprir! 

E todo dia tem tralhas novas, todo dia faz vendaval, todo dia traz dúvida, todo dia faço bastante.



508 

LUAR AMARELO
31/08/17




Um homem de estatura mediana, sobe a escada que liga o calçadão do rio à ponte que o atravessa por cima. 

Enquanto ele sobe, degrau a degrau, a sua sombra se agiganta, projetada na parede de pedra e musgo  - sob o efeito da iluminação amarela colocada no chão, que acompanha toda a margem do rio.

O que ele é, grita por dentro, porque sabe que gritar para fora não resolve.  Porque sabe ... não há ninguém para ouvi-lo – porque não há mais ninguém com ele ... e que mesmo que estivesse acompanhado, não teria garantias de ser ouvido, caso gritasse.

É um desses lugares que só vi em filmes, nunca pessoalmente (embora não seja referência de conhecimento geográfico-político-social) mas imagino que deva ser na Europa, talvez em Paris.

O homem é um personagem saído de uma novela ou estória – mas pode perfeitamente ser uma pessoa qualquer, imersa em sua realidade – podendo ser eu ou você – qualquer pessoa que estivesse caminhando pelo calçamento muito bem feito e encerado, pelo efeito da mesma luz amarela que agora está em cima.

Como foi parar lá, não sei, talvez estivesse fugindo de alguém ou de si mesmo, talvez tenha ido fumar ou soltar umas bufas.

Não o vi quando desceu da ponte, porque o fez por outra escada, só o vi quando já caminhava pelo chão iluminado de peças bem colocadas, num cenário envelhecido. Enquanto esteve debaixo da ponte, não pude vê-lo porque nessa hora esteve às escuras, apenas pude adivinhar seu vulto.  

Quem poderia saber, o que fazia?  Tentava escutar o rio? Ou o seu silêncio, para ‘copiá-lo’? Porque, ver? Não poderia ter visto nada naquela escuridão!  Quem sabe, procurasse um portal!

Não vi de onde veio, nem para onde foi, veio da ponte, desceu por uma escada e subiu por outra, retornou à ponte, mas não sei se refez o caminho de volta ou se seguiu em frente.  Enquanto esteve ao alcance da minha visão, permaneceu na mesma margem do rio.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

 COMUNICADO __ 99.027 VIEWS





'Vamo que vamo' ... rumo aos 100.000 views!

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21 de jul de 2016, 1 comentário
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Semana
Grata a todos!

507

O INVERSO DO VERSO
30/08/17






Nada vem do nada
tudo tem começo
tudo vem de algum lugar.
Estalactites e estalagmites
são pingos e mais pingos.

Quanto tempo é preciso
pra formar um coração duro
ou deixar um sorriso escuro?

O inverso do verso
é o reverso do sonho!

Quanta inverdade
cabe numa mentira?
Quanta injustiça
faz uma revolta?
Quanta espera
se converte em decepção?

O inverso do verso 
dói ... é certo e insiste!

Quanto tempo pra se querer
fugir da raia?
sair de cena?
beijar a lona?
jogar a toalha?

O inverso do verso
é feio
é cruel ... mas real!

O inverso do verso
sou eu ao revés!



264

MAS O QUE É?
30/08/16



Em minha ‘santa’ ignorância
pensei que dor fosse só dor!

Nem pensei que a sofrência
pudesse ter cor ...
e me fizesse sentir um sabor
de algo que está deteriorado
pútrido, estragado ...
Enquanto ainda, engolido
com  cheiro muito fedido!

Sensação repugnante
... mas ainda está na minha boca!
Na traqueia, sufocante!
Pro coração, esmagadora!
Na cabeça ... coisa louca!
Pra alma, desesperadora!

Mas a alma não tem nervos?
Sensorial ou emocional ...
Faltam substantivos e adjetivos!

Ah! Não! Isso não pode ser normal!

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

1051

A VIGA MESTRA
29/08/19




É impossível andar meio passo, no lugar de alguém, que se recuse a mover-se, ainda que se esteja afundando. 

Não se pode beber água, por quem está sedento; nem se pode sorver o antídoto, no lugar do indivíduo, que mesmo envenenado, não deseje sua cura.

Não se pode convencer ninguém, que irredutível em suas ideias, não queira ser convencido. 

Como se pode dialogar com uma pessoa que acredita piamente, que seus defeitos sejam virtudes; embora suas pretensas virtudes, machuquem a todos e o afastem de tudo?  

Como mostrar a ela, a nossa dor, quando não se dispõe a sair de si mesma, por um instante ou um milímetro que seja?

Não tem como, resgatar a identidade, de alguém que se encontra perdido de si mesmo.

A viga mestra sustenta e suporta toda a sede, a dor, a solidão e a morte certa.  Em nome da resistência, perde os anéis e os dedos, porque qualquer movimento contrário às suas convicções, poderia significar um sinal de fraqueza e fazer ruir o edifício erguido com uma única pilastra, feita do mesmo material, tão inflexível quanto a viga.



1050

APRENDIZ
29/08/19





Mais vezes sim do que não, usamos um ponto de exclamação!  Se as coisas nos causam admiração, tudo bem.  E se nos causam indignação, aqui é que está a questão!

Pelo raciocínio nem sempre lógico, num bate papo monológico, quase sempre dialógico, só posso ter um resultado egológico!

Veja quantas vezes usei o mesmo ponto!  Dei início a um confronto, pedindo que se exponha - um contraponto!

Tal ponto me diz, que sou ainda um aprendiz!



monológico - referente a monólogo
dialógico - que provoca discussão
egológico - ególatra
contraponto - visão contrária

263

EU, UM ÚNICO PENSADOR EM MIM
29/08/16




Não tenho tanta certeza disso.  Juro que gostaria de ter.  A minha luta é interminável, mas não incansável, embora cansada não admito intrusos!

Tento distinguir, dentre todas as ideias que ordinariamente não ‘são’ minhas mas ‘estão’ minhas, quais delas são úteis e quais são daninhas.

Hoje é um daqueles dias em que, essa luta é particularmente mais difícil, depois de um café com tristeza, com uma dose adicional de cicuta!  Não sei muito bem o que quero pra mim, mas sei perfeitamente o que não quero mais, nunca mais!

Nessa 'casa' moro 'EU' ... não há espaço pra mais ninguém ... 'EU' em primeiríssimo lugar!

Será expulso tudo que não me convier, tudo que fizer mal à minha saúde física, mental, emocional e espiritual!  Todo invasor ... conquistador de territórios alheios - usurpador - que não toma conta dos seus próprios e ainda se acha capaz de morar no espaço do outro, será sumariamente desalojado.


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RENDO-ME
29/08/15





Rendo-me à dor! 
Depois da morte, é a nossa segunda certeza na vida!
A visão sobreviverá às bicadas de corvos aos olhos.
A fome voltará a incomodar, embora hoje esteja saciada.
Há sempre dois responsáveis por uma situação crítica,
embora se tenha tentado o impossível!
É a vingança do dente, que deixamos estragar,
quando é arrancado de sua casa
e nos deixa sua lembrança!