segunda-feira, 9 de setembro de 2019

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ESCURIDÃO E SILÊNCIO
09/09/19




De tanto ser ignorada
a palavra escolhe
não ser pronunciada.
Sua emoção não se recolhe
mas não será articulada
mesmo que seja pensada.
Viverá no mundo da ideia
e morrerá para o palco e platéia!


Eu não fui a primeira pessoa a se calar.  Acreditei na comunicação, e ainda acredito piamente - como único meio de entendimento e consenso, entre pessoas dotadas de inteligência.  Mesmo sendo deficiente, apostei nela todas as fichas, como forma lícita e possível, de que tudo sempre é uma questão de tempo ou de jeito, na abordagem.

Soprei a chama da comunicação, para que ela não se extinguisse de vez e nos deixasse no escuro, porque é isso que acontece, duas pessoas podem estar próximas fisicamente, mas envoltas em escuridão e silêncio, não se veem e não se escutam.  Uma palavra aproxima, faz entender e ver - ao menos eu acredito, que é assim que deve ser.

Quando a última palavra caiu por terra e foi levada ao vento, junto com os grãos secos, eu percebi que ela estava sendo desacreditada, não importando se fosse proferida na melhor das intenções.

Apreendi então que, a comunicação depende da vontade das partes, e que nenhuma linguagem funciona, na ausência do desejo real e sincero de todos os envolvidos.

Hoje as palavras, não querem mais serem proferidas, ainda que na mente, surjam eloquentes, não têm sentido serem verbalizadas, como tudo que é vivo, se não puder se expressar, e prestar-se ao serviço e à sua finalidade, perde sua razão de ser. 

Como disse, sigo acreditando no: "é conversando que a gente se entende" - isso, se não houver uma intenção, às vezes escusa, outras declarada, de submissão e coação, de uma parte em relação à outra.  Os dois pratos da mesma balança, só podem 'conversar', se ambos estiverem na mesma linha; do contrário, terão que gritar, para serem ouvidos pelo outro, que estará distante, acima ou abaixo.




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