quarta-feira, 24 de abril de 2019

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O OLHAR QUE NÃO VÊ 


Os olhos precisam descansar da tarefa estressante e contínua que exercem.  Cada vez mais, recebemos estímulos de todos os tipos, mas os visuais são os que mais poluem e entopem a nossa realidade. É muita coisa para processar. 

Quem não tem um aquário para admirar, nem um horizonte para relaxar a vista, pode aliviar-se de outra maneira, e o nosso organismo providencia isso. 

Eu diria que essas paradas, são semi-conscientes, não é de caso pensado. Eu percebo o desligamento, quando me pego de olhos parados, eu não diria vidrados no sentido de opacos e sem vida, eu prefiro usar um outro termo, talvez estagnados!  No momento, não me ocorre um que seja bom, mas sinto que me desliguei.

Meus olhos, nesses pequenos instantes, obedecem a uma ordem que não ouço, nem sei de onde procede, mas de imediato ... eles ficam sem detectar o mundo exterior, como se necessitassem de um tempo para elaborar o que já tem lá dentro, detrás deles - o que já é muito.

Está aí o termo que procurava: um olhar para dentro!

Os olhos permanecem abertos, e ninguém diria que há algum problema com eles, no entanto nada registram.  Pela frente deles poderia passar um mastodonte sem ser notado, correndo o risco de me ferir mortalmente com seus enormes incisivos e não perceber, caso não desviasse dele. 

Esse olhar contempla, não o que está à frente, mas sim a tela projetada pela mente. 

É um espaço de tempo em que, talvez ocorra um resfriamento, ou uma acomodação, para os olhos e para a mente, que também dá uma pequena pausa, como se ficasse num rápido stand-by.

Passado esse período, as funções são retomadas de onde pararam, quase sempre sem prejuízo.  27/04/18

arte | agnes cecile

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