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AS PALAVRAS E A ÁGUA
Sinto uma coisa na garganta, uma pedra, um inchaço incômodo, por algo que está lá parado. Sem dúvida, são coisas que não pude dizer - se endureceram e não saíram. Talvez, serem ditas, tenha sido dispensável, pois morreriam em terra, onde forçosamente cairiam.
Ai de mim, se as palavras não faladas, parassem na minha garganta, poderiam sufocar-me, antes mesmo de qualquer outro efeito. Sem poderem ser expressadas de alguma forma - porque elas exigem isso - se não ditas, ao menos escritas. As mãos funcionam sempre, à caneta e papel, ou no teclado, vomitam a pedra e todas as secreções que ela me causou.
Agora, outros saberão, da existência da pedra. Era coisa grande e dolorosa demais, para guardar comigo. Pedras, quem não as tem? Engolir é que não podemos, se o estrago na garganta já é grande, imagine nos intestinos, o que não nos causariam? Precisamos arranjar um jeito de implodi-las, antes que nos façam um mal maior.
Agora, outros saberão, da existência da pedra. Era coisa grande e dolorosa demais, para guardar comigo. Pedras, quem não as tem? Engolir é que não podemos, se o estrago na garganta já é grande, imagine nos intestinos, o que não nos causariam? Precisamos arranjar um jeito de implodi-las, antes que nos façam um mal maior.
Corrijo a minha postura, respiro bem fundo, engulo um generoso gole de água, que a tudo lava e limpa. Deixo que se vá, toda a sensação de desconforto. Sinto-me bem melhor. De uma forma ou outra - eu disse!
12/04/19
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