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A COR DAS MONTANHAS
Imagine uma paisagem, sob seus olhos, um recanto verdejante da natureza. Exuberante, exibindo todos os tons idealizáveis, que o verde pode ter, debaixo da luz do sol, iluminando algumas partes, outras não.
Você está imerso nessa paisagem, e observa de um ponto mais alto dela, seu olhar passeia sobre tudo o que está a seus pés.
O local onde se encontra é estratégico, para lhe dar garantias de segurança e aconchego.
Aprecia a extensão do terreno em declive e vê todos os detalhes, que se desenrolam à sua frente, todos quantos, pode ver a olho nu.
Pode ver os montes, dispostos em ordem decrescente, abaixo do local onde você se encontra. Todos eles se cobrem de vegetação farta. Pode também visualizar espaços entre eles, formando pequenas planícies, com vegetação mais rasteira e clara.
Consegue perceber um rastro espelhado, que reflete a luz do sol com toda fidelidade, serpenteia pela terra. Em alguns trechos é visível, em outros, quando se contorce por detrás dos montes, corre escondido, para logo reaparecer brilhando como prata polida. Ele desenha uma tangente delicada, em volta dos morros que circunda, procurando os níveis mais baixos e as passagens mais fáceis do relevo do solo.
É possível, de onde você está, ver o sol caminhando pelo céu e fazendo desenhos sobre a paisagem abaixo. As nuvens dão os contornos, do que se projeta sobre o que você vê.
As horas passam, a temperatura do ar pode ser sentida pela sua pele e os cheiros que a floresta exala, entram pelas suas narinas. Dá para distinguir a essência da madeira; o cheiro da folhagem úmida, pela névoa das primeiras horas do dia, que agora se evapora em perfumes exóticos - é o cheiro de plenitude - porque você tem a certeza de fazer parte dessa beleza. Não é apenas uma sensação, pois você tem olhos para apreciá-la e mais todos os sentidos, para captar a grandiosidade, que se desdobra ao seu lado, abaixo e acima de você.
É capaz de ouvir os sons, que dão vida à floresta, desde o farfalhar das folhas pela passagem de uma leve brisa, o canto do pássaro mais tímido, as raízes rasgando a terra profunda, os galhos se elevando aos céus e louvando ao sol.
Os animais terrestres, você não os vê, mas sabe que estão em movimento, na atividade rotineira, rentes aos troncos das árvores, próximos ao solo, colhendo os frutos caídos ou cuidando de suas crias. Os insetos, executam o seu trabalho, em silêncio.
Você acompanha a trajetória de um pássaro que voa e descreve uma linha interessante no céu, mas não deixa marca, ao contrário do rio. Você apenas, consegue acompanhá-lo, por quase uma semi-elipse, que vai de um ponto a outro, percorrido por ele.
É nessa hora, em que você assiste ao voo do pássaro para mais longe, que você percebe, lá no fundo, onde sua vista alcança o fim da paisagem - a última coisa que seus olhos veem - uma cadeia de montanhas e você descobre, que de longe, bem de longe, as montanhas são azuis, porque se confundem com o céu.
08/04/19
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