Quando você se foi, eu perdi os sentidos. Não, eu não desfaleci! O que digo é que deixei de sentir - como se tudo que estivera à minha volta, tivesse se apagado. É sobre a sua partida e a forma como ainda estou ... partida.
Tive medo de que, minhas memórias – e era isso que eu tinha agora - se perdessem na noite escura do esquecimento – uma noite que não era tão escura assim como diziam. Ao contrário, ela era clara como uma folha de papel branco, onde ainda permaneço desenhada, mas sem as flores e as alegrias que emolduravam-na, elas estão aos poucos perdendo a cor, sumindo ... até não restarem senão, alguns traços calcados no papel, pela mão que os desenhou.
É assim como me sinto, só restou a minha silhueta nesse espaço, antes repleto de outros detalhes, preenchendo a cada pedaço vazio com seus motivos.
Tenho medo, na verdade, de que meus traços também se apaguem do papel, da mesma forma como se apagou o que o preenchia totalmente - de eu ser a próxima forma a desaparecer.
Se isso for indolor, insípido e inodoro ... por mim tudo bem, eu desapareço sem resistir. Mas não é – tudo isso é doloroso, amargo e também surpreendentemente inodoro – não há perfumes ou cheiros conhecidos. 25/04/17
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