sexta-feira, 12 de abril de 2019

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FILHOS MEUS 

Filhos, a quem eu teria dado corpos materiais?  Apenas um!

A minha possibilidade de fazer vida física secou, no entanto há em mim um criadouro e uma chocadeira, em plena atividade.


Meus filhos - sem carne e sem osso - como eu os chamo, eu os crio de maneira ininterrupta e constante.


Eles nascem dentro de mim, inesperadamente, sem que eu me coloque à disposição da concepção.  É algo que não controlo, é quase um fenômeno de geração espontânea.  Eles não vêm do meu útero, eles brotam, ou são concebidos na minha cabeça, produto da minha imaginação, bastante fértil e de uma certa forma hermafrodita. Sou obrigada a andar com um pequeno bloco de anotações, para o caso da inspiração chegar e não se perder.


Amo a todos, mas é claro, que tenho lá os meus preferidos, preferência que nem sempre coincide com o gosto de quem os lê, muitas vezes apreciam demais um 'filho meu', ao qual eu não tenho a dita preferência.


Eu sei o passei em cada uma das gestações, como toda mãe tem muito nítido, as transformações pelas quais passou, em cada uma das suas crias, sejam elas quantas forem.  Sei quais foram os meus desejos, dores, incômodos, expectativas e constatações sentidas em cada uma delas.


A exemplo da criação de um filho de carne e osso - os filhos não corpóreos - também tomam todo o meu tempo e dedicação.


Não lhes dei da minha carne, eles são filhos do meu espírito.


12/04/18

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