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CLARICE TEM RAZÃO!
Faz algum tempo,
deixei de usar meus óculos de lentes coloridas
... ele ajustava as imagens pra mim.
E o que deveria significar - 'a minha liberdade'
... já que enxergo melhor ...
na verdade foi mesmo - um decreto de morte!
Morte da esperança
... de que as coisas poderiam melhorar!?
Morte da resistência à frustração
... perdi o filtro que me protegia!
Morte do sonho
... implosão do meu castelo!
O mais estranho é que ...
enquanto quase tudo morre ou desmorona
minha consciência fica cada vez mais desperta!
É indiretamente proporcional à ilusão!
A frustração me atinge na cara, sem escudo
acerta em cheio o meu nariz
e como dói!
Chego até a sentir saudade dos meus óculos
... com ele eu podia dourar a pílula
... ver tudo azul – verde – rosa!
... até fazer de conta que não era tão triste!
Mas não funcionaria mais
... isso só acontecia porque
não percebia que estava com ele!
Tornou-se objeto desnecessário
... por ter perdido a utilidade!
Hoje, vou fazer como disse Clarice
‘vou colocar-me numa redoma ...
vou poupar-me ... como se fosse de ouro’!
06/04/16
Retrato de Clarice Lispector feito por Dimitri Ismailovitch em 1974.
Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector, foi uma escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira. Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka. 10/12/20 - 09/12/77 Wikipédia
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