sábado, 6 de abril de 2019

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CLARICE TEM RAZÃO!

Faz algum tempo,  
deixei de usar meus óculos de lentes coloridas
     ... ele ajustava as imagens pra mim.
E  o que deveria significar - 'a minha liberdade'
     ... já que enxergo melhor ...
na verdade foi mesmo - um decreto de morte!

Morte da esperança
     ... de que as coisas poderiam melhorar!?
Morte da resistência à frustração
     ...  perdi o filtro que me protegia!
Morte do sonho
     ... implosão do meu castelo!

O mais estranho é que ...
enquanto quase tudo morre ou desmorona
minha consciência fica cada vez mais desperta!
É indiretamente proporcional à ilusão!

A frustração me atinge na cara, sem escudo
acerta em cheio o meu nariz
e como dói!

Chego até a sentir saudade dos meus óculos
... com ele eu podia dourar a pílula
... ver tudo azul – verde – rosa!
... até fazer de conta que não era tão triste!

Mas não funcionaria  mais
... isso só acontecia porque
não percebia que  estava com ele!
Tornou-se  objeto desnecessário
...  por ter perdido a utilidade!


Hoje, vou fazer como disse Clarice
‘vou colocar-me numa  redoma ...
vou poupar-me  ...  como se fosse de ouro’!

06/04/16






Retrato de Clarice Lispector feito por Dimitri Ismailovitch em 1974.

Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector, foi uma escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira. Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka.  10/12/20 - 09/12/77    Wikipédia


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