sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

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HÁ UNS BONS ANOS E NÚMEROS

Lembro com exatidão, tinha uns poucos anos, uns 5 ou 6, e andava para lá e para cá, com sapatos e bolsas que não eram meus.  Ainda ouço o toque-toque dos saltos dos sapatos no piso liso, e do esforço que eu fazia, para carregar bolsas bem maiores do que eu.


Os sapatos eram enormes, mas lindos!  Elegantes, de salto fino, feitos de camurça cinza bicolor, uns bons números a mais do que eu calçava - é desse que eu mais me lembro, mas não foi o único.  Eu colocava algodão na ponta deles, para compensar o espaço que meu pezinho não preenchia.  As bolsas, também não eram minhas, eu me apropriava delas e deles, eram da minha mãe e tia, mas eram ‘meus’, enquanto eu desfilava pelo corredor comprido da casa, fazendo o maior escândalo.  Coisa de criança, com pressa de crescer.


E lá ia eu, me achando o máximo, eu acho(!).  Era impossível passar despercebida, e isso me agradava.  A minha avó dizia:  “lá vai essa daí, com as tralhas penduradas!”  Todos achavam graça, menos eu, que me sentia orgulhosa de usar coisas de gente grande.  Já, a maquiagem para mim, era batom e sombra, que só me deixaram usar durante o carnaval, bem mais tarde.


De todas as bonecas que tive, teve um único boneco que permaneceu inteiro - o Ricardo, até que acabei doando.  As outras, não tiveram a mesma sorte, algumas sem braço, outras sem perna.  Talvez tenham pensado, que eu seria médica, quando crescesse, mas não foi o caso.  Até hoje, não sei o que se passava pela minha cabeça, porque os braços e pernas quebrados não eram por acidente.


Trago essa doce lembrança, como de tudo o que vivi na infância.  Cresci, comprei os meus próprios sapatos, mas hoje, saltos (?) … não mais!  Curto sapatos, porém uso apenas, os mais confortáveis e que dão maior estabilidade. Das bolsas, ainda gosto, sou incapaz de ficar sem!  Creio que me tornei mais exigente, com relação aos dois,  mas nada se compara à satisfação que os ‘emprestados’ me deram.


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