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PRIMÓRDIOS E CONFINS
03/08/20
Um grito rouco, se embrenha pelo meu peito, rasgando a carne e deslocando os ossos, como se rasgasse a mata fechada.
Parece que é vindo de fora, mas é de dentro que irrompe, surge mudo e gutural, fere as cordas vocais, os tímpanos, vem das profundezas abissais, das contorções das tripas e nervos. Chega aos meus primórdios, ou aos meus confins, sei lá!
Ultrapassa as barreiras dos sons que ecoam dentro de mim, atravessa toda a minha natureza, batendo no núcleo de cada célula, com a mesma gana impotente, reverberando por todas as soluções aquosas e tecidos moles. Continua gritante e perpassa a tudo que é vivo e sensível, com o mesmo ímpeto.
Chega ao outro lado do planeta, intacto, com a mesma frequência e volume.
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