sábado, 22 de agosto de 2020

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LACUNA OU FECHO

21/08/20


Engana-se quem pensa que o silêncio é intervalo silencioso, de ar parado, sem  sons que o atravessem.  É nele, que pairam as memórias retumbantes das palavras ditas, mais a intenção daquelas que não foram proferidas.

Pode-se ver, as palavras de costas, se afastando, com fúria gesticulante e indignada, batendo com força, o salto dos seus sapatos, no chão.  Algumas, podemos ver, que nos olham e ainda gritam, com rostos desesperados.  Outras, nada falam, só observam, com ar de desencanto e desesperança.

O silêncio pode ser, ainda, o último recurso, usado como medida extrema, quando as demais tentativas de diálogo falharam; ou até mesmo - ser a própria desistência, em si.  Ele pode representar uma pausa/reticência, ou um ponto final na comunicação - o momento exato, onde se 'joga a toalha'.

De fato, uma imagem é melhor do que mil palavras, mas algumas palavras têm o poder de formatar uma imagem, que dificilmente se apagará.

Eu prefiro pensar, que o silêncio seja um espaço para meditação, de ambas as partes, e que logo mais, o diálogo será retomado.  Digo isso, porque acredito, que dialogar, seja a única forma de alcançarmos uma convivência harmoniosa, onde sempre é possível estabelecermos de comum acordo, as regras que devem prevalecer.  É também, a única maneira de aprendizado e crescimento do ser humano, de como lidar com as arestas particulares de cada um, dentro de um território comum a todos, e que precisa ser partilhado, com educação e respeito. Há que se considerar, o por quê, de uma pessoa assumir a atitude de se calar, depois de um discurso eloquente e enfático.  

Apesar das diferenças entre as pessoas serem inúmeras, são as nossas semelhanças, que devem nos unir - os pontos que temos em comum ... e não as nossas divergências, serem o motivo de nosso afastamento. 

Silêncio pode ser lacuna, onde cabe um 'to be continued' ou pode ser o próprio 'the end', vai depender do grau de maturidade das pessoas envolvidas.



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