terça-feira, 11 de agosto de 2020

Areia, ventos e tempo

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AREIA, VENTOS E TEMPO
11/08/20



Os passos de um homem no deserto, são encobertos pelas tempestades constantes, a qualquer hora do dia. Existe um norte, mas onde ele está?  Estaria fora?  Acima?  Abaixo?  Dentro?  
Onde?  É preciso saber onde procurá-lo.  É a agulha no palheiro do deserto.  Ache a agulha e encontrará o norte.

O mundo não parou de girar, tampouco o tempo se esqueceu de passar. O mundo não acabou e o tempo, ah esse carrasco! ... não se deixa enganar, está a secar as maçãs do rosto, a afrouxar a pele, a nos secar por dentro.

Eu quase sinto pulsar em mim, o abandono, a angústia de estar perdido, em meio as areias fustigantes e às temperaturas oscilantes.  Nada me protege do calor do sol, que resseca meus lábios; nada me aquece, enquanto é escuro.

Os grãos que batem com força, sobre a minha pele desprotegida, a tornam quase inerte.  Só me resta uma pequena e fraca impressão, de que ainda resisto ao rigor do deserto.

Tantos passos serão apagados, quantos eu der, pela inclemência dos ventos. Ficarei sem saber, o quanto ainda me resta da travessia, a ser feita.  Quando olho para trás, já não existem mais, as pegadas, o quanto já caminhei.

Tudo o que peço é um gole de água, um abrigo sob o sol escaldante e um corpo quente, quando a noite vier.




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