Tenho praticado meditação, tenho ido a seminários, tenho lido muitos livros sobre espiritualidade e tento estar num estado de não-resistência - mas se me perguntar se achei a verdadeira e duradoura paz interior, a minha resposta honesta terá se ser "não". Por que é que a não achei? Que mais devo fazer?
Você continua a procurar fora de si e não consegue deixar de ter uma atitude de busca. Talvez o próximo seminário lhe traga a resposta, talvez aquela nova técnica o faça. A si, eu dir-lhe-ia: não procure a paz. Não procure nenhum outro estado para além daquele em que se encontra; de outro modo, construirá conflitos interiores e uma resistência inconsciente. Perde-se a si próprio por não estar em paz. No momento em que aceitar completamente a sua ausência de paz, a sua ausência de paz transmutar-se-á em paz. Tudo aquilo que aceitar plenamente levá-lo-á à paz. É o milagre da rendição.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 197)
A natureza pode ensiná-lo a ser tranquilo, se você não lhe impuser uma corrente de pensamentos. Dá-se um encontro muito profundo quando percecionamos a natureza dessa forma, sem atribuir nomes às coisas.
Quando não enchemos o mundo de palavras e rótulos, regressa à sua vida uma sensação de milagre que se perdeu há muito tempo, quando, em vez de usar o pensamento, a humanidade se deixou possuir pelo pensamento. A profundidade regressa à sua vida. As coisas recuperam a sua novidade, a sua frescura.
O que é que tantas pessoas acham encantador nos animais? A sua essência - o seu Ser - não está encoberta pela mente, como acontece com muitos seres humanos. E sempre que sentimos essa essência nos outros, sentimo-la em nós próprios.
Cada ser é uma centelha do Divino, de Deus. Olhe para os olhos de um cão e sinta essa essência mais profunda.
Quando está presente consegue sentir o espírito, a consciência una que existe em todas as criaturas e amá-las como se fosse a si próprio.
O amor é uma empatia profunda com o «ser» do outro. Reconhece-se a si mesmo, à sua essência, no outro. E deixa de poder causar sofrimento ao outro.
Eckhart Tolle (Guardiões do Ser, pág. 98 a 108)
Para conhecer verdadeiramente outro ser humano, não há grande necessidade de saber coisa alguma acerca dele - nem do seu passado, nem da sua história, nem das suas histórias. Confundimos o saber alguma coisa acerca de com o conhecimento mais íntimo que é não-conceptual. Saber alguma coisa acerca de e conhecer são coisas completamente diferentes. Um preocupa-se com a forma, com o exterior, o outro com aquilo que não tem forma, com o interior. Um opera através do pensamento, o outro através da serenidade.
Saber alguma coisa acerca de só é útil para fins práticos. A esse nível, não podemos passar sem esse conhecimento. Todavia, torna-se muito limitativo e até destrutivo se for o elemento predominante nos relacionamentos. Os pensamentos e os conceitos erguem uma barreira artificial, uma separação entre os seres humanos. Desse modo, as interações basear-se-ão na mente e não no Ser. Sem barreiras conceptuais, o amor encontrar-se-á naturalmente presente em todas as relações humanas.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 98)
O sofrimento começa quando se classifica ou rotula uma situação de indesejável ou má. Ressentimo-nos com a situação, e o ressentimento personaliza a situação, fazendo eclodir o "eu" reativo.
A classificação e a atribuição de rótulos são um hábito, mas um hábito que pode ser mudado. Comece por praticar a "não classificação" com as pequenas coisas. Se perdeu o avião, se partiu uma caneca ou se escorregou e caiu na lama, consegue impedir-se de classificar a experiência como sendo má ou dolorosa? É capaz de aceitar imediatamente o isto é assim desse momento?
Classificar alguma coisa como sendo má causa tensão emocional. Quando consentir que essa coisa seja como é, sem a classificar, experimentará subitamente um enorme poder.
A tensão desliga-o desse poder, que é o poder da própria vida.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 128)
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