terça-feira, 2 de fevereiro de 2016





Grande parte da vida de muitas pessoas é consumida por uma preocupação obsessiva com as coisas. Isto dá origem a um dos maiores males dos nossos tempos: a proliferação de objetos. Quando já não somos capazes de sentir a vida em nós, provavelmente vamos tentar enchê-la com coisas. Como exercício espiritual, recomendo-lhe que investigue a sua relação com o mundo das coisas através da auto-observação e, em particular, das coisas que são precedidas da palavra «meu» ou «minha».
É preciso estar alerta e ser sincero para descobrir, por exemplo, se a sua auto-estima está dependente das coisas que possui. Há determinadas coisas que lhe induzem um ligeiro sentimento de importância ou superioridade? A falta delas fá-lo sentir-se inferior às pessoas que têm mais coisas do que você? Menciona por acaso coisas que possui ou exibe-as para que outra pessoa lhe dê mais valor, aumentando assim a sua auto-estima? Sente-se magoado ou zangado, e de alguma forma diminuído na sua auto-estima, quando constata que outra pessoa possui mais coisas do que você ou quando perde um bem de valor?
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 37)




A televisão
Quando vemos televisão, a tendência é para ficarmos abaixo do pensamento, e não acima dele. A televisão tem isto em comum com o álcool e com algumas drogas. Embora nos aliviem um pouco da nossa mente, pagamos um preço elevado: a perda de consciência. Tal como as drogas, a televisão também tem uma forte tendência para provocar dependência. Vamos buscar o controlo remoto para desligar a televisão e, vez disso, damos por nós a mudar de canais. Meia hora ou uma hora depois, ainda estamos a ver televisão, ainda estamos a percorrer os canais. Parece que o botão para desligar é o único que o nosso dedo não consegue premir. Continuamos a ver televisão, geralmente não por estar a dar algo de interessante que cativou a nossa atenção, mas precisamente por não haver nada de interesse para ver.
Quando ficamos viciados, o que vemos torna-se cada vez mais trivial e insignificante, tornando-nos cada vez mais dependentes da televisão. Se fosse interessante, se provocasse o pensamento, a televisão estimularia a nossa mente para pensar novamente por si só, o que é mais consciente e, por conseguinte, preferível a um transe televisivo induzido. Desta forma, a nossa atenção já não seria totalmente prisioneira das imagens que surgem no ecrã.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 189)




Os pais: papel ou função?
Os pais não conseguem deixar de ser pais mesmo quando as crianças já são adultas. Não são capazes de abandonar a necessidade de se sentirem imprescindíveis para os seus filhos. Mesmo quando o seu filho adulto tem quarenta anos de idade, não consegue pôr de lado a ideia de que «Eu sei o que é melhor para ti». O papel de pai ou de mãe continua a ser desempenhado compulsivamente, e por essa razão não existe uma relação autêntica. Os pais definem-se através do seu papel e, inconscientemente, têm medo de perder a sua identidade ao abandonarem este papel. Se o seu desejo de controlar ou influenciar as ações dos filhos adultos for contrariado - como geralmente é -, os pais começam a criticá-los, a demonstrar a sua reprovação ou a tentar que os filhos se sintam culpados, tudo numa tentativa inconsciente de preservar o seu papel, a sua identidade. À superfície, parece que estão preocupados com os filhos, e eles próprios acreditam nisso, mas aquilo que os preocupa na realidade é a preservação da sua identidade relacionada como papel. Todas as motivações egóicas são de narcisismo e interesse próprio, por vezes engenhosamente disfarçadas, inclusive para o detentor do ego.

Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 85)

Nenhum comentário:

Postar um comentário