Fora sempre pessoa de língua muito eloquente. Portadora de uma transparência quase indecente, capaz de fazer virar do avesso a alma e de não deixar senão uma folha de parreira a cobrir suas vergonhas.
Aos ouvidos moucos, a assertividade é um coçador que incomoda. Aos olhos fechados, desenhar é desnecessário. Às feridas purulentas, as moscas são indesejáveis...
Confesso que, para minha eloquência, qualquer sentido que a tivesse captado, seria lícito. Eu teria obtido êxito! Mas eu não me dirigi à massa cinzenta, que mora no sótão isolado e sombrio. Entulhado, onde se assenta em seu trono, de onde delega poderes e comanda a casa.
Tentei o tecido vermelho irrigado, de muitas portas, que ao se expandir, recolhe, reconforta e retém junto de si. Esse cômodo quente, bem no meio da casa, muito próximo da cozinha, do quarto de dormir. De muita circulação e aconchego, que possui uma lareira sempre acesa. Foi em vão!
Estamos eu e minha eloquência, ou ela e eu, cansados de bater à porta dessa casa sem jardim ... Nossas mãos estão doídas de tanto insistir sobre a madeira rústica e maciça, sem tinta nenhuma. Está trancada por dentro ... E ninguém nos atende ou nos ouve!
Batemos há muito! Lá dentro há apenas móveis cobertos de panos brancos, cheios de pó e silêncio.
Desistimos. Eu desisto, é só silêncio! Também, nem quero mais entrar! Perdi o interesse, porque ninguém vive lá. A casa é vazia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário