Ele foi encontrado a uma canto, acocorado, encostado em panos que usava para travestir seu egoismo. Tinha vivido a sua vida toda, a seu próprio serviço, embora arrulhasse ser pessoa bondosa e desprendida.
Visto de perto, nenhuma atitude sua era desinteressada, mas sim calculada, para atingir seus fins ou suprir suas necessidades de aceitação, atenção e afeto. Caso o resultado fosse alguma coisa boa, aceitava os aplausos, e quando estes não vinham, ele mesmo se gabava. Gastava muito com 'sedas' que rasgava sobre si mesmo e com 'confetes' que despejava sobre sua cabeça.
Via-se maior do que era, maior que seu pai e mãe, ou do que qualquer um. Almejava sempre o topo do pódio ... talvez porque não sentisse encontrar ou merecer um lugar para si no mundo ... mas isso nunca justificou tanta amargura!
Sua compreensão e compaixão iam até onde não lhe atrapalhassem satisfazer alguma de suas necessidades.
Aos poucos, afastou-se das pessoas, dos eventos ... para depois se queixar de ser sempre preterido ou deixado para trás. Parecia até que na sua linha de raciocínio, primeiro as pessoas o esqueciam e depois ele se afastava delas, mas na verdade era ele quem se afastava, se excluía ... e o esquecimento delas era apenas a consequência. Alternava-se constantemente, entre os dois pratos da mesma balança, a 'vitimização' e o 'auto-enaltecimento'.
Embora tivesse familiares e alguns poucos amigos, estava destinado a morrer só.
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