Ao
sair, você deixou a casa toda aberta, janelas e portas, em pleno
inverno. Eu fiquei, bem no meio dela, descalço e de pijama fino, sem ter
onde me agarrar, e com que me agasalhar e me defender da correnteza
gelada. Um vendaval varou a casa, a tudo que ficou e me atravessou, como
se eu fosse uma peneira.
Você foi andando, deu de costas, gesticulando ou tapando os ouvidos, que não quiseram escutar as vozes que lhe chamavam à realidade. Seus pés bateram a poeira da estrada, cheia de cascalhos. Seus olhos ignoraram ou não se importaram, com as inúmeras e sucessivas placas de 'retorno'. Sempre houve retornos, sempre foi tempo de repensar. Continuou a descer, em direção a não sei o quê. Altiva, senhora de si, sem olhar para trás, ignorando as placas sinalizadoras de cuidado/perigo.
Mas
você é daquelas pessoas, que pensam com a cabeça lacrada em seus próprios
conceitos, olham com olhos vidrados, e escutam, sem nada reter. Seus pés
sempre pisam por onde querem, sem avaliar o quanto de estrago fica, quanta mata
devastam, quanta pedra revolvem, quantas espécies levam à extinção.
Tudo para conservar seus anéis, acredito que seja essa a razão! Mas o que
representam os anéis? Não seriam os dedos, as nossas maiores riquezas?
Você os perdeu, onde usará os anéis? Você inverteu o ditado, lhe
ensinaram errado ou você entendeu errado. Orgulhosa, fez sua escolha,
acha que salvou o que precisava ser salvo! Mas qual a utilidade dos
anéis, para alguém que não possui dedos?
Eu falo aqui, sobre a resistência à mudança, mesmo que se acumulem as perdas.
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