quinta-feira, 11 de julho de 2019

730 __ ANÉIS E DEDOS __ 11/07/18






Ao sair, você deixou a casa toda aberta, janelas e portas, em pleno inverno. Eu fiquei, bem no meio dela, descalço e de pijama fino, sem ter onde me agarrar, e com que me agasalhar e me defender da correnteza gelada.  Um vendaval varou a casa, a tudo que ficou e me atravessou, como se eu fosse uma peneira.

Você foi andando, deu de costas, gesticulando ou tapando os ouvidos, que não quiseram escutar as vozes que lhe chamavam à realidade.  Seus pés bateram a poeira da estrada, cheia de cascalhos.  Seus olhos ignoraram ou não se importaram, com as inúmeras e sucessivas placas de 'retorno'.  Sempre houve retornos, sempre foi tempo de repensar
.  Continuou a descer, em direção a não sei o quê.  Altiva, senhora de si,  sem olhar para trás, ignorando as placas sinalizadoras de  cuidado/perigo.

Mas você é daquelas pessoas, que pensam com a cabeça lacrada em seus próprios conceitos, olham com olhos vidrados, e escutam, sem nada reter.  Seus pés sempre pisam por onde querem, sem avaliar o quanto de estrago fica, quanta mata devastam, quanta pedra revolvem, quantas espécies levam à extinção. 

Tudo para conservar seus anéis, acredito que seja essa a razão!  Mas o que representam os anéis?  Não seriam os dedos, as nossas maiores riquezas? Você os perdeu, onde usará os anéis?  Você inverteu o ditado, lhe ensinaram errado ou você entendeu errado.  Orgulhosa, fez sua escolha, acha que salvou o que precisava ser salvo!  Mas qual a utilidade dos anéis, para alguém que não possui dedos?



Um comentário:

  1. Eu falo aqui, sobre a resistência à mudança, mesmo que se acumulem as perdas.

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