No dia que eu não tiver nada a dizer, ou a acrescentar, estarei morta ou desprovida das faculdades mentais. Porque enquanto escrevo, eu falo de mim, com uma certa eloquência e transparência. Quando escrevo, sou a primeira a ler ... e de tudo que falo, falo primeiro a mim mesma.
Escrever de meus próprios conteúdos é terapêutico, ao menos pra mim é. Exorcizo ideias, fazendo uma espécie de higienização; despressurizo um recipiente que é finito e portanto pode explodir, se não o fizer.
Se por um lado, fazê-lo, me cause alívio, escancarar emoções e sentimentos, me deixa descascada, sem adornos e despida; depor minhas armas, me expõe à vulnerabilidade.
É como ter a alma voltada pra fora, arejando seus cômodos, abrindo os armários, deixando que a luz entre, queime o lixo e a aqueça por completo.
Só assim, é possível assistir, ao pior acontecer, embora tenha esgotado as tentativas de impedimento, de que virasse um fato. Perceber que o meu arbítrio, não é tão livre assim, que o controle das coisas, não o posso reter nas mãos.
É dessa forma também, que posso extirpar um fragmento do mal, cristalizando-se, ferindo a mim e aos outros com suas pontas perfurantes. Posso vê-lo sendo analisado pela ciência, numa lâmina, sob a lente de um microscópio, a fim de descobrir do que ele é feito - em consequência, qual substância ou atitude pode curá-lo.
Escrevo e falo também, de coisas boas, agradáveis, das quimeras e das minhas verdades. Acho até, que faço uma boa mescla, entre o que me dói e o que me causa 'cócegas à alma' - estou falando da alegria e da gratidão, que povoam a minha existência, tanto quanto as coisas tristes.
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