segunda-feira, 8 de julho de 2019

54 __ A ORQUÍDEA AMARELA  __ 03/06/05




Tenho pensado na estória da orquídea amarela, e até que poderia ser uma história.  Poderia representar um fato da vida de qualquer pessoa.

Pois bem, a estória é essa, para quem não conhece:
Chega até nossas mãos, uma muda de orquídea amarela, rara, de beleza exuberante!  Cultivamos com carinho, dando-lhe água e sombra na medida certa.  A floração demora e continuamos a nos dedicar a esse cultivo, já antevendo o momento de apreciarmos a primeira flor.

Após muitos anos, comum nos caso de orquídeas, desponta o primeiro botão.  Com toda a expectativa, queremos apressar a natureza, para finalmente recebermos o prêmio por tanta dedicação...  Apreciar e ostentar a raridade de que somos possuidores.  Gestamos, dentro de nós por um longo tempo, essa orquídea amarela...

Quando essa flor desabrocha, para nosso espanto, aparecem sim suas lindas formas, mas aquela expectativa anterior, é frustrada.  Somos surpreendidos.  E aquela orquídea amarela, rara, exuberante, cultivada durante anos é na verdade - roxa!

Então eu penso a respeito e começo criar o que poderia ser a história:
O que diferencia as duas? A forma?  É a natureza?  Não, nem a forma, nem a natureza.  Ambas são flores e orquídeas.  É a cor?  Talvez o perfume?  Sim!  E o que seria a cor para uma flor, senão o seu conteúdo diferenciado das demais; e o seu perfume a exteriorização desse conteúdo;  ambos resultantes de uma seiva característica que as alimenta?  Pouco importa a forma.  Com algumas pequenas variações são todas orquídeas!  Só mudam a cor e o perfume.

O primeiro final da história:  Podemos ter nas mãos uma orquídea roxa, mas passamos a vida inteira lamentando, que não tenha sido "aquela" orquídea amarela... Esquecendo-nos de que uma orquídea é uma orquídea, sempre, independe de sua pigmentação, o pertencimento à sua espécie.

Ou ainda, a história pode ter um outro final, diferente...  Temos nas mãos uma orquídea realmente amarela, rara, exuberante, mas que por alguma deficiência ou limitação de nossos sentidos físicos, nós a enxergamos como roxa, cheiramos como roxa e sentimos como roxa.

Nos dois casos estaremos sempre olhando para o jardim de nosso vizinho! Frustrados, não valorizando a verdadeira beleza e finalidade de cada uma dessas flores; estaremos sofrendo por termos esse entendimento tão pequeno da grandeza e da sabedoria das obras do criador: ... que coloca em cada jardim exatamente as orquídeas, as rosas, os cravos, miosótis, margaridas, na cor e no perfume que esses jardins precisam ter!                                             
                                                   

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