723 __ AGOSTOS __ 03/07/18
Quando o vento consegue levar embora a esperança - a última guerreira - que a custo, se manteve agarrada aos galhos secos, heroica até então; vão também com ela, algumas coisas boas presas a seus pés e mãos - suas companheiras numa tentativa extrema de resistência.
Os marços ... os maios, os junhos, se transformam em agostos, e depois destes, todos os demais são iguais, tudo o que vem depois é mesmice.
Os marços ... os maios, os junhos, se transformam em agostos, e depois destes, todos os demais são iguais, tudo o que vem depois é mesmice.
Não se vê mais distinção entre eles - os meses. Tudo fica igualmente insípido. Não temos mais pressa de que, logo chegue a primavera, nem o verão, nem a sexta-feira, nem o final de ano - porque tudo carrega a mesma cor e cheira do mesmo jeito.
Tanto faz chover, ter festas para ir, comer alguma iguaria. Sem alegria, falta a graça, sentido. O que resta, é a sensação é de ter morrido na praia, após a exaustão de bater braços e pernas, após engolir água, perder o fôlego, recobrar, desesperar, perseverar, desorientar, continuar ... e ter que entregar os pontos, os poucos que restam - sucumbir às evidências.
Tanto faz chover, ter festas para ir, comer alguma iguaria. Sem alegria, falta a graça, sentido. O que resta, é a sensação é de ter morrido na praia, após a exaustão de bater braços e pernas, após engolir água, perder o fôlego, recobrar, desesperar, perseverar, desorientar, continuar ... e ter que entregar os pontos, os poucos que restam - sucumbir às evidências.
Falo de cheiros, cores e gostos, para não falar de sentimentos, como falo dos meses para não falar sobre outras coisas.
Um filme rápido passa pela minha cabeça, me lembrando dos joguinhos emocionais doentios, dos quais me permiti participar, das manipulações que sofri, das que fiz uso também, de toda dinâmica maluca que alimentei, pensando em estar no caminho certo e tentando me convencer, de que um dia tudo ficaria bem.
Me recordo das respostas mentais e perfeitas, que elaborei só algum tempo depois dos fatos, e as ruminei incessantemente, até ficarem bem eloquentes, e as dei só para mim - para me sentir um pouco mais justiçada.
Nem sei se teriam feito a diferença, se as houvesse dado em tempo hábil, porque não se consegue explicar nada, a quem não queira entender.
A medida que o tempo passa, eu vejo mais claramente os fatos, conheço melhor as pessoas e a mim mesma, não necessariamente nesta ordem.
Percebo o quanto de energia e de tempo foi gasto, nas tentativas insanas de reescrever a história, com as mesmas palavras, sem conseguir mudar uma vírgula.
Um filme rápido passa pela minha cabeça, me lembrando dos joguinhos emocionais doentios, dos quais me permiti participar, das manipulações que sofri, das que fiz uso também, de toda dinâmica maluca que alimentei, pensando em estar no caminho certo e tentando me convencer, de que um dia tudo ficaria bem.
Me recordo das respostas mentais e perfeitas, que elaborei só algum tempo depois dos fatos, e as ruminei incessantemente, até ficarem bem eloquentes, e as dei só para mim - para me sentir um pouco mais justiçada.
Nem sei se teriam feito a diferença, se as houvesse dado em tempo hábil, porque não se consegue explicar nada, a quem não queira entender.
A medida que o tempo passa, eu vejo mais claramente os fatos, conheço melhor as pessoas e a mim mesma, não necessariamente nesta ordem.
Percebo o quanto de energia e de tempo foi gasto, nas tentativas insanas de reescrever a história, com as mesmas palavras, sem conseguir mudar uma vírgula.
Me reconheço falida de energia e cansada, mais velha e arrependida. Mais experiente, isso lá é verdade, mas afinal isso é uma dura conquista, que antes de ser uma medalha, é uma dor aguda no peito.
arte | agnes cecile
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