Nas décadas de 80 e 90, foi comum as casas terem esse utensílio, cuja finalidade era indicar o tempo, ou melhor, o clima. Ele indicava se teríamos chuva ou sol, era incapaz de prever o clima no futuro, mas dava uma real noção do que ocorria naquele momento.
Na minha casa ele teve seu lugar, em cima da geladeira, tendo destronado o velho pinguim de louça, que por sua vez parecia não ter serventia alguma, além de enfeite.
Mas enfeite por enfeite, eu preferia mesmo o pinguim, que apesar de preto e branco, era mais gracioso e menos pretensioso. Porém não é disso que pretendo falar.
Esse bibelô teve origem em Portugal, revestido por uma camada aveludada, sobre o material plástico de que era feito, contendo uma solução aquosa de cloreto de cobalto II - substância que muda de cor em contato com a água. Num ambiente seco, sua coloração é azul, mas que em contato com a umidade, seu revestimento tende a se tornar vermelho ou rosado. Daí a ideia, de galo azul, igual a secura/calor; galo rosa, corresponder a chuva/frio.
O que quero falar, também não diz respeito à reação que ele demonstra, em relação à presença da água.
Eu quero aqui estabelecer um paralelo, entre umidade/cores e cores/humores.
Apesar de ser um item até feinho, no meu modo de ver, às vezes eu penso, que algumas pessoas, deveriam usar um galinho desses, acima de suas cabeças, pra que pudessem nos avisar, a quantas andam seus humores. Vou tentar explicar.
Muitas vezes, na inocência e na alegria de uma boa intenção, tentamos estabelecer uma conversa com alguém, no sentido de compartilhar algo, ou até pra fazer algum comentário despretensioso. Uma coisa tão simples e legal de acontecer!
Acontece também, que desconhecendo os humores do outro com quem, tentamos nos comunicar, acaba parecendo que damos início a terceira grande guerra. Inflamado com outras coisas (anteriores a nossa conversa, inclusive muitas vezes sem nenhuma ligação), nos retribui com uma reação extremamente desproporcional ao fato, ou assunto abordado.
Lá se vai a nossa boa intenção, já nem temos mais vontade de dizer mais nada, porque perdeu a importância, ser dito ou não.
Eu penso, que um galinho desses, individual e personalizado a cada um, seria muito útil e evitaria muitas guerras, pois saberíamos exatamente quando nos aproximarmos das pessoas e quando mantermos uma distância segura.
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