221 __CULPA E SERVIDÃO __ 07/07/16
Uma
pessoa culpada é alguém lastimável, envolta em seus tentáculos de
arrependimento e lamento - que sugam de si mesma e esgotam suas próprias
energias.
A
nossa cultura foi sempre baseada em ‘culpa’ - desde os primórdios da
humanidade. Nos dias atuais, é pouco provável que venhamos admitir que
isso seja verdade ... com tanta liberdade no sentir e no expressar! É
preciso baixar a guarda que temos numa crença de ‘ liberdade irrestrita’, para
perceber que só chegamos aonde nos é permitido chegar ... ninguém é totalmente
livre, a liberdade é bem simulada ... bem parcial.
Existem
padrões a serem seguidos, estabelecidos há muito, por vínculos adquiridos de
família e sociedade, de religião, moral e ética. Podemos até tentar fugir
deles, mas a sensação de liberdade que essa fuga nos garante, é tão
fictícia quanto a sua promessa.
Irremediavelmente,
nos vemos forçados a retroceder, senão nas ações ... mas na maneira de pensar
... quando algo dá errado ... depois de desafiarmos as convenções.
Muitas
vezes, as pessoas mais irreverentes, são as que têm as mais pesadas mochilas de
culpa, atreladas às costas, porque conseguem quebrar padrões de comportamento,
mas não conseguem romper as correntes das crenças/irmãs que as
acompanham. São os bodes expiatórios – que
assumem reinventar o caminho - ainda não pavimentado e tão
perigoso da mudança.
Mas
o que quero dizer é sobre a culpa, aquele sentimento que nos parece nobre, mas
é muito desagradável, porque nos deixa desconfortáveis em relação ao que
‘pensamos’ e o que ‘fazemos’. Quando duas partes de nós, são oponentes -
e por mais que discutam ... parecem não chegar a um acordo.
Acho
que fui um tanto fundo! Eu só estava tentando entender, onde teve começo
essa história de culpa. O que me importa por ora é, mostrar que se eu me sinto
culpado – vou fazer de tudo para minimizar esse sentimento - extremamente
pesaroso. Para aliviar o desconforto, acabo me servindo de artifícios que
podem não ser os melhores para amenizar essa sensação. Eu
falo da necessidade de ‘redenção’ do ‘mal’ que causei ... Nem sempre, a minha
redenção se dá diretamente em relação a quem foi prejudicado. E se não for mais
possível? Posso transferir esse objeto de compensação, para outra pessoa
que achar conveniente. Julgo conhecer o remédio, mas há sempre o perigo de não
saber a dosagem necessária à cura do mal que me aflige. Perigoso mesmo é
virar capacho!
Enquanto
aprendemos a lidar melhor com a culpa ... vamos aos poucos conhecendo a real
alquimia da responsabilidade. A culpa gera servidão, porque está prenhe
de embriões velhos ... enquanto a responsabilidade dá origem, elabora e motiva
a reparação - o que na minha maneira de ver: é a única forma de atingirmos a
nossa cura!
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