quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

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OS TEUS OLHOS E OS MEUS

Ah, os teus olhos!  Eu os vejo à minha frente, quando fecho os meus.  São portais que me fazem transpor um limiar aquoso ou feito de vapor.  Não sei dizer se acesso o que vai dentro de mim ou se desbravo o que está para além dos teus olhos.  Penetro lugares, tempos e espaços, até então desconhecidos, mas que me são profundamente familiares, e onde desde sempre quis estar.


Não tenho medo de sumir ou de não conseguir voltar, temo apenas, um dia, perder esse acesso!  E eu volto, lentamente, embora de olhos abertos, um pé aqui, outro lá, como se ainda enxergasse através dos teus.  Sinto que não sou o mesmo, trago comigo, lembranças e sensações novas; sei que lá deixei algo de mim.



domingo, 5 de janeiro de 2025

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IMPROVISO


Os balões subiram aos céus, carregados dos nossos desejos para o ano novo.  Alguns, tiveram trajetória livre ao sabor do vento, outros ficaram presos nos galhos das árvores mais altas.  Talvez estivessem mais pesados(?), quem sabe estariam à espera de permissão para subir(!) …  Ao final, todos sumiram das nossas vistas, para além das nuvens.  


Eram nossas petições esperançosas. Quais foram deferidas?   Não sabemos!  E como os desejos são cheios de expectativas, nem sempre serão concretizados; haverá aqueles que morrerão antes disso - os natimortos.  Certamente, muitos serão indeferidos, apesar das nossas súplicas, que os acompanharam na subida.  Há ainda aqueles, que serão realizados, em parte, de uma forma diferente, e nem perceberemos que foram atendidos.  Certos deles, serão negados, veementemente.


Pela razão simples: desejar é lícito, porém nem tudo nos é conveniente!  Então eu pensei nos planos que fazemos e que dificilmente, saem como planejado.  Foi inevitável admitir, que somos compositores de melodias, sujeitos às circunstâncias imprevisíveis, lidando o tempo todo com o inesperado.  E que por mais que nos esforcemos na colocação perfeita  das notas, nos deparamos com a necessidade de rever os arranjos a todo instante.  Por consequência, somos todos forçados a ‘improvisos’ frequentes.


Fizemos a nossa parte, a primeira - desejar.  Foi lindo de se ver, pareciam pequenas gotinhas de mercúrio, de um termômetro quebrado, se espalhando sobre o algodão manchado das nuvens; só que dessa vez o mercúrio contrariou a força da gravidade   A segunda parte, ainda está por ser feita!


Se as águas que sobem, quando sugadas pelo céu, depois são devolvidas à terra, e se embrenham por suas entranhas … nossos pedidos, possíveis ou não, retornarão, de uma forma ou de outra.  É preciso estarmos atentos e prontos, na hora de reconhecer, qual ajuste deve ser feito.