sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

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DESERTOS E MATAS

Atravessei noites insones e os áridos desertos.  Conheci as dores silenciosas e os medos medonhos.  Juntei os segundos, minutos e horas, passei através deles um fio e fiz um colar - porque era só o que eu podia fazer.  Procurei abrigo durante as tempestades de areia, e pude sentir cada grão riscando minha pele.  Ouvi o grito desesperado das dores sem voz.  Curvei-me às sombras dos medos ferozes.  

Nos entremeios, tive manhãs e dias radiantes; visitei matas e deliciei-me com seus encantos e brisas.  Escutei as batidas potentes do meu peito, nos momentos de alegria.  Algumas vezes, me fiz muito maior do que os medos medonhos, e eles fugiram, a ganir, como bichinhos medrosos.


Aprendi sobre gratidão, a cada manhã brilhante e a cada nova oportunidade.  Não conheci todas as dores, felizmente, só algumas; como também não venci todos os medos.  Ainda tenho noites insones e longas, lugares ermos para transpor.  Ameaçam-me tempestades secas como as de areia, outras de águas colossais.  Mas permaneço na confiança de que, quem me criou não me abandona.


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