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DAS PALAVRAS ÀS IMAGENS
Há
palavras que não exprimem uma representação fidedigna das coisas, porque têm
coisas que não podem ser descritas ou traduzidas em palavras. ‘Silêncio e nada’ são
ideias que nos remetem às sensações e sentimentos, e não ao vácuo que elas pretendem
representar.
O
silêncio não é ausência de sons, longe disso, ele pode ser preenchido de
diálogos intensos, barulhentos e confusos; na verdade o silêncio só é desprovido
de palavras. O 'nada' é algo muito vago ... se o nada é a ausência de
coisa alguma, é justamente, à ideia de falta que ele nos conduz - o nada é
quase tudo, menos aquilo que queremos. Impossível conceber e alcançar
essas duas imagens concretas, a partir das palavras que tentam dar-lhes
definição e significado; o máximo que conseguem é pincelarem uma interpretação
incompleta e fingida.
Não há
espaço em branco ou a ser preenchido. A falsa sensação de vazio ou de inexistência, que essas palavras querem nos fazer crer, nos leva a imaginarmos
uma infinidade de ruídos que cabem dentro do silêncio, e a uma quantidade
absurda de elementos que podem compor o nada - exatamente o oposto do que intencionam nos dizer, as insuficientes: 'silêncio e nada'.
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