segunda-feira, 5 de março de 2018



A CARA À TAPA

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Quando eu escrevo, 
em cada um dos meus textos, 
qualquer um deles, 
eu falo do que vai em mim.

É o que eu penso, sinto e sou.  

Mais transparência impossível.  
É um revirar-me do avesso.  
Uma espécie de radiografia completa,
onde aparecem os ossos, 
as partes sensíveis, 
as deformidades, 
os edemas e infecções.

Eu troquei, os malefícios dos raios X 
pela dor, porque dói mostrar 
o que trago dentro de mim, 
é espremer uma pústula, 
é cutucar uma ferida, 
é aplicar um unguento que queima 
em cima de uma  lesão.

É retrato fiel, ressonância 
e tomografia, tudo ao mesmo tempo. 
Porque sinto que capta o momento.
Mostra em que frequência vibro. 
E me vejo fatiada, 
dando a cara à tapa, 
sujeitando-me a julgamentos ... 
e na melhor das hipóteses, 
me contentaria em
servir para estudo, 
à ciência ou à psicologia.

Isso tudo, diz respeito a vocês,
porque a mim ... é essencial 
e extremamente terapêutico,
alivia a dor, o incômodo, expurga e cura!


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