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HIPÓTESE E TESE
Perdido entre os pensamentos, que me fazem ‘sentir’ sentimentos correspondentes ao que penso. Sentindo, o que me faz pensar pensamentos equivalentes ao meu ‘sentir’, proporcionais em peso, volume e intensidade. Nesse círculo vicioso, onde percorro a linha curva, que retorna ao ponto de início, corro atrás do meu próprio rabo, e invariavelmente, quando o alcanço, volto a mordê-lo.
O que deveria ser apenas um ciclo, do qual eu me libertaria naturalmente, torna-se armadilha, que me mantém subjugado às condições insalubres, de repetição de ideias e re_sentimentos.
A inteligência, a percepção e a intuição, sempre atuam a nosso favor. Elas nos fazem observar, analisar as situações e formar opinião, mas como nos falta confiança no nosso ‘taco’, e por medo de aceitar o que apesar de muito claro, é também doloroso; preferimos o ‘benefício da dúvida’. Elaboramos hipóteses, que enquanto apenas hipotéticas, quase não machucam, ferem superficialmente. Quando são constatadamente observadas, e se tornam tese, são devastadoras, cortam profundamente, revirando a lâmina dentro da carne.
Somos obrigados a velar, para depois enterrar uma expectativa, a respeito de algo ou alguém. Aos poucos, vamos tendo que dizer adeus a tudo que virou tese, a aceitar à realidade, que já havia sido visualizada por nós. Entramos no processo de luto, onde enterramos muito mais do que nossas expectativas, enterramos pessoas, sonhos; enterramos um pouco de nós mesmos. Só o quê não conseguimos enterrar: as nossas memórias, os nossos sentimentos; mas eu acredito que talvez, tudo seja uma questão de tempo.
Transformar um círculo em ciclo, requer de nós sustentação, para atravessarmos o período de luto; coragem de darmos não um passo, mas um impulso, em direção a outro ciclo, novo, mais elevado, consciente, maduro. Mesmo que não sintamos o chão, mesmo que seja dado no escuro - o que nos move é a necessidade de fecharmos um círculo de sofrimento.