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IMPROVISO
Os balões subiram aos céus, carregados dos nossos desejos para o ano novo. Alguns, tiveram trajetória livre ao sabor do vento, outros ficaram presos nos galhos das árvores mais altas. Talvez estivessem mais pesados(?), quem sabe estariam à espera de permissão para subir(!) … Ao final, todos sumiram das nossas vistas, para além das nuvens.
Eram nossas petições esperançosas. Quais foram deferidas? Não sabemos! E como os desejos são cheios de expectativas, nem sempre serão concretizados; haverá aqueles que morrerão antes disso - os natimortos. Certamente, muitos serão indeferidos, apesar das nossas súplicas, que os acompanharam na subida. Há ainda aqueles, que serão realizados, em parte, de uma forma diferente, e nem perceberemos que foram atendidos. Certos deles, serão negados, veementemente.
Pela razão simples: desejar é lícito, porém nem tudo nos é conveniente! Então eu pensei nos planos que fazemos e que dificilmente, saem como planejado. Foi inevitável admitir, que somos compositores de melodias, sujeitos às circunstâncias imprevisíveis, lidando o tempo todo com o inesperado. E que por mais que nos esforcemos na colocação perfeita das notas, nos deparamos com a necessidade de rever os arranjos a todo instante. Por consequência, somos todos forçados a ‘improvisos’ frequentes.
Fizemos a nossa parte, a primeira - desejar. Foi lindo de se ver, pareciam pequenas gotinhas de mercúrio, de um termômetro quebrado, se espalhando sobre o algodão manchado das nuvens; só que dessa vez o mercúrio contrariou a força da gravidade A segunda parte, ainda está por ser feita!
Se as águas que sobem, quando sugadas pelo céu, depois são devolvidas à terra, e se embrenham por suas entranhas … nossos pedidos, possíveis ou não, retornarão, de uma forma ou de outra. É preciso estarmos atentos e prontos, na hora de reconhecer, qual ajuste deve ser feito.