terça-feira, 30 de abril de 2019

958 __ INCOMPARÁVEL, INESQUECÍVEL, INEXPLICÁVEL __ 14/04/08




Reaprendo  a vida a cada instante.
Ao tentar fugir da tua ausência, me vejo às caras com tua presença.  Reconheço-te incomparável.  Zona cinzenta que me retém, um desconforto em meio à  noite, não há fome, só o vazio; nenhuma dor, insônia apenas.  Aceito a sutileza do inesquecível.  Entendo o feroz e determinante inexplicável.


[Este texto se encontrava perdido em anotações antigas, portanto hoje, ele recebe título e número!]
FRASES | PENSAMENTOS | POEMAS __ KHALIL GIBRAN



Pedro Tornaghi

"E disse o divino: 'ame a seu inimigo!'
E eu obedeci e amei a mim mesmo."

"Quem vive nas trevas não consegue ser visto, nem vê nada."

"Numa só semente de trigo há mais vida do que num montão de feno."
FRASES | PENSAMENTOS | POEMAS __ RUMI

Rosacruz Áurea

"Eu morri mineral, tornei-me planta.
Morri planta, tornei-me animal.
Também morri animal,
para tornar-me homem.
Por que temerei a morte,
uma vez que jamais perdi
e somente ganhei?
Minha próxima etapa será
elevar-me ao estado de anjo.
Mesmo anjo, morrerei
para me alçar ao estado
que ultrapassa todo entendimento."





segunda-feira, 29 de abril de 2019

676



AS TRÊS CASAS

Se despregarmos nossos pés da terra, poderemos facilmente pairar sobre o chão, num exercício tímido de alçar voo em direção ao infinito - um ensaio de liberdade.  Com um desejo sincero de assim o fazermos, acionadas as asas do coração, partiremos rumo ao universo.

Deixando nossos corpos confortáveis, aos poucos, os quintais e telhados reduzem de tamanho, as ruas, o bairro vão revelando para nós, um mapa numa escala cada vez menor.


Deixamos o nosso corpo, enquanto experimentamos a viagem, passo a passo, além da imaginação.


Os rios sinuosos, que determinam alguns dos limites da cidade ficam claros para nós, desenham a geografia aprendida na escola, agora de uma forma mais didática.  É possível ver o brilho de madrepérola, que a luz solar deixa, quando incide sobre o espelho de suas águas.


Admiramos todos os contornos do relevo e tudo diminui de tamanho.


Começamos a divisar o território do pais de dimensões continentais, como também grande parte do hemisfério sul.


Alguns pontos luminosos surgem, salpicando toda a crosta de luzes, pois já é quase noite.  Em alguns locais, é possível ver que amanhece.


Um pouco mais acima, porque continuamos subindo, atravessamos a atmosfera da terra, com seus gazes, e os contornos já não são tão nítidos.


Quanto mais subimos, mais azul fica o nosso planeta - um incrível azul.


Nos afastamos, um tanto mais, a bola azul diminui de tamanho, já não é tão azul.  Passamos por mais e mais planetas, diversos tamanhos e  aparências, grandes pequenos, acompanhados de satélites naturais ou outros enfeites, conhecidos ou ainda não.


Um pano cravejado de jóias de todos os tipos e valores.  Pequenos mundos suspensos no oceano de silêncio, que o céu se transformou.


E passamos por eles,  apenas com nosso olhar de observadores, admirando as obras da criação.


Ainda dentro do nosso sistema, atingimos o sol, e estranhamente nossas asas não derretem, porque são feitas de pensamento, e seguimos em frente.


Avançamos pela via láctea, pelas outras constelações, grandes e pequenos sóis, pendurados no teto do céu, estrelas, cada uma com sua luz e frequência em que pulsam seus brilhos, vistas em tempo real.


Dentre elas, também estamos nós, com a luz que nos acompanha, a luz que aprendemos a brilhar, nos redescobrindo como sendo também, obras do mesmo criador.


Chegamos até aqui, é hora de retornar.  


Aos poucos vamos descendo sem sofrer efeitos de nenhuma lei da natureza, sem usarmos nenhum equipamento especial, da mesma forma como subimos, suavemente.


Deixamos as estrelas piscantes para trás de nós, nossos rostos se iluminam por passarmos perto do sol, mais uma vez, podemos conhecer então, as outras faces dos planetas.


Nos aproximamos mais da terra, que se agiganta diante de nossos olhos e retoma a cor azul. 


Depois que atravessarmos a camada de gazes protetores, podemos ver mais claramente, os seus contornos, do hemisfério sul, do pais, da cidade, não há tantas luzes como antes, porque amanhece.  Em alguns lugares anoitece.  E tudo aumenta de tamanho.


Como se algum véu tivesse sido tirado de nossos olhos, tudo é muito diferente e mais nítido, desde as cores da vegetação, o brilho dos rios, dos telhados, a beleza das pequenas coisas, a perfeição de cada célula de nosso corpo.  Voltamos às nossas casas - a terra, a casa de telhado e a casa de carne e osso.


Aprendemos a voar, fizemos a viagem para fora, agora precisamos aprender a viajar para dentro.  É preciso que encontremos um lugar digno, onde deve ser guardado o precioso brilho que trouxemos conosco.  29/04/18



domingo, 28 de abril de 2019

PSI __ 121



SINCERICÍDIO


 


"Quem de nós não conhece alguém inconveniente que, sob o pretexto de ser sincero despeja palavras carregadas de “verdades próprias” que machucam quem as ouvem? A palavra sincero é derivada do latim ” sin cera” e significa o seguinte: Na Roma antiga, os senadores encomendavam aos artistas que confeccionassem uma estátua que representasse eles próprios. Recomendavam que as estátuas não poderiam ter trincas, rachaduras, teriam que ser perfeitas. Quando os artistas erravam o cinzel nas trincas e rachaduras, preenchiam com cera. Daí a preocupação dos senadores: queriam uma estátua “sem cera”. O termo ao longo do tempo tornou-se sinônimo de autenticidade, de sinceridade.
A sinceridade é reconhecida como uma virtude, no entanto, por vezes é mascarada de crueldade e humilhação. O sincero se sente justificado e incompreendido pois afinal, só falou a “verdade”.  Verdade? O que é a verdade? Um ponto de vista pessoal e particular talvez. O sincero não falou a verdade, disse o que pensava sem filtros e ainda acha que o outro que se magoou é sensível demais e não suporta ouvir “verdades”.
Algumas vezes o sincero tem boa intenção pois acredita que, ao se preocupar com um amigo, por exemplo, deva-lhe dizer a verdade como forma de alertar-lhe de algum risco; risco de se ferir emocionalmente, de sair na rua de forma inadequada, de falar o que não deveria, etc. Mesmo assim, existem maneiras adequadas e acertadas de falar.
Outra forma de sincericídio é quando a pessoa diz a verdade com o desejo consciente de aborrecer e repudiar: “Você engordou, hein!” Sabe a pessoa que não será bem vindo tal comentário porque acentua uma dificuldade, expõe uma fragilidade e nada acrescenta. Por que diz então? Diz para tripudiar, para se sentir superior, para tirar a atenção sobre os próprios pontos fracos e colocar luz sobre os defeitos alheios, por pura fraqueza e tirania. Há quem sinta um enorme prazer em praticar sincericídio, prazer sádico e egoísta, é fato.
Assim, temos que reconhecer que a sinceridade é uma virtude suspeita e que algumas vezes provoca um efeito nefasto e devastador.
A sinceridade é a crença no próprio dizer, ela tem pouco a ver com a verdade.
O casamento é uma cruel vítima do sincericídio, onde o excesso de intimidade torna-se pernicioso e algumas “verdades” são ditas como navalha. Dar a opinião sobre a família do parceiro, sobre suas dificuldades emocionais, ou pior ainda, quando entre amigos um começa a falar mal do outro expondo fraquezas e abrindo feridas. O sincericida não se dá conta de seu poder bélico. Realmente não compreende a reação que causa com suas palavras bomba. Acha que a ideia de que apenas fala o que pensa, não merece críticas.
O fato é que muitas amizades, empregos e casamentos ficam intoxicados por pessoas que agem desta forma. Aos sincericidas, sincericínicos, sincerisádicos, minha dica: não se deem tamanha importância… Suas opiniões são apenas pontos de vista filtrados por sua miopia e experiência pessoal. Continuem a dar sua opinião mas não a chamem de verdade. Sabendo como falar é completamente possível ser sincero. Sincero e sensível, sincero e empático, sincero e educado. Que tal?"

Fonte:
http://www.silviabarros.psc.br/sincericidio/




 121 __ MINHAS CONSIDERAÇÕES

Esse tema e termo é muito oportuno.
Por não admitirem frustração e com o pretexto de serem sinceras,
muitas pessoas são exímias praticantes do sincerocídio, sempre com relação ao outro, mas quanto a si mesmos, não suportam um mínimo comentário desfavorável, que possa manchar sua cútis de dono da verdade.

Destroem relações, destroem intenções, autoestimas, promovem a injustiça e a discórdia.  Não existe o velho ditado: "depois que matou, não adianta pedir desculpas"?  É bem isso!  Mesmo porque, não costumam desculpar-se por terem sido verdadeiros e francos, pois julgam-se pessoas de grande visão e a serviço da 'mais pura verdade'.  Acham até que, deveríamos agradecer por tamanha transparência.  

Mesmo que consideremos a verdade, como um lindo diamante, lançá-lo ao rosto de alguém pode ferir profundamente.  28/04/19




FRASES | PENSAMENTOS | POEMAS __ SIMONE LOPES








"Pai nosso, que estás nas flores, no canto dos pássaros, no coração a pulsar; que estás na compaixão, na caridade, na paciência e no gesto de perdão.

Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo, naquele que me fere, naquele que busca a verdade.

Santificado seja o Teu nome por tudo o que é belo, bom, justo e gracioso.

Venha a nós o Teu reino de paz e justiça, fé e caridade, luz e amor.

Seja feita a Tua vontade, ainda que minhas rogativas prezem mais o meu 
orgulho do que as minhas reais necessidades.

Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas. Perdoa quando se torna frio meu coração.

Perdoa-me, assim como eu possa perdoar àqueles que me ofenderem, mesmo quando meu coração esteja ferido.

Não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoísmo.

E livra-me de todo o mal, de toda violência, de todo infortúnio, de toda 
enfermidade. Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.

Mas, ainda assim, quando tais dificuldades se fizerem necessárias, que eu 
tenha força e coragem de dizer: Obrigado, Pai, por mais esta lição! 

Que assim seja!!!"




🍃🌸🍃
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NOVOS ARES

Cada respiração leva aos pulmões, o alimento para manutenção da vida às nossas células.  Cada inspiração,  nos enche de ares novos.  Quando nos dão à luz, é a primeira coisa que fazemos, inspirar - um movimento profundo, instintivo e doloroso, ativando nossos últimos órgãos amadurecidos, até então sem função.  Eles inflam, depois de estarem vazios e encolhidos.

A vida, na iminência de ser continuada, deve doer, porque os bebês choram.  O ar deve passar rasgando, por todo o caminho, por onde passa pela primeira vez.

O ar que entra, vem do ambiente, o que sai também veio do mesmo e com a expiração despejamos nele, gás carbônico e outros detritos.

Às vezes, é preciso mudar de ambiente, para se ter realmente, novos ares, porque o ar pode ficar viciado e ao respirarmos, não haverá oxigênio suficiente.  Não é só o oxigênio que é importante para a vida, a esperança e a alegria também são ... e os ambientes podem não oferece-los a nós, nas medidas necessárias.

Em períodos regulares, é saudável, trocarmos de ambiente, insalubridade é algo que pode minar a própria vida, enquanto permanecemos em ambientes tóxicos.  Um refrigério ocasional, um afastamento proposital e estratégico, podem ser simples questão de mantermos a sanidade ... e não egoísmo de nossa parte. É preciso deixar sair todo o ar usado, para que o novo entre, os pulmões foram feitos para trabalharem com capacidade total; confiar que esse processo se dê.

Uma boa respiração é tudo!  Em profundidade, em movimento consciente, em qualidade e quantidade de ar, em cadência.  Não é a toa, que os pulmões estão relacionados a locais, onde pode se guardar a tristeza, por tanto tempo, que os faz adoecerem.  

A vida tem inicio com uma simples inspiração, e finda com uma expiração; devolvemos o corpo, as posses ... até o ar que respiramos, retorna ao universo.  28/04/19



675




 SONHO E REALIDADE 


Era uma vez um bule.  Ele não era só um bule.  Nunca fora usado com tal.  Era um enfeite, tinha sido um presente do casamento da vó Maria.  

Todas nós, suas três netas, cobiçávamos aquele mimo.  Eu tinha feito um desenho dele na escola, na aulas de perspectiva, com todos os detalhes, em lápis preto e sombreado.  

O famoso bule era feito de porcelana, de formato quadrado e no feitio de uma casa.  A tampa fazia o telhado, com chaminé e tudo, aberta para sair o vapor do líquido.  Nunca soubemos se fizera parte de um jogo completo com xícaras e tudo o mais.

Da forma como o fizeram, ele era um convite ao imaginário de qualquer menina.  

Vou tentar descrevê-lo: já falei sobre o telhado - onde apareciam as telhas.  A alça, numa das laterais, era um tronco de árvore torcido.  O bico, um tronco de árvore cortado, do mesmo calibre que a alça, na lateral oposta.  Tinha porta da frente larga, com alguns degraus e até porta dos fundos, para uma saída estratégica.  Várias janelas, retas em baixo e arredondadas na parte de cima, assim como as portas, sem cantos para que o mal não ficasse preso neles. 

Lembro bem, as janelas tinham pequenos losangos, cuidadosamente tratados para parecerem mesmo feitos de vidro, dois detalhes a mais, não se via o interior e havia parapeito florido nelas.  Algumas maiores, outras menores, que dariam à casa muita claridade.

Era revestida toda de tijolinhos, isso também dava para perceber.  Os requintes não paravam aí, da alça, do bico - quer dizer dos troncos, brotavam pequenas folhas.  Algumas trepadeiras em formato de hera, se enroscavam pela alça, do chão ao telhado.

Precisava alguma coisa mais?  Não!  Ele tinha tudo, para que o imaginário de uma menina, sonhasse em viver numa casa como aquela!

Enfim, como eu era a neta mais velha, ou porque talvez fosse quem mais gostava dele ... ele ficou comigo.  Mas como era muito bonito para ser conservado numa caixa, guardado - eu resolvi colocá-lo sobre uma estante vazada que tive, já na minha casa, num lugar privilegiado.  

Lá ele ficou, não sei por quanto tempo.  Agradava aos meus olhos, e sempre me fazia lembrar dos sonhos que ele me fez ter. Além do que, sem dúvida,  era uma peça única.  

Um belo dia, eu procurei por ele e não o vi no lugar de sempre.  Para minha tristeza, fui encontrá-lo atrás da estante, em pedaços, sem condições de ser restaurado.  Tenho dúvidas até hoje, sobre quem o teria destruído daquela forma.

Deu vontade de chorar, vi ali no chão, naquela hora, os cacos dos meus sonhos, que como todos os sonhos, são sonhados na intensidade em que queremos ... e vividos, segundo a realidade que nos é permitido viver.  28/04/18



Essa peça extraordinária existiu de verdade, significou mais do que pude transmitir. Seu fim foi exatamente esse.

sábado, 27 de abril de 2019

956




A DOR DE SORRIR

O que se diz:  'sorrir gasta menos do que ficar sério' - porque se usa menos músculos da face.  Isso é válido para as expressões faciais, mas para expressar nossas emoções e sentimentos, não.

Melhor sorrir, do que chorar!  Porém, ser algo mais fácil à economia dos gastos de energia, não quer dizer que o seja também para o espírito.

O que quero salientar aqui é: pode ser menos trabalhoso para o corpo; no entanto, para a alma que chora, é necessária uma força descomunal, para esboçar um riso externo, enquanto por dentro a lágrima teima em escorrer.

Cada um sabe da dor que vai dentro de si; mesmo que saia amarelado, cada um sabe do custo que tem um sorriso, aos músculos da face que querem se contrair em pranto; o quanto custa, represar o choro, quando as comportas querem romper!

Mas vamos por aí, sorrindo ou rindo, porque afinal, ninguém tem culpa da nossa vontade interna, ou é responsável pela nossa desdita, por escolhas que fizemos e continuamos a fazer dia a dia.

Pergunte ao palhaço, como ele se sente: quando deve fazer rir, e para isso aperta em seu próprio peito, a vontade de gritar, ou soluçar?  Carrega dentro, a tristeza que não pode deixar sair!  E ele o faz - 'rir' - também ri, ri de si mesmo, da sua infelicidade.  Não é isso que fazemos também?

Da próxima vez que vir um palhaço, preste atenção em seus olhos, se eles riem ou choram; porque na sua boca, ele sempre terá desenhado um arco côncavo, voltado para cima - falso ou não - enganará a quem quiser ser enganado, desde que não mire seus olhos.  27/04/19




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OS DEDOS E A MENSAGEM

Não ponha palavras nos meus dedos!
Esse corretor ortográfico, criado para ajudar e que complica a minha vida. Ele vive colocando 'palavras nos meus dedos', que não traduzem o que quero dizer., foi-se o tempo em que se colocava palavras na boca! Nesse caso, não se trata de um 'ato-falho' -
quando falamos de algo que queremos esconder, quando o desejo do inconsciente prevalece. Aqui temos, um típico caso de embargo da nossa liberdade de expressão.
É um não sei que de 'palpite' nas minhas frases, com mais uma razão para que eu tome muito cuidado.
É preciso que eu fique de olho, porque pode me fazer 'falar' coisas que não quero, causando minha exposição ao ridículo.
Felizmente, todos já se deram conta da interferência desse 'intrometido', então aprendemos a interpretar o sentido de acordo com o conteúdo da mensagem, na medida do possível.
No caso de 'dedo cego': quando troco as letras, é mais fácil adivinhar o correto.
Quando a palavra toda é trocada, aí fica por conta da correção posterior, caso a pessoa se dê conta da troca, senão, só Deus sabe como vai ser entendido! 27/04/18


arte | catrin welz-stein

sexta-feira, 26 de abril de 2019

955




LEMBRANÇA E SAUDADE

Ao rever velhas fotos, não posso furtar-me aos sentimentos que elas desenterram.  Não as chamaria de antigas, pois são de algumas décadas, apenas.  São os momentos para sempre imortalizados, vividos - ao vivo e em cores, bem nítidas.  Hoje, são apenas imagens gastas, de algumas lembranças, às vezes, esquecidas nas gavetas de pouco uso da nossa memória.  Nelas podemos comprovar, que os vivemos de verdade e que não são um produto sintético de nossa imaginação.  A vida não tira fotos, ela só se preocupa em viver ... e nesse afã, ela pode ser traída, pela 'vaga lembrança', adquirida por nós, depois de alguns anos.

Nos vemos mais magros, ou mais gordos, com cortes de cabelo diferentes, roupas estranhas para os dias de hoje, mas sem dúvida reconhecemos nosso rosto, com mais alegria ou mais tristeza, com mais sonhos ou menos iludidos!

Não têm a mesma cor, o mesmo brilho, definição, mas as emoções - elas guardam com muita exatidão.  Guardam também a presença das pessoas, que não estão mais ao nosso lado, nem nesse plano, matam um pouco da nossa saudade ou  a engrossam ainda mais.  26/04/19


FRASES | PENSAMENTOS | POEMAS __ CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE






"Mundo Grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.

Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande ..."




arte | solly smook


"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim."

__ do livro 'Corpo'

FRASES | PENSAMENTOS | POEMAS __ CECÍLIA MEIRELES





 "O vento é o mesmo,mas sua resposta é diferente em cada folha."
                                                                                  

“Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?”



954




JOGO

A casa silencia, as luzes se apagam. A consciência fala. Ficamos sós, com nossos sonhos e pesadelos, acordados e não. Tudo se aquieta e a gritaria é insuportável dentro de nós. O que fizemos com nossas vidas, o efeito delas em nós. O que se deu como planejamos e o que escapou de nosso controle, que achamos que tínhamos, mas nunca foi nosso. Uma escolha é um a escolha, é como um jogo de várias peças, onde uma provoca movimento em outras tantas, que fica difícil rever a jogada e saber onde exatamente erramos, quando o jogo mostra que estamos perdendo. Não podemos refazer as jogadas, mas podemos jogar correto daqui para a frente e tentar salvar o jogo. 25/08/09


[Este texto se encontrava perdido em anotações antigas, portanto hoje, ele recebe título e número!]

arte | brenda lima