760
SOL, LUA E ESTRELAS
28/08/18
Entre uma longa piscadela e outra, depois de uns momentos de calma e uma boa música, eu vislumbrei um caminho à minha frente. Não tenho certeza de que isso se deu, de olhos abertos ou fechados.
Não era um caminho muito iluminado, mas ladeado de archotes acesos à minha direita, que o clareavam à medida em que eu dava meus passos, de maneira que pudesse ver onde pisava, mas nada muito abrangente. Não podia vê-lo por completo, via apenas uma pequena porção dele, o suficiente para que pudesse pisar com segurança.
Cada passo - um dia ... cada archote - um sol. A lua e as estrelas, ficariam por minha conta, teria que conservá-las acesas dentro de mim.
É apenas isso o que temos, o que enxergamos, um dia da trajetória. Era o que a visão queria me mostrar, como que desenhando para mim, de um modo mais didático possível, que não preciso enxergar o caminho inteiro, porque na verdade eu só possuo um pequeno trecho dele, um dia, aonde eu e a minha cabeça podemos estar, onde meus pés podem pisar.
Podia sentir, conforme pisava, o chão se elevar e eu subia, ou baixar e eu naturalmente descia. Podia fazer uma curva à direita, ou à esquerda, com poucos trechos retos, porém eu nunca parava.
Eu sei que parti de algum lugar - o meu conhecido ponto de partida - então, eu sei que também chegarei a algum outro ponto, ou a vários deles, tantos outros por onde passar esse caminho.
O mais difícil não é caminhar dia a dia, nem fazê-lo com uma claridade limitada, é saber onde devo aplicar a minha coragem e onde deixar a minha aceitação. Quando é possível vencer, e quando não vale a pena lutar. Não quero desperdiçar esforço em batalhas alheias, apenas às minhas. Necessito da conquista da serenidade, para chegar à sabedoria da escolha.
O caminho que se mostra escuro e oculto à minha frente, não é o mesmo que deixo para trás. Posso ver que a distância que já percorri é toda iluminada e não é pela claridade dos archotes, parece-me que são os meus olhos enxergando melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário