segunda-feira, 12 de agosto de 2019

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A FIANDEIRA E SUA TEIA 
12/08/19

Uma teia de mentiras, bem feita, pode esconder uma verdade.  Em meio ao visgo dos fios translúcidos e bem tecidos, com aderência pegajosa ao simples roçar; sabemos que existe algo retido nos emaranhados geométricos e esféricos, mas o brilho dessa armadilha, engana aos olhos e camufla, o que ela realmente envolve no seu centro.  A fiandeira tece seus fios de seda, numa armação em forma de tela, tão sutil quanto forte, tolhendo os movimento da verdade, capturando sua eloquência e liberdade.

As mentiras são ardilosas, sem brios e sem limites, desde que seja para se manterem intatas, se apoderam das vestes da verdade: não se importando com o tamanho do seu manequim, nem com seu estilo; imitam seus trejeitos e assumem a sua identidade.

Uma mentira pode ser repetida um milhão de vezes e será sempre mentira.  Uma verdade pode ficar oculta por um milhão de anos, mas ao se dar à luz, será reconhecida por todos.

Uma verdade pode ser tomada e mantida, por um longo período num cativeiro, submetida a uma espécie de narcolepsia, a menos que pão e água, com seus direitos negados, se enfraquecer ou perder a noção de justiça.  Mas as teias não duram para sempre, e as mentiras trazem em si mesmas o germe de sua própria destruição, ao passo que uma verdade, ao recobrar sua consciência, será sempre verdadeira.



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