1036
O GENUÍNO E O ENGANOSO
06/08/19
Mil vezes a ausência da presença, do que uma presença ausente. Porque da ausência, não se tem nada a esperar, a não ser um vazio real e concreto. Já na presença que se ausenta, há procura e desencontro. Na tentativa de abraçar um reflexo, que não existe, enlaçamos uma imagem refratada nas gotículas de água do ar, incapaz de se sustentar por muito tempo. Nossos braços acabam por enlaçar a nós mesmos, a imagem não tem ouvidos, nem olhos, nem braços pra nos retribuir à procura.
Uma presença, se faz de todos os sentidos, por um desejo sincero de atender aos requisitos básicos. A presença tem como pensar: em como ela deveria ser; a ausência nem sequer tem cérebro.
No caso da ausência de fato, só nos resta chorar pelo buraco. Na presença falsa, o espaço se mostra preenchido, mas pode nos engolir, se acaso nos aventurarmos interagir com a imagem fictícia, pois da mesma forma que ela não abraça, não vê e não escuta, ela também não demonstra sentimento algum.
Um buraco vazio, é passível de se ocupar. Já um espaço, parcial e precariamente preenchido, pela falsa presença ... não! Pois só ela mesma pode completar-se, se assim o quiser ... ou ausentar-se de vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário