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A TERCEIRA METADE
21/09/19
Eu seguia no coletivo, admirando a paisagem bem grotesca das ruas, mas era a única disponível, que eu tinha para ser admirada. Um pouco mais à frente, alguns bancos, estava um senhor, lendo um livro, e eu curiosa para saber, qual seria o título. Num determinado momento, ele espreguiçou-se, de livro fechado na mão, então pude ver a capa e o nome do tal livro. De longe e bem rapidamente, pensei ter lido - o mistério da terceira metade - mas o nome correto era mesmo: "O mistério da terceira meia".
Tinha sido uma leitura falha, mas aquilo ficou na minha cabeça, durante todo o trajeto, na ida, na volta, depois ainda, de ter chegado em casa. Pensei dessa forma, que 'a terceira metade', seria um título bem original, para discorrer sobre ele. Porque às vezes, me acontece assim, uma palavra, fato, imagem, chama minha atenção, parece entrar no vácuo do meu pensamento, e de lá, não sossega enquanto não vai direto para o papel. Não havia nada formatado na mente, mas a ideia de uma terceira metade, me daria uma possibilidade de traçar um paralelo, em relação à procura do ser humano, em completar-se, erroneamente é claro.
Se somos duas metades, juntando-nos a uma terceira, o que acontece é, que acrescentaremos uma parte, que só nos causará problemas. Eu consideraria a terceira metade (na velha e ilógica teoria: "a outra metade da laranja"), como um método invasivo e desumano de nos relacionarmos, que nos faz perdermos nossa identidade. E tanto faz, ser a terceira ou a quarta metade, se quisermos mesmo efetuar essa fusão, a desidentificação será fatal.
arte | agnes cecile
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