terça-feira, 20 de agosto de 2019

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TIC-TAQUICARDIA
20/08/17




Quanta taquicardia cabe num instante de espera!!!  Dentro do minuto - mais que 60 segundos, dentro da hora - muito mais do que 60 minutos ... e ainda assim ... entre um sol e outro – não chega a dar mais que 24 horas!

A expectativa que enche os momentos de angústia, se arrasta em contas incontáveis de um rosário sem fim, deslizantes por dedos desesperados, orando pelos medos e misérias da humanidade – por seus passados e futuros – sofridos e sentidos no presente. 

Um tic-tac ... tec, toc e tuc – vários sons dentro do mesmo espaço.

Algo aconteceu à minha percepção – alterada na audição, na visão e na orientação espacial.

Pela minha imprevidência e insegurança, abrem-se brechas no tempo (ou ao menos assim me parece) ... e por elas escapa tudo aquilo que esteve guardado no passado.  

As criaturas místicas vêm me assombrar, algumas mostram a cara, outras não. 

Há aquela que me ataca pelas costas, passando uma ‘gravata’ no entorno do meu pescoço - posso sentir que sua massa física é grande e a sua força descomunal.  

Embora pareça ter mãos humanas, tento quebrar-lhes os dedos, torcendo-os ... mas eles são borrachudos e flexíveis e nenhum dano causo a eles ... só consigo gritar.

Sinto como se o tempo fosse feito de elástico – ele não é – mas muda sua consistência – fazendo uma pressão sobre o meu peito e tracionando a minha própria conformação física.  Isso é devastador, não sei dizer se o que sinto é falta de ar ou excesso dele.

Esperar é engolir cápsulas secretas – bolhas surpresa - que ora explodem e expelem ar ... ora abrem suas películas para sugarem o ar que respiro.  Algumas são cheias, outras vazias.  As que roubam meu ar, querem a minha morte ... as que despejam ar nos meus pulmões ... também provocam a mesma sensação ... porque o que expelem é um gás tóxico e desagradável.

E os meus pensamentos que já não eram muito confiantes ... ficam mais alucinados ainda ... sofro as agruras de uma tempestade magnética em minha mente.


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