sexta-feira, 28 de junho de 2019

209 __ PORQUE A BOCA NÃO PODE CALAR __ 28/06/16



No céu da minha boca
estrelas dizem que a estória ainda não acabou
balões coloridos cheios de mim
ultrapassam as nuvens e só não tocam as estrelas
porque ainda é dia e não posso vê-las!
São pequenos pontos “G”, em local indevido
onde dança minha língua solitária!

Os mesmos lábios que oram ... reclamam
beijam, bendizem, bocejam, blasfemam
... vociferam!

Tenho um oceano doce e cálido, que calmamente
transborda em transparência, quando falo de palavras bonitas
... são meus peixinhos amarelos, que chegam até a beira 
e mordiscam os meus pés.

Esse mesmo oceano pode ser tomado pela fúria
  virar substância ácida e corrosiva
e cuspir revoltado os destroços mais cortantes
... que dilaceram primeiro aos meus lábios!

Mas quando o mar é proibido de chegar à areia
ele se aproveita da escuridão da noite
e se retrai em silêncio - se esvaindo por um grande ralo
sumindo por completo numa maré baixa ... exagerada!

Deixa à mostra, as minhas menos de  ‘32 formações de cálcio'(*)!
Chega às profundezas da terra e lá se transforma ou se re_codifica!
E eu confio na minha memória!

Nas primeiras horas da manhã do novo dia, saio a caminhar pela praia,
sei que vou encontrá-los  ...  regurgitados um a um
em símbolos representativos de linguagem
de início, um tanto desconexos,mas depois de ordenados
... vão fazer todo o sentido!

O mar que recuou, reconquista agora
 um 'continente' de areia em forma de papel
... para escrever o que desejar!

E então...  a boca aprende a falar sem nada dizer
... porque a  boca não deve calar
sob pena do corpo morrer!
 (*) dentes

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