Dessa vez eu tive coragem, a mesma que me faltou em tantas outras ... e ainda me faltará, em momentos que eu sei, vou me arrepender por isso, de deixá-los passar.
Nessa vez não, estava à minha frente, era o que eu tinha para aquela hora, pegar ou largar, era precioso demais para permitir que se fosse ... e com a sua ida ... a ideia da oportunidade perdida, me atormentaria para o resto da vida. Eu preferi a saudade daquilo que aconteceu ... ao que ‘poderia’ - e eu não teria dado chance de acontecer. Já tinha muitos beijos e abraços que só ficaram na minha lembrança - porque nunca os dei, e deveria ter dado.
Simplesmente, fui eu mesma, deixei que os meus olhos falassem e a minha boca calasse, pois ela só diria coisas que contradiriam o que eles queriam e pediam.
Fico a imaginar, como teria me sentido - se tivesse me acovardado, à hipótese de ser rejeitada ou pelo medo das consequências ... e tivesse fechado meus olhos para que não fossem vistos e se tornassem os meus delatores, minha boca teria dito coisas sedosas ... ainda assim não convincentes, por serem nitidamente mentirosas.
Meu caminhar pela avenida principal daquela cidade, teria sido pesado, com vontade de buscar um atalho para fazer o trajeto de volta o e lhe pedir mais uma chance - que eu sei, que não teria. Eu iria querer voltar no tempo e não poderia - porque não voltamos no tempo.
As flores e os pássaros teriam visto uma pessoa apenas em corpo presente, mas de alma ausente, desprovida de vida, apenas alguém caminhando pelas calçadas, sem ver e ouvir nada além de seu arrependimento.
O tempo é uma espiral que passa por nós - ou nós passamos por ela - sem saber se devemos resistir ou nos entregarmos aos seus ventos e empurrões - seguir nossos impulsos, ou obedecer às nossas âncoras. O certo é que, nunca sabemos se nossos pés tocam o chão, se estão suspensos no ar, se perdemos a razão e seguimos o coração, ou se apertamos o coração e damos asas à razão.
Naquele dia, eu segui o meu coração, porque ele foi na frente - tomou a dianteira - mas surpreendentemente, chegando lá, ele encontrou-se com a minha razão.
arte | anne patay
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