sábado, 15 de junho de 2019

988 __ BICHO ACUADO  __ 15/06/19




Um grito rouco se embrenha pelo meu peito.  Sobe e desce a garganta, para voltar a se esconder, contido, sem sequer gemer um ai - nem sai, nem se cala.  Volta ao mesmo lugar, que teve origem.

A dor que me causa, em subir e descer,  não tenho como explicar, ou como precisar a intensidade, na escala do meu limiar, nem o nível de incapacitação que provoca.  

Cada vez que sobe até a boca e não sai, volta mais doído e frustrado. Qual bicho, que quer, precisa sair da caverna, comer, cansado da escuridão, do frio e almeja por um raio de sol.  

Cansado de friccionar pedras para fazer fogo, de deitar-se encolhido, sobre a palha seca.  Ele precisa de brisa, de relva, de claridade.  Ele quer encontrar uma fonte de água fresca, para matar sua sede, e depois disso, poder apreciar seu reflexo, na transparência abundante e tranquila de suas águas.


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