sábado, 4 de janeiro de 2020



1104 | AO SABOR DO VENTO | 25/12/19

De tudo o que os olhos veem, ou do que o coração pode sentir ... eles veem e sentem, muito mais, daquilo que está próximo.

Deitado de bruços, sobre a cama, tendo a minha face direita encostada nela, eu olhava a cortina que se movimentava, ao sabor do vento que soprava.

As dobras do tecido verde, iam e vinham, e eu imaginava, as ondas de um mar, subindo e descendo pelo casco de um barco.

Eu sentia as lágrimas escorrerem pelo canto interno do meu olho esquerdo, passavam pela parte de cima do meu nariz e se juntavam as lágrimas do meu olho direito.  Desaguavam na cama, bem debaixo do meu rosto.  Eu podia sentir a sua salinidade, ardendo em minha pele.

O barco ao qual eu tinha entrado, de espontânea vontade, me levava a destino ignorado.

Fechando os meus olhos, sentia as ondulações das águas do  mar, ao sabor do vento.  Estava eu, sobre o seu convés, ainda de bruços, sobre a face direita, a imaginar minhas lágrimas, indo se juntar ao grande mar salgado e verde, bem abaixo do casco.


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