sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

887 | PISCA-PISCA | 31/01/19




Sentei-me na lua, só pra observar o céu.
Estava escuro, mas não tive medo, era cheio de estrelas dependuradas, eu podia ver todas, piscando, em suas frequências e intensidades, como se cada uma tivesse uma quantidade diferente de luz, permitida pra gastar naquela noite.

Algumas eram meninas, outras já eram mulheres feitas, outras ainda, anciãs.  As meninas piscavam tão rápido, que eu não conseguia acompanhar.  As mulheres feitas, brilhavam de uma forma interessante, em intervalos precisos, como tentando me passar uma mensagem, em alguma espécie de código, ao qual desconheço.  Ao que me pareceu, elas literalmente davam longas piscadelas insinuantes pra mim.  As mais velhas, tinham um brilho um tantinho mais fraco, latejante, mas era preciso prestar muita atenção e perceber que também piscavam e eram senhoras de si.

Eu só olhava ao redor e acima.  Não me interessava olhar pra baixo.  Eu me senti um penduricalho opaco, no meio de uma árvore toda iluminada, em plena noite de Natal.

Era noite amena, em temperatura e vento.
A lua não era fria e até que macia ... vontade de descer eu não tinha.  

Eu me deixei ficar, bem confortável e em silêncio.  Enquanto não desse a minha hora de retornar, ficaria por lá, balançando as minhas perninhas no ar, porque o banco onde estava sentada, não podia ser mais alto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário