sexta-feira, 1 de novembro de 2019
1087 | DIGA-ME, ESPELHO MEU | 01/11/19
Desprovido de qualquer véu, eu vi teu rosto verdadeiro, pude delimitar seus contornos, não havia enfeites ou névoa entre nós, pairando ou obstruindo minha visão: a respeito da imagem pura, ou do relevo das virtudes e defeitos, escondidos atrás dela.
A convivência faz isso, olhar nos olhos, diretamente, decifrar pouco a pouco, os enigmas e as coisas ocultas, não declaradas e de uma certa forma, tidas em comum, que trazemos conosco, como herança de um passado longínquo e ainda desconhecido.
É no olhar do outro, sem lentes de acerto da refração, que descobrimos a nós mesmos. Foi no teu olhar, que vi, o que eu ainda não tinha visto sobre mim. Foi o meu melhor espelho, o mais perfeito, mais transparente e fiel.
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