sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


HÁ MAUS-TRATOS QUE NÃO DEIXAM FERIDAS NA PELE, MAS SIM NA ALMA!



Existem maus-tratos que não deixam marcas físicas, mas sim emocionais, abrindo feridas difíceis de cicatrizar e curar. Situações protagonizadas pelo domínio de uma pessoa sobre outra onde o desprezo, a ignorância ou a crítica são os principais elementos de um relacionamento.
Uma palavra, um gesto ou simplesmente um silêncio pode ser suficiente para lançar uma punhalada direta no coração. Um coração que vai se enfraquecendo pouco a pouco, ficando anestesiado diante de qualquer possibilidade de insurreição, porque o medo e a culpa foram instaurados.
Os maus-tratos emocionais são um processo de destruição psicológico no qual a fortaleza emocional de uma pessoa fica totalmente vulnerável.

Seduzir para prender
Esta é uma realidade muito presente em nossos dias e que não releva idade, sexo ou status social. Seja no casal, na família ou mesmo a nível profissional, todos podemos ser vítimas dessa situação em qualquer momento das nossas vidas.
O perigoso dos maus-tratos deste tipo são as suas consequências e a sua habilidade de passar despercebido. Os maus-tratos emocionais são um processo silencioso, tendo consequências devastadoras para a vítima.
O seu início é lento e silencioso, exercido por uma pessoa disfarçada de encanto com o objetivo de seduzir suas vítimas para aprisioná-las, especialmente em relacionamento de casal. Desta forma, a realidade que o agressor mostra é uma realidade falsa, cheia de promessas e desejos que nunca se tornarão realidade.
O agressor vai preparando o terreno para que a outra pessoa caia nas suas rédeas pouco a pouco, e consegue finalmente influenciá-la para dominá-la e privá-la de qualquer liberdade possível.

O poder do cárcere mental
O abuso emocional é um veneno potente que destrói a identidade da pessoa, acabando com a sua força emocional. Dá-se de uma forma indireta, através das grades furadas que deixam passar as insinuações que procuram culpar e instalar a dúvida nas vítimas.
A pessoa vítima de maus-tratos emocionais se encontra encurralada em um cárcere mental de invalidez e insegurança no qual a sua autoestima vai se debilitando pouco a pouco.

Assim, quando a vítima foi presa, o agressor começa a se revelar diante dela através do desprezo, das críticas, dos insultos ou mesmo do silêncio. Por isso, as marcas destes maus-tratos não são físicas e não há feridas visíveis na pele da vítima, porque ele se exerce através das palavras, do silêncio e dos gestos.
O dano causado nestas situações é tamanho que o medo de agir para se libertar muitas vezes é um impeditivo. O cárcere mental é tão sólido que a vítima entra em uma profunda situação de impotência, para a qual não vê saída.
As feridas invisíveis da alma
As feridas dos maus-tratos emocionais são chagas profundas que chegam até os cantos mais escondidos do interior da vítima. Não se veem, nem se ouvem, mas são terrivelmente sentidas pela pessoa que as sofre. Feridas ocultas para os outros, mas profundamente dolorosas para a pessoa que sofre.
As feridas criam um profundo buraco na autoestima da pessoa, quebrando qualquer julgamento positivo de si mesma.

São feridas originadas através do desprezo e de desqualificações que o agressor tenha direcionado à vítima. Feridas invisíveis e enraizadas no medo, na culpa e na dúvida que arrebatam a crença de qualquer possibilidade de agir para se libertar da situação na qual a vítima se encontra.
Estas feridas sangram não apenas em cada encontro, mas também diante da expectativa de que possam acontecer. O importante é que a pessoa não dê por perdida a possibilidade de sair da situação na qual se encontra, e que tenha em mente que estas feridas podem ser reparadas com ajuda.
Como reparar as marcas dos maus-tratos emocionais na alma?
Nestes casos, o fator mais importante é que a vítima possa identificar a situação na qual se encontra amarrada, onde carrega toda a possibilidade e culpa que o agressor lhe causou. Portanto, ganhar consciência de que nos encontramos em um processo de maus-tratos emocionais é o primeiro passo para a libertação.
Uma vez que saibamos onde estamos mergulhados, recuperar as pessoas que amamos e nos apoiar neles para que possam nos facilitar a saída desta situação contribuirá para que sigamos em frente. Pouco a pouco, com seus gestos de amor e carinho, podem ir preenchendo alguns dos vazios que tenham se formado em seu interior.
Além disso, procurar ajuda de um profissional especializado ajudará a começar a reconstruir a identidade e autoestima, para reparar todas essas feridas emocionais invisíveis que habitam seu interior. Assim poderemos nos reencontrar novamente com nós mesmos.
Reparar as marcas de maus-tratos emocionais na alma não será um processo simples nem rápido, mas sim complexo e lento. Contudo, a satisfação de voltar a se encontrar sempre valerá a pena.

Por fim, vale lembrar que cada um de nós também pode vir a causar feridas na alma dos outros quando desprezamos, ignoramos ou criticamos. As palavras e nossos gestos são uma faca de dois gumes que é preciso usar com cuidado…


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