Fragmentos 365
Perder-se
Ele parou na caminhada. Preferiu deixar como estava. E de estar parado, seus pés afundaram no chão. Num corpo grande, jaziam uma força e o temor de menino, o que fez com que suas pernas ficassem fracas e os braços se revelassem curtos.
Ela prosseguiu, porque o que a animava - não era a força
física - que lhe faltava - mas sim a determinação de chegar a um ponto, ao qual
havia estabelecido chegar.
Ela era maior do que ele, mas do lado de
dentro - e era o que contava. A sua visão mental era bem melhor do que a física.
A superfície era funda, e ele embora
soubesse nadar muito bem, não se aventurou a fazer o ‘mergulho’. Ele não tinha medo de afogamento, o seu medo
era de se perder.
Ela, sem dúvida também temia estar perdida, mas
no fundo sabia e intuía, que iria se ‘encontrar’ um dia - porque toda busca, tem recompensa - e sempre se chega em algum lugar melhor. E como já dizia a Clarice - "perder-se também é caminho".
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"Perder-se também é caminho" (Clarice Lispector)
Porque às vezes quando me perco, me encontro. E quando não me encontro naquele caminho, e tenho a coragem de perceber meu equívoco... Esforço-me pra olhar mais atentamente e enxergar que tudo que vivi até aquele instante, será em algum momento de grande valia. Hoje, olhando à minha volta, entendi o quanto é proveitoso descobrir que mesmo, por vezes, me perdendo em meus sonhos, sou afortunada, pois minhas ilusões emanaram de um desejo incontrolável de acertar.
Que cada sonho que possuí, brindou-me com o brilho nos olhos dos que se arriscam.
Porque há aqueles que tentam muito, e dessa forma, erram muito. Como há aqueles que não tentam nunca, e se vangloriam de nunca terem errado.
Eu escolhi não optar pelos falsos acertos. Escolhi não me espelhar naquelas pessoas que preferem perder-se nos sonhos alheios... Por não terem a ousadia de sonhar, de se entregar... de se perder, pra se achar.
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