Fragmentos 382
Rosa e Virgínia
Nuvens de algodão doce, lua
de marzipã ...
Um mar de gelatina lambeu os
castelos de areia feitos de dia!
Penso se Adeline, também Virginia (1)
... comeu a maçã - a
vermelha, a do amor!?
Comeu sim, e chegou ao
palito e o mordeu ... e sentiu seu amargor!
Se ela picou o dedo nos espinhos da
flor ...
E quantas vezes picou?
Muitas!!!
As duas murcharam - a rosa, por
fora ...
Virgínia, por dentro!
Fascinou-se pelo “farol” (2)?
Sucumbiu às “ondas” (3)?
Ela mesma falou sobre a morte:
“a única experiência ... que nunca
descreverei”.
A flor foi para o lixo e
Virgínia escolheu o fundo
do rio!
Das vozes de sua cabeça, qual
delas fez a escolha?
Pergunto: por quê?
Como pode acabar tão triste, o
que começou tão doce?
(1) Adelina Virgínia Woolf
(2) "Ao farol" - 1927
(3) "As ondas" - 1931
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