Fragmentos 374
‘auto – psicografia’
As palavras me desceram às mãos, porém este não é um caso de paranormalidade.                                                                                
Elas nasceram na cabeça e
encontraram a primeira porta – a boca – fechada, pelo lado de fora, com uma
tranca.  No início, não era assim.  A boca falava, cantava, rezava ...  Agora só reza!
Passaram pelas janelas da alma – os
olhos – tentaram quebrar o vidro, mas não tiveram força pra tanto.  Elas apenas fizeram sinais de luzes com velas
- à noite; e usaram espelhos pra refletir o sol, acenaram com panos – de dia ... mas ninguém percebeu que
estavam ali, cativas.
Espero que as minhas palavras,
depois de serem escritas no papel, tenham mais peso e força, tenham se  tornem mais concretas – eu as entrego à
posteridade, à assertividade e à imortalidade. 
Nãos serão mais – só minhas.  Espero que um dia, venham a ser de domínio público.
Quando de mim, só restarem as
palavras escritas - alguém que porventura as venha ler, talvez as compreenda.  O que quis dizer e por quê.  Quem sabe esse alguém, tenha tentado falar e lhe taparam a boca por fora.
As palavras, elas tinham que sair de uma forma ou
outra.  Se permanecessem na cabeça – me enlouqueceriam.  Ficariam secas, se - se esquecessem grudadas ao
vidro, esperando serem vistas.  Se
ficassem retidas, por mais tempo à porta fechada – certamente - me
estrangulariam.

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