sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017


Aos carnavalescos ... muita folia
aos cansados ... sossego!
Eu quero sossego!
Até a volta!









Fragmentos 389




mark spain


Vida em prosa  


‘Villa Bellagio’, 
é um espaço comercial numa cidade do interior de São Paulo.  Cada vez que ponho os meus pés dentro dele, 
eu deliro ou alucino - não sei ao certo. 
Eu me sento ali, e se me deixassem,  ficaria por lá horas a fio.   
Aplico ao local, algumas modificações, de  tempo, 
de espaço, da geografia e mudo totalmente sua utilidade.  
Eu o transformo numa vila, das antigas, onde as famílias numerosas viviam, com todos os parentes juntos, mais os agregados que por ventura viessem se juntar a elas.  
Muito pouco do que vem a seguir é real,
mas não saberão quanto!





A moça arrasta pelas lajotas de terracota, a barra de seu vestido, que passa do chão.

O pátio está todo preenchido pela vegetação verdíssima, deitada pela terra, dependurada, ou empoleirada ... em arbustos, nas rasteiras, em vasos presos ao chão ou apenas esquecidos nos parapeitos das janelas abertas.

Sem perceber, em algum momento, o fino tecido de suas vestes ficará roto de tanto que ela caminha e o arrasta pelo chão grosseiro.  Ela se deixa absorver pela leitura que detém nas mãos, que de tão interessante, impossibilita que seja lida, sentada ou quieta numa rede.  Algo do que lê, provoca dentro dela, uma disposição inata de se mover, tal é o efeito que lhe causa.

A construção também é da mesma cor, com um espaço interno e quadrado, no centro da casa. O prédio possui inúmeros aposentos, os superiores, acima das salas e mais salas, com outros espaços de convívio comum, todas as janelas dão para esse patio.  Aquela hora do dia, tudo está sereno, não há barulhos, nem de utensílios domésticos sendo utilizados, nem de serviçais, moradores ou da própria fonte que jorra água, agora bem de mansinho para não atrapalhar sua leitura.

Em algum momento ela pára e se senta na beira da fonte para apreciar os peixinhos coloridos brincalhões.  E é nessa hora, que a água cai com mais intensidade, como para se exibir.   Pingos chegam a espirrar sobre a capa do livro fechado, sobre seu nariz ... e fazem o arco da velha sobre ele.  Um peixe ou outro mais robusto e corajoso, dá um salto para fora dágua em busca de alimento, talvez imaginário – a moça não vê, primeiro se assusta e depois acha graça.

Ela fez uma pausa na leitura, para poder absorvê-la melhor, em pequenas doses, e estabelecer uma possível relação entre a poesia lida e a sua vida em prosa.

Bem ao fundo, se vê um cão deitado debaixo de um dos bancos.  Alguém em silhueta sentado nele, tricotando ou bordando, não dá pra ver, estão à sombra e a iluminação não ajuda.  Mas isso não interfere na movimentação da moça, nem na sua leitura ou nos seus pensamentos, que enquanto lê, não estão ali.

Vai retornar ao seu círculo imaginário, porque o espaço é quadrado, à sombra, debaixo dos aposentos superiores.  Vários bancos estão dispostos aqui e ali, mas a ela não interessa sentar.  Dessa vez, vai andar em sentido anti-horário, porque esteve até agora, no horário.






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Daisy Chain - Animated Film narrated by Kate Winslet









O vídeo anti-bullying infantil que está conquistando o mundo
“Daisy Chain” nasceu como uma história de embalar e em três anos tornou-se um dos livros interativos de maior sucesso na Austrália. E também um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet.
O australiano Galvin Scott Davis começou a notar algo diferente no seu filho, Benjamin. Sempre que chegava da escola, o menino ficava mais calado e não tinha a mesma motivação que antes. “Ele estava mais reservado e descobri que tinha sofrido bullying na escola. Não foi um caso muito grave, mas foi suficiente para que perdesse a confiança”,contou ao jornal The Guardian.
Para reconfortar o filho, Davis decidiu contar-lhe uma história de embalar de alguns dos livros infantis da vasta coleção que tem em casa, mas não encontrou nenhuma história apropriada para aquele momento. Então, decidiu inventar uma. Assim nasceu a ideia para “Daisy Chain”, um conto sobre uma menina chamada Bree Buttercup, que é perseguida por outras crianças quando tiram uma fotografia dela e a colocam em todas as árvores do parque. É o próprio Benjamin quem ajuda Bree a combatê-los usando uma corrente de margaridas, a sua flor favorita.
Num período de 3 anos, a história deixou o quarto de Benjamin para tornar-se um dos livros interativos com o maior número de downloadsna Austrália. Depois, foi feita um curta metragem com a narração da atriz Kate Winslet, que está a ser utilizado por grupos anti-bullying na Austrália, Estados Unidos e Reino Unido para a consciencialização das crianças nas escolas.



Fragmentos 388




__________________________ Parâmetro

Narciso não vai gostar
se o espelho não lhe mostrar
a imagem,  à semelhança
de seu próprio rosto!
A verá, com certo desgosto!
Despertará desconfiança!
Incapaz dos joelhos, fletir
à face que lhe vier desmentir
... a perfeição e beleza
... sua suposta realeza!
Feio -  será por não refletir
a sua face - a de um deus
digna de enfeitar camafeus!





'UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO'
26 - "PALAVRA"







“Palavra é a ponte onde o amor vai e vem”


Como traduzir sentimentos em palavras iguais?  Se sentimentos são - em si - coisas tão diferentes?  Cada coração sente de maneira própria, e ainda que dois deles, sintam de maneira idêntica – se expressam de formas diferentes.  Alguns se permitem sentir, outros não - e isso mascara o sentimento.  Não existe uma escala de correspondência para as ‘formas de sentir’, nem criaram até hoje, ‘formas de sentir universais’.

A palavra é o ‘emissário’ encarregado de levar a mensagem de um coração a outro - é a ponte em que transita toda a emoção ou a falta dela.  Parte da boca que a articula, até chegar aos ouvidos que a ouvem.

Uma vez, a palavra lançada no ar - uma flecha atirada - ela vai encontrar ‘eco’ no coração do outro.  Significa também que, deverá refletir na tela mental do outro, a imagem que a boca tentou traduzir do seu próprio coração, mas nem sempre – e quase raramente – conseguimos nos comunicar de maneira clara.

Ao sair pela boca, estará levando as impressões captadas pelo sentimento de um coração, devendo chegar a outro sem ‘ruídos’.  Quando isso não acontece, se por alguma razão - a palavra que sai, não é a mesma escutada por quem a ela se destina - localizamos um ‘ruído’.

Alguns ruídos não são tão detectáveis, e isso é um outro assunto.   Outros são fáceis de limpar/filtrar, desde que se tenha boa vontade.

Em nossa mente existe sempre “uma história única”(1),  e mantemos nossos ouvidos fechados a uma possível versão diferente.  No fundo, sabemos que entulhada no meio das tralhas que guardamos – existe essa hipótese de estarmos de posse de apenas uma fração da verdade – talvez seja por essa razão que defendemos tão veementemente a 'nossa parcela da verdade'.

Uma comunicação que não se deu adequadamente,  pode ter outras razões.  Me ocorre por ora, que a falha possa se dar por uma falta ou equívoco de vocabulário, e não pela simples ausência de sentimento!


(1)   Termo criado/usado  por Chimamanda Ngozi Adichie  escritora nigeriana
O lobo sempre será mau se só ouvirmos Chapeuzinho Vermelho



Nem tudo que ouvimos é verdade. Sabemos disto e portanto precisamos nos acostumar à incerteza que isto produz. Somos conscientes de que por trás de palavras amáveis às vezes se escondem interesses obscuros ou manipulações perspicazes. Por outro lado também sabemos que não é bom confundir a verdade com a opinião da maioria.

Filósofos clássicos como Platão e Aristóteles definiam a verdade como aquilo que corresponde à realidade. Agora o verdadeiro problema está em que a verdade é como um cristal com muitos lados que pode ser analisado de diferentes perspectivas. A minha verdade não será igual a sua, porque eu vejo o mundo através da minha experiência pessoal, das minhas emoções e das minhas tendências.

Nem tudo que ouvimos é verdade, mas costuma-se dizer que a verdade sempre triunfa por si mesma porque a mentira precisa de muitos cúmplices.

Com freqüência ouvimos essa expressão que diz “o lobo sempre será cruel se só ouvirmos Chapeuzinho Vermelho” e, se bem é verdade que não é bom dar por certa uma opinião ouvindo apenas uma voz, às vezes uma única pessoa abriga em si mesma uma verdade autêntica. Portanto, é necessário saber intuir e discernir o simples barulho da nobre franqueza.

O inquietante problema da verdade em tudo o que ouvimos
Chimamanda Ngozi Adichie é uma jovem escritora nigeriana de grande sucesso graças a livros como “Meio sol amarelo”. Em muitas das suas palestras ela costuma falar de um conceito interessante que denominou de “o perigo das histórias únicas”.

Adichie comenta como é angustiante ter que lidar com determinados discursos minoritários capazes de influenciar as grandes massas sobre aspectos que nem sequer conhecem. No seu caso, precisa corrigir todo dia aqueles que pensam que Nigéria é somente um pais de leões e girafas habitado por povos primitivos e selvagens.

·         As pessoas costumam ter a sensação de que as ideias que mantemos e defendemos são A VERDADE e que chegamos a elas por acaso.
·    Na verdade, tais construções psicológicas estão determinadas pelos ESTEREÓTIPOS assumidos e por tendências de valor adquiridas quase de forma inconsciente por muitas dessas “histórias únicas”.
·      É preciso saber reconhecer todas essas verdades impostas, esses estereótipos que internalizamos, e compreender que a nossa realidade é feita de vários pontos de vista, vozes e casos peculiares que levam em si mesmos a beleza dos nossos mundos.

Embora a verdade seja diminuta, continua sendo a verdade
Talvez somente Chapeuzinho possa nos revelar as más intenções do lobo, talvez somente ela levante a sua voz sobre o resto, mas como acontece muitas vezes na nossa sociedade, a verdade sempre costuma estar no coração da minoria. A falsidade, por sua vez, defendida pelas grandes massas, é mais fácil de ser assumida, pois “nos torna pessoas comuns”.

O perigo do conformismo
Solomon Asch foi um célebre psicólogo que, através de suas experiências sociais, demonstrou que nos deixamos influenciar pela opinião da maioria mesmo que esta esteja errada e o fazemos por simples conformismo.

Por trás desse comportamento tão comum em muitos dos nossos contextos sociais está na verdade um instinto ancestral do ser humano, esse que nos serviria para não sermos excluídos ou marginalizados da “grande massa”. Para nossos antepassados, sentir-se isolado implicava às vezes a “não sobrevivência”.

O poder dos grupos pequenos
Temos certeza de que depois de ler estas explicações você pensará que o problema de tudo está no peso dos grandes grupos sociais (políticos, mídia, grande organizações ocultas…), aqueles que nos fazem assumir certas ideias como certas quando na verdade não o são.

Agora, os psicólogos Tajfel, Billing, Bundy e Flament (1971) definiram o que se conhece como grupo mínimo para explicar como muitas vezes nossos próprios “micro mundos” familiares, de amizade ou de trabalho nos transmitem suas preferências, suas ideias e estereótipos de uma forma tão sutil, que os vamos integrando quase sem perceber.

A verdade está dentro de você
Pensar que a solução para os nossos problemas, assim como a verdade de todas as coisas, está no nosso interior é sem dúvida um pouco complicado de reconhecer. A nossa mente está cheia de preconceitos, medos e atitudes limitantes misturadas, por sua vez, a esse barulho exterior que a vida moderna nos traz.

        Segundo vários textos da Grécia Antiga, no templo de Apolo em Delfos havia uma frase inscrita que sobreviveu ao passar do tempo. Era a seguinte: “Conheça a si mesmo e você conhecerá os deuses e o universo”.

  Estas palavras nos dão um exemplo claro do que implica o autoconhecimento: é ter uma forte autoestima para saber procurar a nossa própria verdade sem cair no conformismo. É saber ouvir e empatizar com os outros para compreender o próximo assim como compreendemos a nós mesmos, e entender assim a realidade de tudo que nos rodeia. Sem medos e com sentido crítico.

A verdade está pensada somente para os corajosos, para os que ouvem, para os que se atrevem a perguntar e para aqueles que, com coração nobre, desejam conhecer a sensibilidade deste mundo.


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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017


Fragmentos 387




Dança do fogo


Rodopio em torno da fogueira, no meio da noite apagada e sem luzes.  As chamas tremulantes tentam flutuar em direção aos céus para iluminá-lo. Ouço os estalidos da madeira dilatada - ela grita antes de queimar - debaixo das línguas de fogo.  Tudo se funde numa coisa só - o chão, a madeira e as chamas crepitam em direção ao breu.

A música é mágica e não me permite aquietar, me incita a girar sobre meus pés descalços, honrando a todas as  mulheres que vieram antes de mim e  as que virão depois – a elas e as suas saias longas, seus ventres e seus fogos internos.  Numa espécie de transe, eu me deixo levar pelo ritmo e pelo brilho quente tão próximo de mim. Entreguei meu corpo aos sons. Percebo como é bom ... fazer parte da noite fria, do encantamento do fogo, do choro da madeira.  A dança primitiva dos nossos ancestrais - e o que ela me faz sentir  e ver - virarem  cinzas,  aquilo que não quero mais.

Tenho meus cabelos soltos e esvoaçantes sobre meus ombros, que se tornaram suados pelos rodopios, e pelo calor, e pelo ardor de meu ventre.  Sinto o amor, num movimento de subir pelas minhas pernas, passar por mim, por dentro de mim - ele se detém um pouco mais de tempo em minhas entranhas ... e depois, e só depois, me escapar pelos braços ... para então retornar às minhas mãos e percorrer novamente o meu corpo, até entregar-se ao chão.  Sim ... nessas subidas e descidas, acaba deixando um tanto dele comigo.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Fragmentos 386




Até nunca mais


As minhas desesperanças iam ficando pelas laterais da estrada de ferro.  Iam se deitando entre os pedregulhos e as florzinhas que teimavam em crescer no chão inóspito.  Eu deixava pelo caminho, uma bagagem que não queria levar comigo.  Quanto mais de peso ficasse por lá - menos pra carregar - embora soubesse que nunca esqueceria a dor que senti.  Se existe algo em mim que é bom, é a minha memória celular - das coisas boas e das ruins também, infelizmente.

Estava fazendo o caminho de volta, sem um posterior retorno.  Esperava não mais voltar a pisar aquele chão.  Não pretendia rever aquelas pessoas, que antes haviam me avistado como um sujeito altivo de expectativas, e que agora fazia o caminho inverso, se sentindo diminuído de tamanho - parecia que eu tinha secado, algo em mim realmente secara. Uns centímetros a menos, uma cicatriz a mais. Não tinha lágrimas, nem suava mais, embora fosse uma tarde fria de outono.  Tinha ido àquela cidade para secar minha alma, é assim que se fica velho.

Eu vi, a torre da igreja, ficando pequena, a medida que o trem se afastava.  Tudo ia passando pelas janelas sujas e embaçadas, ficando no passado. As casas, os varais, as praças, o circo, os animais, as plantações, até não mais se assemelharem com o cenário em que tudo se deu - onde eu enterrei o meu sonho - sob uma lápide muda e impessoal, sem flor, sem sombra, sem uma prece ... e agora sem nenhum pingo de choro.




Fragmentos - 385




O segredo do relógio


O terceiro ponteiro, bem que poderia ser o bode expiatório da minha estória – de tudo o que não se deu,  ou não se passou a contento.  O responsável pelos atrasos ou adiantamentos, quando esperávamos exatamente o contrário.  Esse pequeno ponteiro, tão ágil e franzino, seria o culpado pelo mau funcionamento dos ‘tics’ e ‘tacs’ desordenados do relógio.
Apesar de não vê-lo, porque nem sempre o colocam nos mostradores, é ele quem faz o trabalho pesado – o de marcar o tempo segundo a segundo – o cavalo que puxa a carroça pesada. 
Os dois outros, só vão cedendo aos poucos,  à força que o menorzinho faz.  Cada um com seu ritmo, como se diz - a ‘seu tempo’ - expressão bem apropriada nesse caso.
O que se encarrega de marcar as horas, é o mais lento, e o que dá menos voltas durante o dia.  Por ser mais gordinho, mais pesado, maior resistência apresentaria? Sendo mais baixo, atarracado ao chão ... quero dizer à parede, ou ao mecanismo das engrenagens – seria essa a razão?  Seria por isso?  Talvez seja pelo fato de ser o mais velho dos três!  Mas depois eu penso melhor, e chego a conclusão de que todos tem a mesma idade, nasceram no mesmo dia, mas diferem apenas na forma de se expressarem, de acordo com as suas naturezas.  Existe uma equivalência entre eles: 1 = 60 = 360.
O representante da ‘classe’ dos minutos, esbelto e atlético, responde melhor aos puxões ou empurrões. E aqui cabe uma questão -  não sei bem ao certo ... porque às vezes acho que o ‘terceirinho’ se desatrela da parelha da frente ... pra poder dar umas ‘bicas’ nos outros dois, e encorajá-los - pra que deem passos devidamente dentro do compasso ... quando não, os segura pra que não andem tão rápido.

Dizem que cada relógio marca a hora que quer ... acredito que não seja bem isso, nada é tão simples.  Ninguém imagina, o que se passa entre esses três!  Sem dúvida, fazem parte de um relacionamento não humano, mas muito complexo, estão presos ao mesmo eixo, giram em torno dele, dentro do  mesmo mostrador(casa); mas pensam, reagem e têm personalidades diferentes.  Cada um encara a passagem do tempo de uma forma, porém todos envelhecem juntos.




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A Alma em Terapia








Nosso propósito interior é despertar. Simples assim.
Nós o compartilhamos com todas as pessoas do planeta porque esse é o desígnio da humanidade. O propósito interior de cada indivíduo é a parte essencial da finalidade do todo - do universo e da sua inteligência emergente.
Por outro lado, o propósito exterior pode mudar ao longo do tempo. Ele varia significativamente de pessoa para pessoa. Encontrar o propósito interior e viver alinhado com ele é o alicerce para a satisfação do propósito exterior. É a base para o verdadeiro sucesso.


Eckhart Tolle
Seu filho é o seu reflexo: crianças tendem a repetir comportamentos que vivenciam






Alerta vermelho aos papais e mamães de plantão: especialista confirma que crianças reagem emocionalmente à forma como são tratadas e tendem a reproduzir o comportamento que vivenciam. Ou seja: os pequenos realmente seguem o exemplo que você dá a eles. E quando o assunto é tratativa, todo cuidado é pouco para evitar traumas e influências diretas na personalidade das crianças.

Educação autoritária
Criar os filhos de forma repressiva, violenta, sem diálogo, com pouco espaço para negociação e com imposição sem vontades pode levar a diversas consequências na personalidade dela depois de adulta, como explica a psicopedagoga Maira Sombatti, da clínica pediátrica Casa Curumin.


O modelo de educação que a criança vive, que envolve toda a rede familiar (mães, pais, irmãos, etc) e também o ambiente escolar, vai refletir diretamente no comportamento dela. “Se ela tem pouco espaço para entender o que acontece, por que acontece e como as decisões são tomadas, ela pode ficar mais intransigente”, aponta Maira. “A criança reage emocionalmente à forma com que é tratada e tende a reproduzir o comportamento que viveu”.

A criança também pode reagir se fechando para o outro, como maneira de proteção, e seguir assim durante a vida adulta também, se tornando uma pessoa de convívio difícil, que não observa o outro e que não faz questão nenhuma de aprender com a experiência alheia.

Como perceber?
Nem sempre é fácil perceber quando o autoritarismo está sendo utilizado como forma de criação.

A especialista lista algum dos comportamentos que podem decorrer de uma criação autoritária, como por exemplo, crianças que crescem sentindo medo e que obedecem apenas por causa do medo da punição e não por respeito e entendimento do que está sendo imposto. “Ela não aprende de forma consciente e contribui por motivos legais”, conta.

É só pensar: Meu filho está feliz? Estou incluindo ele em algumas decisões? Ele é espontâneo? Consegue criar por conta própria? Brinca livremente? Tem muitos medos? Tem dificuldade de tomar iniciativa? Tudo isso pode ser sinal de que a educação está sendo autoritária demais.

Muitas vezes, as formas autoritárias são reproduzidas automaticamente, sem intenção. “Tem coisas que a gente não percebe”, aponta Maira.

Intervenções mais rápidas, porém, são necessárias quando há uso de violência física. “Mas cada um precisa avaliar e sentir a necessidade de procurar ajuda, um espaço para refletir junto, seja com um especialista, com um amigo, com alguém da família”. Maira indica uma leitura sobre o tema para entender melhor, “Educar Sem Violência – Criando Filhos Sem Palmadas”, de Lígia Sena e Andréia Mortensen.

É importante lembrar que a criança tende a repetir modelos e isso não acontece necessariamente da forma como a gente acredita. “É um desafio desconstruir esse modelo de educação autoritária. Mas é necessário trazer isso para a consciência, para conseguir transformar o modo de criação, para educar melhor”, completa.




Fragmentos 384

jamie heiden


Eu por mim mesma   

É inútil tentar fugir ou resistir.  Não se trata de ‘matar ou correr’, se trata de seguir pelo túnel - tenha ele luz ou não ... façamos em nós - a luz, ou não. 
É o momento em que nos vemos agindo, dissociados da nossa vontade.  A ‘criança’ fora colocada em nosso colo, para ser cuidada, e só de nós depende, que sobreviva ou não.  É a coisa mais clara então, depois que um ‘nevoeiro de ideias’ se dissipar sob nossos olhos.
Usarei minha eloquência para convencer a mim mesma, porque em verdade, falo o que penso mas não controlo o que o outro entende, mas devo ter um controle perfeito do que falo para mim mesma e o quanto entendo.

Eu me refiro a algo em específico, mas as mesmas palavras servem para descrever qualquer situação em que - fizemos de tudo para modificá-la, para que fosse diferente - e mesmo assim ela continua desconfortável para nós.
Não há escolha, é seguir em frente, e só seguir em frente, sem possibilidade de volta – como se a escolha já tivesse sido feita anteriormente por nós mesmos. É um ‘cabresto invisível’ muito mais eficaz do que qualquer um feito com rédeas de couro.   É o exercício da aceitação.  É usarmos nossa energia para ir adiante apenas, quando para qualquer outro movimento – que não seja à frente – nossos músculos ficarão paralisados, se recusarão em obedecer-nos.
É inútil esperar pela ‘cavalaria’. Ela não virá, nesse caso não existe.  Há só eu e eu.  A questão passa a ser essa - fazer o que tem que ser feito – e qual a melhor forma de fazer.